27/11/2018

Um estranho no espelho


Há mais de três décadas, sempre perto dos finais de tarde, eu tinha o hábito ir até a biblioteca municipal da minha cidade para ficar ‘folheando’ algumas obras. Enquanto os meus amigos, após o serviço, iam direto para os barzinhos ou butecos da vida, o rato de biblioteca, aqui, se enfunava no meio dos livros para mergulhar em viagens fantásticas que só alguns enredos tinham o poder proporcionar. No final, sempre levava um livro para ler em casa.
Foi naquela saudosa biblioteca, onde hoje funciona a Companhia de Polícia Militar, que ‘peguei’ gosto pelos livros de Sidney Shelson. Ainda me lembro que havia uma coleção de uns 10 livros do autor, a qual acabei devorando toda. Pois é, “Um estranho no espelho”, fazia parte dessa coleção. Gostei tanto do livro que acabei relendo-o outras vezes, sendo a mais recente no mês passado.
Discordo daquelas pessoas que consideram essa obra uma das  menos famosas de Sheldon ou então uma das mais fracas. Nada a ver. Pelo menos para mim, “Um estranho no espelho” é fantástico.
Os personagens Toby Temple e Jill Castle representam o bem e o mau, o lado médico e o lado monstro. Toby é o egocêntrico narcista, metido e insensível. Ele se considera um rei e por isso, pode fazer o que quiser com as pessoas e quando quiser. Por sua vez, Jill é a mocinha que sofreu, foi enganada e humilhada por todos, mas mesmo assim, agüentou firme, sem revidar.
Ao descrever a história dessa maneira, a impressão que fica é que o enredo desenvolvido pelo autor não passa de algo caricaturesco. Mas acontece que esse “autor” se chama Sidney Sheldon e por isso, o que você pensa que se transformará num dramalhão simplório, acaba cedendo espaço à uma trama cheia de surpresas e reviravoltas.
Em determinados momentos da história, Toby passa o cetro da maldade para Jill que se transforma numa pessoa ardilosa, falsa e maquiavélica. E assim, lá vamos nós, leitores, trocar novamente as nossas convicções moralistas, achando que Toby é o santo e Jill, a algoz. Esta dubiedade acontece com freqüência na história e é ela que faz com que “Um Estranho no Espelho” se torne um livro fantástico, daqueles difíceis de largar.
A obra foi escrita em 1976, logo após o mega sucesso “O Outro Lado da Meia-Noite”, e conta a história de um famoso comediante, Toby Temple, casado com uma aspirante a atriz, Jill Castle.
Temple, o comediante de maior público no cinema e na TV, desde criança sabia que seria famoso fazendo as pessoas rirem. Então, sem dinheiro algum, mas com muita força de vontade, tenta desesperadamente entrar para o hall da fama.
Por outro lado, Jill Castle, uma beldade sensual, era uma menina pobre, filha de uma costureira, que sempre invejou a vida que levavam as crianças ricas. Sua mãe era uma fanática religiosa, que considerava o sonho de sua filha ser uma estrela de Hollywood, um pecado. Mas Jill não desiste, e foge de casa após uma decepção com seu namorado.
Imagine só o que acontecerá quando a vida dessas duas pessoas se cruzarem.
Achei o final bem down. Um dos mais melancólicos que já li.
Confiram, vale a pena! Um grande livro.



24/11/2018

Um Passe de Mágica


Eu estava em dúvida se lia o livro de William Goldman ou se assistia ao filme com Anthony Hopkins. No final, optei pelo livro que serviu de inspiração para a produção cinematográfica de 1978 com um Hopkins ‘quarentão’ e ainda lutando para se firmar nas telonas.
O livro é bom. Vejam bem, eu disse bom e não ótimo ou excelente. A história de um ventríloquo famoso que passa a ser aterrorizado pela sua própria criação, ou seja, um boneco, consegue prender a atenção, mas somente a partir do meio do romance, já que o início é um pouco morno. As páginas relacionadas a infância e juventude do ilusionista e ventríloquo Corky Withers são ‘arrastadas’, evitando que a leitura flua normalmente. Com isto, o leitor acaba se cansando, mas a partir do momento que o boneco Fats entra em cena, o contexto muda radicalmente.
Êta bonequinho maligno! Sem contar que o boneco é o próprio Corky. Explico melhor. O boneco não tem vida própria. Isto mesmo. Quem dá vida ao boneco é o seu dono: Corky, o ventrícolo e ilusionista. Por isso, o enredo não tem nada de sobrenatural, se encaixando com perfeição no gênero suspense ou quem sabe, forçando um pouco a barra, na categoria terror psicológico.
Corky é um ilusionista com uma carreira pontuada por fracassos. Além de tímido, suas mágicas simplórias não despertam o interesse das plateias nos lugares onde se apresenta. Com isso, ele acaba tornando-se motivo de chacotas e gozações. Tudo muda a partir do momento que l personagem começa se apresentar com um boneco, o qual pôs o nome de Fats.  A partir daí, o sucesso e a fama transformam Corky num dos artistas mais disputados do show business e também da televisão.
Filme "Magia Negra" (1978), com A.Hopkins, baseado no livro de Goldman
Porém, aos poucos, Fats começa a assumir o comando da personalidade de seu dono, passando a ditar certas normas e gerando uma série de problemas, alguns muito graves.
O embate psicológico entre Corky e seu alter ego Fats chega a ser perturbador em alguns momentos. A história esquenta a partir do momento que o ventríloquo resolve visitar a pousada de uma antiga paixão que ele viveu na infância. Os fatos que rolam a partir desse momento são muito tensos e certamente também deixarão os leitores tensos.
Acredito que se o início da história idealizada por Goldman tivesse o mesmo ritmo do meio para o fim, o livro poderia ser considerado excelente, mas...
Ok, Ok, não fique desanimado, porque apesar desse detalhe, vale a pena você ler “Um Passe de Mágica”.
Inté!

21/11/2018

O Judoka é relançado em edição luxuosa pela AVEC Editora

Na semana passada ao verificar o meu Email quase tive um troço. Fiquei entusiasmado, alegre, exultante, sei lá; o que posso dizer é que adorei a notícia recebida. Afinal de contas estava relacionada com um de meus heróis preferidos e que marcou a minha adolescência. Estou me referindo ao Judoka (veja mais sobre o herói aqui). Este singularizou tanto a minha geração que com o passar dos anos, os seus gibis acabaram ganhando o status de cult. Não só os gibis, mas também o filme de 1972 com Pedrinho Aguinaga, que apesar de ter recebido uma saraivada de críticas na época de seu lançamento, hoje é considerado não só um produto cult como também raro. Portanto, se você tem essa película, não desgrude dela nem mesmo quando for tomar banho. Quanto aos gibis, apesar de estarem seguindo o mesmo caminho do filme, por enquanto ainda podem ser encontrados em alguns sebos.
A notícia bombástica que recebi e motivou todo esse entusiasmo foi o retorno do Judoka, agora com uma nova roupagem. Verdade galera! Depois de quase 50 anos, a fera imbatível do judô está volta.
A AVEC editora teve a feliz idéia de reviver este clássico dos quadrinhos nacionais, relançando a graphic novel do “O Judoka” com arte de um dos mais consagrados artistas brasileiros, Floriano Hermeto de Almeida Filho (FHAF). Ele foi o desenhista da sétima aventura em quadrinhos do herói, intitulada “A Caçada”, lançada em maio de 1970. Na época, Floriano Hermeto, um jovem e desconhecido artista gráfico causou um enorme frisson no mercado, realizando mudanças importantes no personagem, dando mais consistência ao roteiro, além de fazer uma brilhante releitura da estrutura visual de suas histórias. Com o seu traço arrojado e inovador, que lembrava o estilo moderno de desenhistas internacionais como Jim Steranko e Guido Crepax, “O Judoka” alcançou assim, um patamar jamais imaginado pela editora Ebal, responsável pela publicação dos quadrinhos naquela época. 
A boa notícia é que esse trabalho antológico de 192 páginas publicado em papel polen soft, com capa dura e ilustrações do mestre FHAF já está à venda no site da Avec Editora (clique aqui). A reedição do Judoka foi organizada pelo jornalista Francisco Uchoa, editor original dos quadrinhos.
O novo lançamento da AVEC traz a republicação de cinco histórias clássicas do Judoka que foram originalmente lançadas entre maio de 1970 e abril de 1972 e são verdadeiras obras primas.
A publicação conta também com extras: entrevista com o artista e roteirista original, um panorama histórico da época e aventuras inéditas que foram desenhadas por FHAF para a Ebal. São seis páginas com uma nova aventura do Judoka, duas páginas de Zorro (“The Lone Ranger”) e sete com uma aventura sobre cangaço apresentando um novo personagem: Tempestade.
Segundo a AVEC, a tiragem dessa graphic novel é limitadíssima e pode ser adquirida somente no site da editora. Portanto, se você é fã desse herói brazuca não perca tempo.
Detalhes Técnicos
O Judoka
Editora: AVEC Editora
Autor: Floriano Hermeto de Almeida Filho
Organização: Francisco Ucha
Capa: Francisco Ucha e Toni Rodrigues (sobre arte de Floriano Hermeto)
Revisão: Marcos Eduardo Massolini
Capa dura
Papel Polen soft 80g
192 páginas
17×26 cm
R$ 84,90


17/11/2018

Cinco promoções literárias imperdíveis pré-Black friday


Conheço diversos gritos de guerra que servem para expressar o nosso estado de espírito. Quem acompanha o blog e a fanpage do Livros e Opinião sabe que o meu grito de alegria é o “Iahuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!”, presente em tantas postagens.  Quanto ao seu pode ser “Ahhhhhhhhhhh!!!” ou aquele ““OooooooooAaaaaaaaaa!!!!” com as duas vogais únicas esticadas no último volume. Sei lá, depende do estilo e também  da personalidade de cada pessoa. Os mais desinibidos terão gritos de guerra mais ousados, enquanto que os mais tímidos terão o seu brado mais  contido.
Mas um detalhe que sempre me intrigou foi a forma como um colega meu, o Maurinho – ele permitiu que o seu nome verdadeiro fosse citado – sempre extravasou a sua alegria ao ser surpreendido por um fato bom.

Vejam só; primeiramente ele fica mudo. E esta mudez chega repentinamente cortando frases, assuntos, ações, tudo; absolutamente tudo o que ele esteja fazendo. Após ‘uns’ 15 ou 20 segundos, o Maurinho começa a berrar igual um louco – Dez papudo!! Chama que eu vou, seu vagabundo!! Vem otário!! –  e, depois, começa gesticular com os braços. Acho que ele faz isto por causa de seu pai que é viciado em jogo de truco. E por ter nascido ouvindo essas frases desafiadoras, acabou guardando-as em seu subconsciente. Sei lá, deve ser isto. O que posso dizer é que esta atitude do Mauro já nos colocou em grandes enrascadas.
Imagine você num barzinho ou choperia, com um grupo de amigos, e de repente o sujeito, ao receber uma notícia  hiper-positiva em seu email, no celular, começa a xingar todo mundo?!! Acredite eu e alguns colegas já pagamos esse mico por causa do Maurinho. E bem recentemente. Para ser exato, anteontem, quando ele descobriu livros por valores irrisórios na Black friday.
Após a ‘pagação’ de mico e algumas broncas bem dadas nesse meu amigo maluco, pensei – Caramba, por que não escrever um post sobre as ofertas literárias da Black friday? - E assim surgiu a postagem que você está lendo agora. Agradeça ao maurinho (rs).
Vamos lá; selecionei algumas ofertas que achei divinamente fantásticas e que farão o leitor economizar, de fato. Dependendo do dia que você estiver lendo este texto, pode ser que os preços já tenham mudado, pois abemos que na semana que antecede a Black friday, as lojas ficam loucas e por isso mesmo, tiram e põem promoções do dia pra noite.
Os preços que vocês encontrarão aqui, são os de sábado  (17), dia em que escrevi o post.
E vamos que vamos.
01 – Livros por até  R$ 10,00
Isto é possível, sim! Pelo menos na Submarino que, pelo jeito, decidiu queimar o seu estoque de obras, digamos... um pouco encalhadas. Mas ocorre, que no meio desse encalhamento tem livros ótimos com preços que variam de R$ 10,00 a R$ 15,00. Confiram alguns: “Animais fantásticos e onde habitam: guia do mundo mágico do filme” (R$ 13,61), “Diário de Larissa Manoela” (R$ 5,90), “A volta do poderoso chefão” (R$ 14,99), “Garota infernal” (R$ 6,99), “Enfeitiçados pelo desejo” (R$ 9,99), “Coquetel : Palavras Cruzadas” (R$ 1,99), “Batalha Espiritual: Entre Anjos e Demônios (R$ 8,99), “Jesus: O maior Filósofo que já existiu (R$ 6,99), “Philia” (R$ 5,90), “Sexy and the City” (R$ 7,99), “Oriente, Ocidente” (R$ 9,49), “Ansiedade 2 Autocontrole: Como Controlar O Estresse E Manter O Equilíbrio” (R$ 6,18). Estas são algumas das 156 obras vendidas por preços absurdamente baratos.
Os destaques ficam para “Animais fantásticos e onde habitam: guia do mundo mágico do filme”, “Garota infernal” e para aqueles que apreciam o gênero de auto-ajuda, os livros de Agusto Cury (“Ansiedade 2 Autocontrole: Como Controlar O Estresse E Manter O Equilíbrio”) e dos padres Reginaldo Manzotti e Marcelo Róssi: “Batalha Espiritual: Entre Anjos e Demônios e “Philia”. Ah! Tem até palavras cruzadas para os leitores que se amarram na coleção Coquetel.
02 – Três livros por R$ 19,90
Promoção muito louca essa, heim?! Também presente no portal da Submarino que ao que tudo indica endoidou, de vez. Até o dia 17 de novembro, data que escrevi o post, haviam 58 unidades à disposição dos leitores.
O que surpreende nesta promoção é que os livros se vendidos separadamente são caríssimos; alguns se aproximam dos R$ 50,00. E, somados com o valor do frete, já viu né? Assustam qualquer bolso, por mais recheados de grana que estejam. Mas o gostoso nessa história toda é que se você comprar três livros ou mais, ao invés de pagar aproximadamente de R$ 150,00, o valor cairá para R$ 19,90. Caraca! Esta promoção da Submarino vale até mesmo o grito de guerra do Maurinho! Mas atenção a promoção só vale para os livros vendidos e entregues pela Submarino. Portanto, lojas terceirizadas estão de fora.
Confiram alguns títulos: “Depois de você”, Rocco, Julie BuxBaum (R$ 37,90), “O bom ladrão”, Rocco, Hannah Titi (R$ 29,90), “A punição de Bourne”, Rocco, Eric Van Lustbader (R$ 42,90), “O trono das sombras – Trilogia do reino – Vol. 3”, Verus, Jennifer A. Nielsen (R$ 30,90),  “A Mão de Fátima”, Rocco, Ildefonso Falcones (R$ 54,91), “O caminho de volta”, Rocco, Rose Tremain (42,90).
Galera, não se esqueçam, quando forem comprar vejam se abaixo das imagens dos livros há o selo “Submarino Prime”. Se houver, pode adquirir as três unidades sem medo de ser feliz. Você pagará no ‘combo’, apenas R$ 19,90.
03 - Esquenta Black friday
A Amazon está com a novidade “Esquenta Black friday” onde um cronômetro localizado abaixo das ilustrações dos livros aponta o tempo de duração da promoção referente aquele produto, geralmente 24 horas. Os leitores poderão encontrar boas ofertas. Por exemplo, o clássico da literatura infanto- juvenil “Harry Potter e a pedra filosofal”, de J.K. Rowling que custa em média R$ 39,90 está saindo por R$ 22,70. Já o livro de George R.R. Martin, “O mundo de gelo e fogo” – nova edição exclusiva da Amazon, e diga-se, de derrubar o queixo – custa R$ 48,90. Está achando caro? Então você mudará de idéia ao saber que o preço normal dessa edição lindamente trabalhada e em capa dura da LeYa é de R$ 179,90!!
Quer mais? Ok, vamos lá. “A bela e a fera”, edição capa dura da Zahar, versão original que inspirou o novo filme da Disney, estrelado por Emma Watson, está sendo vendido por R$ 19,70. O preço normal? R$ 32,90.
“Ghost World – Edição especial 20 Anos”, uma das graphic novels mais vendidas e aclamadas de todos os tempos que conta a história de duas adolescentes incrivelmente irônicas e cheias de si que se veem diante da incômoda incerteza da vida pós ensino médio, está com um preço inacreditável. No “Esquenta Black friday” da Amazon, o valor dessa edição especial, com introdução de Daniel Clowes e recheada de extras incríveis, caiu de R$ 54,90 para 26,20.
E por aí vai; zapeando pela Amazon, certamente, o leitor irá encontrar ofertas incríveis antecedendo a Black friday.
04 – Yellow Blackfriday
A Saraiva também entrou no clima de Blackfriday com a campanha “Yellow Blackfriday” com o slogan: “Se tem Yellow, tem desconto de verdade”. Para participar, o leitor deve preencher um cadastro para posteriormente receber em seu email ofertas exclusivas da Saraiva.
05-  # Ler Faz bem
E para finalizar, cito outra promoção da Saraiva: “#Ler faz bem” que promete livros ao custo máximo de R$ 39,90. Entre eles, destacamos: “O Pequeno Príncipe, de Antoine De Saint Exupéry (R$ 9,90), “Mentes perigosas  - O psicopata mora ao lado”, de Ana beatriz Barbosa Silva (R$ 27,.90), “O lar da Srta. Peregrine para crianças peculiares, Ransom Riggs (R$ b26,90), “Mitologia Nórdica”, Neil Gaiman (R$ 35,90), “A herdeira – Série A Seleção – Volume 4”, Kiera Cass (R$ 27,90).
Taí galera, espero que esse post sirva de apoio para vocês aproveitarem algumas promoções literárias neste período que antecede a Black friday.



13/11/2018

Biografia autorizada e inédita de Agatha Christie chega nas livrarias


Uma biografia sobre a “Rainha do Crime” que contasse tudo, absolutamente tudo, mas sem mentiras e exageros. Acredito que esse é o sonho da maioria dos fãs de Agatha Christie. Após a sua morte em janeiro de 1976, foram lançadas várias biografias, mas em nenhuma delas, os autores tiveram acesso à documentos ou cartas de Agatha que ficavam sempre guardadas a sete chaves pelos seus herdeiros, longe dos olhares curiosos.
Por isso, essas obras eram desprovidas de muitas informações, tornando-se superficiais, não despertando o interesse dos leitores. Quase sempre, os seus autores apelavam para depoimentos pouco confiáveis de amigos, parentes ou pessoas que juravam ter participado de pelo menos dois ou três minutos da vida social da Rainha do Crime. Ora! Tudo isso, obviamente, muito pouco para escrever uma biografia no mínimo razoável.
Agora, tudo indica que acabamos de ganhar algo à altura da maior escritora de histórias policiais de todos os tempos. A editora Bestseller do Grupo Record lançou em outubro “Agatha Christie – Uma Biografia” da escocesa Janet Morgan que teve acesso a todas as cartas e informações sigilosas sobre Agatha, incluindo o seu diário pessoal.
Por isso, a obra pode ser considerada a primeira biografia autorizada sobre a “Rainha do Crime”. Vale lembrar que “Agatha Christie – Uma Biografia” já havia sido lançada na década de 80 nos Estados Unidos e em alguns países europeus, mas só agora, após mais de 30 anos, chega ao Brasil.
Tudo começou em meados de 980, quando Morgan foi convidada por Rosalind – filha de Agatha Christie – para escrever uma biografia autorizada. Para isso teve acesso exclusivo aos documentos pessoais da escritora e de seu segundo marido, o arqueólogo Max Mallowan.
Apesar de ser pressionada a abordar apenas o lado mais gentil da antológica autora, Morgan bateu o pé e impôs algumas condições para escrever a obra, entre as quais: não mascarar os fatos reais, bem como abordar o que realmente aconteceu no estranho desaparecimento de Agatha que aconteceu entre 3 e 13 de dezembro de 1926, quando ela já era uma celebridade. Este acontecimento foi visto como um dos casos mais ruidosos coberto pela imprensa da época. Um verdadeiro enigma, já que a escritora nunca se pronunciou sobre o assunto.
Um dos pontos altos da obra de Morgan é a abordagem desse fato que polarizou as atenções do mundo literário na década de 1920.  Através do material cedido por Rosalind, ela faz uma reconstrução meticulosa do misterioso incidente que gerou, na época, várias teorias conspiratórias e sensacionalistas.
Agatha Christie e sua filha Rosalind
O texto também inclui alguns detalhes curiosos, entre eles, o período anterior a fama, em que a “Rainha do Crime” trabalhou como farmacêutica, durante a Primeira Guerra Mundial, o que explica seu conhecimento sobre a manipulação de venenos, tão usados em seus romances. Outro trecho interessante narra o conjunto de motivos que deu origem a dois de seus mais célebres livros: “Morte no Nilo” e “Assassinato no Expresso Oriente”.
Mas acredito que o maior mérito da obra está em tentar descobrir como uma simples dona de casa conservadora, amante da vida serena, especialmente da jardinagem e da gastronomia conseguiu se transformar na mais famosa escritora policial de todos os tempos, criadora de intrincadas e ao mesmo tempo saborosas tramas policiais.
Esta reedição preparada pela Bestseller ganha como extra, um prefácio de Morgan narrando a abordagem feita pela família de Agatha para que escrevesse sua biografia, além de todo o processo de pesquisa no vasto material oferecido por Rosalind.
A biografia conta também com um encarte de fotos de álbum de família para que os fãs possam apreciar vários momentos de intimidade da escritora.
Vale lembrar que a Bestseller deveria lançar a obra somente em novembro, mas a sua chegada às livrarias foi antecipada e “Agatha – Uma Biografia” já está nas prateleiras das lojas físicas e virtuais de todo o país à disposição da galera interessada.
Boa leitura!

10/11/2018

Cinco filmes baseados em livros de Nicholas Sparks que irão lhe fazer chorar


Quem nunca chorou ao ler um livro de Nicholas Sparks? Acredito que mesmo que a história tenha sido meia-boca, pelo menos uma ou duas lágrimas insistiram em rolar de seus olhos. Sparks é sempre Sparks. Se ele está inspirado, você cai no choro; se está nos seus maus dias, você chora do mesmo jeito. Costumo dizer que o autor é o “Rei dos Dramalhões” com muito mais poder de fogo do que as novelas mexicanas que são recheadas de amores trágicos e mal resolvidos.
Se os livros de Sparks são barra pesada, imagine, então, os filmes baseados nessas obras! Digo isso, porque a maioria dos diretores e roteiristas gostam de dar uma exagerada no enredo original para transformar as salas exibidoras em verdadeiros vales de lágrimas.
Diretores sádicos; não acham? O que eles querem é converter os cinéfilos num bando carpideiras (rs). Mas vamos ao que interessa: aos filmes baseados em obras literárias de Sparks que emocionaram os “cinéfilos-leitores” ao ponto de fazê-los chorar e muito.
01 – Diário de uma paixão
Livro: 1996
Filme: 2004
“Diário de uma paixão” foi o segundo livro escrito por Sparks – o primeiro, Wokini, não chegou a ser lançado no Brasil – e também aquele que o tornou conhecido em todo o mundo. A história do casal Noah e Allie é fodasticamente fodástica. Quem não chorar lendo o livro ou assistindo o filme, com certeza, tem o coração de pedra. Como já escrevi neste post de 2014, “Diário de uma paixão” é uma história de amor - daquelas de arrebentar - entre duas almas gêmeas, que nem mesmo as piores dificuldades enfrentadas na juventude e na velhice foram capazes de separá-las. Pelo contrário, esses obstáculos serviram para unir o casal ainda mais. Pronto! Isso basta para resumir a história de Noah e Allie.
O livro tem muitas passagens distintas do filme, principalmente o final que é muito diferente. Mas independente disso, os dois “The End” – o das páginas e o das telas – conseguem arrancar lágrimas.
Lembro-me de ter chorado baldes de lágrimas com os “finais” de “Diário de uma paixão”. O filme baseado no livro de Sparks estreou nos cinemas em 2004 e contou com um time de jovens atores, desconhecidos na época. A produção foi muito elogiada pela crítica e público.
02 – Uma carta de amor
Livro: 1998
Filme: 1999
Sparks pretendia escrever um livro que abordasse o amor incondicional, parecido com o seu grande sucesso “Diário de uma paixão”, mas ele percebeu que jamais conseguiria idealizar uma história com a mesma magia daquele livro, pois todos já a conheciam. Então para não cair na mesmice, decidiu escrever uma história de amor inspirada em seu pai. Nasceu assim, “Uma carta de amor”.
Tanto no livro quando no filme, Theresa Osborne é uma jornalista de Boston, divorciada e que tem um filho. Durante as férias em Cape Cod, ela encontra na praia uma garrafa com uma carta dentro. 
Comovida com a leitura, ela decide encontrar a pessoa que a escreveu. Assim, graças ao seu trabalho, ela consegue chegar até o seu autor, Garrett Blake. O homem vive na Carolina do Norte, junto com seu pai, Jeb, desde que sua esposa havia falecido.
Depois do encontro, os dois passam a viver uma história de amor emocionante, uma verdadeira lição de vida para cinéfilos e leitores.
O filme com Kevin Costner e Robin Wright Penn que passou nos cinemas brasileiros em 1999, um ano após o lançamento do livro, arrancou muitas lágrimas da galera.
03 - Um amor para recordar
Livro: 1999
Filme: 2002
Tanto livro quanto filme são trucões pesados. As pessoas sensíveis choram copiosamente, enquanto os mais frios ficam com os olhos marejados de lágrimas ao lerem e assistirem a história de Landon Carter e Jamie Sullivan. Olha... dessa vez, o autor apelou feio. O enredo judia dos corações dos leitores e também dos cinéfilos. “Um amor para recordar conta a história de um casal que enfrentam muitas dificuldades para ficarem juntos até que conseguem e, devido as consequências da vida, são separados. Resumindo: duas pessoas muuuuito diferentes que acabam se apaixonando, mas depois... por uma peça pregada pelo destino acabam se separando.
Carter é o oposto de Sullivan; por ser de uma família rica, sempre teve tudo o que quis, além de ser largado, debochado e inconsequente. Já Sullivan é filha de um pastor, muito reliogiosa, responsável, estudiosa, além de ter a  Bíblia sempre no meio de seu material escolar.
Ambos se apaixonam, mas...
Perceberam como sempre tem ‘um’ mas nos enredos de Sparks?
04 – Noites de Tormenta
Livro: 2002
Filme: 2008
O filme com o astro Richard Gere foi um grande sucesso. A crítica especializada enalteceu e o público amou. Arrisco dizer que ao lado de “Diário de uma paixão” foi a adaptação mais requintada dos livros de Sparks.
Neste drama romântico, uma mulher chamada Adriene Willis – interpretada pela atriz Adriene Willis – busca refúgio numa pequena cidade litorânea na Carolina do Norte, onde vai passar um fim de semana na pousada de uma amiga. Ali espera encontrar a tranquilidade de que precisa, desesperadamente, para refletir sobre os conflitos que a angustiam: seu volúvel marido pediu para voltar para casa e sua filha adolescente vive criticando suas decisões.
Pouco depois de Adrienne chegar na pousada, ouve-se a previsão de uma grande tempestade e o Dr. Paul Flanner (Richard Gere) chega à cidade. Único hóspede da pousada, Flanner não está atrás de um final de semana de descanso, e sim enfrentando uma crise de consciência. Com a tempestade se aproximando, eles procuram apoio um no outro e, em um final de semana mágico, iniciam um romance que trará mudanças profundas para ambos e repercutirá pelo resto de suas vidas.
E pra variar prepare o seu coração para mais um final ‘a la Sparks’: regado a muitas lágrimas.
05 – Um homem de sorte
Livro: 2008
Filme: 2012
“Um homem de sorte” trouxe um Zac Efron bombando no auge da fama. Ele já havia feito três High School Musical e se encontrava no ápice da beleza. Resultado: o filme caiu no agrado, principalmente do público feminino.
No enredo, Efron interpreta um sargento da Marinha norte-americana
que retorna após servir no Iraque pela terceira vez, trazendo a única coisa que considera que o mantém vivo – uma fotografia que ele encontrou de uma mulher desconhecida. 
Após descobrir onde ela mora e que seu nome é Beth, o personagem de Efron vai até sua casa e acaba aceitando um emprego no canil administrado por sua família. Apesar da desconfiança inicial de Beth e de seus problemas pessoais, eles iniciam um romance ao estilo de Sparks: incondicional, complicado e cheio de reviravoltas.
Taí; se você ainda não conhece nenhum desses livros ou filmes, recomendamos todos eles, mas, se prepare para lê-los ou assisti-los com um lencinho nas mãos.

06/11/2018

Os melhores contos de H.P. Lovecraft


O meu erro foi querer ler numa tacada só as mais de 740 páginas de “Os Melhores Contos de H.P. Lovecraft. Por isso, aconselho que você jamais faça isto. Por que? Simples. Lovecraft é um autor inteiramente e visceralmente descritivo; diálogos, com certeza, não fazem parte do seu menu. Resultado: você vai ter pela frente um livro com 741 páginas todo descritivo e praticamente sem nenhuma interação direta entre os personagens, ou seja, sem aquele bate papo gostoso entre mocinhos, heróis e vilões, recheado de travessões ou aspas. Para não ser tão pessimista, talvez nos 19 contos do livro você consiga pescar dois ou três diálogos e só.
Há algum tempo, li “Sobre a escrita” de Stephen King, onde o mestre do terror - um dos maiores admiradores do trabalho de Lovecraft -  dizia que elaborar diálogos não era a praia do criador dos “Mitos de Cthulhu”.
Vejam bem, não estou afirmando que pela falta de diálogos a obra seja ruim; longe dessa injúria. O que estou querendo dizer é que dedicar-se, exclusivamente, à leitura desse calhamaço de 741 páginas vai te esgotar e muito. No meu caso, quando cheguei perto do final do livro já estava caçando, desesperadamente, algum diálogo como se procura água no deserto e por isso, a leitura começou a travar, simplesmente, não fluía mais.

A minha recomendação é que se intercale a leitura de “Os Melhores Contos de H.P. Lovecraft” com um outro livro que não seja tão descritivo. Seguindo essa metodologia, com certeza, o leitor sentirá muito prazer nos contos lovecraftianos. Leia um ou dois contos do livro, depois dê um tempo e parta para outras obras. Assim que tomar um fôlego retorne aos contos.
As 19 histórias que fazem parte da publicação da editora Hedra, lançada em 2013, foram publicadas em ordem cronológica, seguindo as datas em que foram escritas pelo autor.
O leitor irá encontrar verdadeiras obras primas como: “O modelo de Pickman”, “A cor que caiu do espaço”, “O caso de Charles DexterWard”, “O horror de Dunwich”, “Ar frio”, “Um sussurro nas trevas”, “O chamado de Cthulhu” e “A Sombra de Innsmouth”.  Os personagens desses enredos foram meus companheiros durante várias noites. Achei a maioria deles sinistros e aterradores, fazendo jus ao estilo que consagrou Lovecraft.
A obra começa com os contos mais curtos, geralmente aqueles que tem uma, duas ou três páginas. As últimas nove histórias que fecham a coletânea, por serem mais longas, foram publicadas separadamente como livros de terror.
Em muitas delas, Lovecraft mistura terror e ficção científica, como no caso de “A cor que caiu do céu” e “Nas montanhas da loucura”.
Sinceramente, não gostei dos enredos oníricos – “Navio Branco”, “Celephais”, “Os outros deuses” e “A busca onírica por Kadath”, onde o personagem Randolf Carter  -  considerado o alter ego do escritor – um experiente explorador da ‘Terra dos Sonhos”, planeja encontrar uma cidade cidade dourada que certa vez vislumbrou em uma de sua viagens oníricas. Para isso, Carter deverá empreender uma jornada por todo o mundo dos sonhos, enfrentando vários perigos. Cara, caaannnsativo de mais.
Outra curiosidade que gostaria de citar no post está relacionada aos contos “Ar frio” e “O modelo de Pickman”, ambos escritos em 1926. As duas narrativas, verdadeiras obras primas da literatura de terror, foram adaptadas para a televisão como episódios da famosa série de TV dos anos 70 “Galeria do Terror” apresentada e produzida por Rod Sterling, o mesmo do antológico “Além da Imaginação”. Estes dois contos também estão na edição de 741 páginas da Hedra.
Em “Ar frio”, Lovecraft narra o dilema de um médico que é obrigado a viver num apartamento com um sistema de refrigeração que mantém o ambiente sempre na temperatura de 12 graus. Um vizinho que começa a sentir um forte cheiro de amônia, resolve investigar o que acontece no misterioso apartamento, então...
Já em “O Modelo de Pickman”, um famoso artista que pinta quadros de natureza profundamente infernal acaba tendo o segredo de sua arte descoberto por um fã que, por sua vez, quase enlouquece com a terrível descoberta.
Taí galera, sem dúvida, um grande livro, mas como já disse no início, inteiramente descritivo com a maioria das histórias narradas em primeira pessoa.
Boa leitura!

03/11/2018

Seis livros infantis recomendados para falar sobre a morte com as crianças


Há alguns anos aconteceu algo curioso com um amigo. Um fato, envolvendo uma criança, que eu achei atípico. Confesso que naquele momento não concordei com a maneira como esse meu amigo tentou resolver o problema. Já antecipo que esta situação em que participei passivamente foi a inspiração para escrever o post que você está lendo agora.
A filha pequena do Humberto (nome fictício) – hoje já adolescente -  havia acabado de perder a sua avó por quem tinha uma verdadeira paixão. Quando a avó morreu, a menina ficou muito triste e queria saber o que tinha acontecido. Na tentativa de tornar menor o sofrimento da filha, seu pai disse que a vovó foi fazer uma longa viagem. Ainda me lembro que após algum tempo, a filha do Humberto sempre cobrava o retorno de sua querida avó. Resultado: quando soube, por outras bocas que ela jamais iria ver a velhinha novamente, a situação complicou-se. Resumindo: foi necessário até mesmo ajuda psicológica.
Segundo a maioria dos psicólogos, a melhor maneira de lidar com o sofrimento de forma construtiva com os filhos pequenos é não evitá-lo, e sim favorecer a conversa, compartilhando os sentimentos.  Mas sabemos também que falar sobre morte com as crianças é complicado, aliás, muito complicado.
A criança percebe a morte como um acontecimento temporário, que pode ser revertido, que é possível morrer “só um pouquinho”. Filmes, revistas e desenhos reforçam esse conceito. E, cá entre nós, desmistificar essa concepção que os pequeninos tem sobre a morte não é fácil. Muitos país não sabem como lidar com as perdas de um ente querido ou então de um animalzinho de estimação da criança. Nessas horas, os livros sobre a morte (dentro da faixa etária da criança) tornam-se verdadeiros aliados.
No post de hoje, selecionei seis livros sobre o tema que irão ajudar os pais a enfrentar essa situação difícil. Vamos conferir:
01 – O anjo da guarda do vovô (Jutta Bauer)
Este livro conta a história de um avô que, no leito de hospital, recorda para seu netinho os principais momentos de sua vida - episódios da infância, da guerra, de necessidade e desconforto. Porém, por meio dos desenhos, o leitor fica sabendo que em todos as situações o avô teve a companhia invisível de um dedicado anjo da guarda.
A escritora alemã Jutta Bauer aborda o tema morte de modo simples, sutil e natural. Por esse motivo, o livro lançado em 2003 obteve um grande sucesso de crítica.
Bauer traduz o momento da despedida do personagem de uma forma completamente poética, falando sobre temas como experiência, aprendizado, legado e claro, sobre como lidar com a morte.
Detalhes técnicos:
O anjo da guarda do vovô
Autor: Jutta Bauer
Editora: Cosac Naify
Ano: 2003
Páginas: 48
02 – O pato, a morte e a tulipa (Wolf Erlbruch)
Um livro cativante e que certamente irá fazer que as crianças entendam a morte de uma forma natural. É mais um livro sobre o tema escrito por um autor alemão. Wolf Erlbruch ganhou, inclusive, o premio Hans Christian Andersen – um dos mais importantes da literatura infantil – pelo conjunto de sua obra.
O livro narra a história de um pato que percebe que a morte está por perto e, então, sente medo. Mas a morte é simpática e eles nadam e brincam juntos, além de conversar sobre a vida e a morte. Esta amizade faz com que o pato deixe de teme-la.
Os diálogos travados no livro entre os dois personagens são maravilhosos e ao mesmo tempo emocionantes, fazendo com que o leitor deixe de ver a morte como um ‘bicho-papão’. No final do livro, ela se entristece por ter que levar o seu amigo pato.
Detalhes técnicos:
O pato, a morte e a tulipa Autor: Jutta Bauer
Detalhes técnicos:
O pato, a morte e a tulipa
Autor: Wolf Erlbruch
Editora: Cosac Naify
Ano: 2009
Páginas: 32
03 – Para onde vamos quando desaparecemos (Isabel Minhós Martins)
Este é o tipo do livro que planta sementinhas na cabeça das crianças para que elas entendam de forma poética e sutil um assunto tão delicado e, ainda, considerado tabu por algumas pessoas.
O livro da escritora portuguesa Isabel Minhós Martins, nascida em Lisboa, mostra para os baixinhos que tudo que desaparece na vida, reaparece em outro lugar.
A obra lançada em 2015, é recomendada para crianças um pouco mais velhas, entre 9 e 10 anos. A partir de uma série de questionamentos, somos levados a refletir sobre a finitude da vida, sobre o tempo e, claro, sobre o aparecer e o desaparecer.
“Para onde vamos quando desaparecemos” é cheio de perguntas para reflexão e de conceitos para filosofar sobre o tempo, sobre o que é aparecer e desaparecer, sobre a finitude da vida e da existência.
A autora narra que para desaparecer, algo precisa ter aparecido primeiro para alguém. Algumas coisas desaparecem em um dia para aparecer no outro, como o sol. Outras, como as meias, caso apareçam, será sempre em um lugar inacreditável. Até as rochas desaparecem. Fato é que nada dura para sempre. E, nós, para onde vamos?
Um livro recomendadíssimo para as crianças.
Detalhes técnicos:
Para onde vamos quando desaparecemos
Autor: Isabel Minhós Martins
Editora: Tordesilhas
Ano: 2015
Páginas: 44
04 – O urso e o gato montês (Kazumi Yumoto e Komako Sakai)
Os autores foram muito felizes em sua proposta de escrever um livro infantil que falasse sobre a morte de uma maneira realista, mas ao mesmo tempo delicada. Tenho uma antiga professora que leu a obra e adorou. Segundo ela, as crianças passam a entender melhor o momento em que perdemos pessoas queridas que nos cercam.
No enredo do livro, um urso reflete sobre a sua vida monótona e sem atrativos quando, de repente, ele acaba perdendo o seu melhor amigo. É a partir de então que o urso começa a entender que alguns dias passam a nascer diferentes, antes mesmo de eles terem início.
A maneira poética dos autores apresentarem a história embala o leitor num movimento de elaboração do luto: o urso não se contenta com as palavras de apoio que recebe dos outros, ele tem seu tempo de entender o acontecido e é só quando esse tempo chega que a história parece se justificar.
Criação dos japoneses Komako Sakai e Kazumi Yumoto, o enredo é recomendado para crianças acima de 8 anos e ajuda os pequenos a compreenderem um pouco mais sobre a perda e o recomeço.
Detalhes técnicos:
O  urso e o gato montês
Autores: Kazumi Yumoto e Komako Sakai
Editora: Brinque Book
Ano: 2012
Páginas: 52
05 – Mas por quê??!: A história de Elvis (Peter Schössow)
Se você está pensando que o livro se refere ao mito do rock, Elvis Presley, se enganou. O Elvis do título é o passarinho de uma criança que acabou de morrer, deixando-a inconsolável.
Os amigos, então, providenciam o enterro do canarinho amarelo e participam, juntamente com ela do momento de luto e tristeza. Eles fazem que a garota também recorde dos momentos de alegria que viveu ao lado de Elvis. Uma leitura que ensina que todo luto merece ser vivido, contestado, vociferado, mas que, no fim, o que fica são as boas memórias. O livro do alemão Schössow, com certeza, ajudará muitas crianças a lidarem com a morte e o luto.
Detalhes técnicos:
Mas por quê??!: A história de Elvis
Autores: Peter Schössow
Editora: Cosac Naify
Ano: 2008
Páginas: 40
06 – A menina Nina - Duas razões para não chorar (Ziraldo)
É claro que eu não poderia esquecer de incluir nesta lista um autor brasileiro. E ninguém melhor do que Ziraldo, um dos mestres das histórias infantis.
Considerado o livro mais comovente que o autor já escreveu para crianças, “A Menina Nina – Duas razões para não chorar” mostra que as perdas são duras e machucam demais, mas também com o passar do tempo podem se transformar em doces saudades que nos trarão alegrias e não tristezas.
Ziraldo narra de maneira bastante sublime, a relação de uma garota chamada Nina com a sua avó. Toda a história é conduzida de forma leve e alegre, até que a dor aparece com a perda da avó.
É a partir daí que começam a surgir questionamentos, quando Nina passa a tentar entender o que aconteceu. Após a perda da avó, Ziraldo apresenta a Nina e aos leitores duas razões do por que não chorar, com uma linguagem simples, direta e cheia de esperança.
Um livro fantástico!
Detalhes técnicos:
A menina Nina – Duas razões para não chorar
Autor: Ziraldo
Editora: Melhoramentos
Ano: 2005
Páginas: 40
Taí galera, espero que este post ajude muitos familiares de filhos pequenos. Para a maioria dos pais, é complicado explicar a uma criança que um parente de quem elas eram bem próximas já não vai estar nas próximas reuniões de família. Apesar disso, há sim maneiras de lidar bem com o momento do luto de uma criança e sem dúvida, os livros dessa postagem poderão ajudar bastante nesta fase delicada da vida.


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