29/08/2019

Oito livros da Darkside que devem ter um espaço obrigatório em sua estante

Apesar de pouco tempo no mercado editorial, menos de sete anos, a Darkside Books já lançou verdadeiras pérolas que deixaram os seus leitores extasiados. É evidente que a caveirinha também deu alguns tiros no pé com obras, digamos... nem tanto atrativas, mas a maioria de seus lançamentos acertaram o alvo.
Um dos referenciais da editora carioca é o layout de seus livros, quase sempre em capas duras, papel de excelente qualidade e ilustrações incríveis, capaz de enlouquecer qualquer colecionador. Resultado: estouro no cartão de crédito no final do mês, com certeza. Mas é importante frisar que o sucesso das obras da Darkside não se restringe apenas ao seu visual, mas também ao seu conteúdo.
Dando, com frequência, oportunidade para jovens escritores brasileiros, americanos e europeus lançarem os seus livros de terror, fantasia ou suspense, a editora se transformou num sucesso absoluto de vendas.

Desde 2015 todos os livros são feitos apenas em capa dura – até então havia também a versão em brochura, com preço mais acessível. Pouco tempo depois, após conquistar a tão sonhada segurança no concorrido mercado editorial, a Darkside optou por lançar as suas obras apenas em capa dura.
No post de hoje, selecionei oito livros da famosa editora da caveirinha que não podem faltar em sua estante, principalmente se você aprecia o gênero terror, seja ele no estilo ficção ou jornalístico. Vamos lá:
01 – Lady Killers – Assassinas em Série (Tori Telfer)
Abro a toplist da Darkside com o livro da escritora e pesquisadora Tori Telfer. “Lady Killers” é um dossiê de histórias sobre assassinas em série e seus crimes ao longo dos últimos séculos. Quando pensamos em assassinos em série, pensamos em homens. Mais precisamente, em homens matando mulheres inocentes, vítimas de um apetite atroz por sangue e uma vontade irrefreável de carnificina. O livro de Telfer mostra que as mulheres podem ser tão letais quanto os homens e deixar um rastro de corpos por onde passam.
Mary Ann Cotton e Elizabeth Báthory são duas das muitas assassinas em série que o livro mostra. A primeira, foi uma inglesa condenada por assassinar seus filhos e acredita-se ter assassinado até 21 pessoas, principalmente através de envenenamento por arsênico. A sua vida foi de tal forma dramática que o canal ITV decidiu fazer uma série sobre as suas aventuras… ou melhor, os seus crimes.
Duas décadas antes de Jack o Estripador se tornar o serial killer mais temido de Inglaterra, Cotton já tinha feito o suficiente para entrar na história do mundo do crime britânico.
Quanto a condessa Elizabeth Báthory, foi considerada uma das mulheres mais perversas e sanguinárias que a humanidade já conheceu. Os relatos sobre ela ultrapassam a fronteira da lenda através dos tempos. Ela ficou conhecida, na época, como a “Condessa de sangue”.
“Lady Killers – Assassinas em Série” tem muito mais exemplos de assassinas em série e também do seu ‘modus operandi.
02 – Frankenstein – O Prometeu Moderno (Mary Shelley)
O meu contato inicial com a história de Shelley aconteceu há vários anos por meio de um simples livro de bolso, por isso, optei por comprar a edição relançada pela Darkside e aproveitar para reler o clássico da conhecida escritora britânica. Não me arrependi. A caveirinha caprichou não só no visual como também no conteúdo do seu relançamento.
A tradução foi adaptada para a nossa época com discretas modificações, mas ao mesmo tempo essenciais. Sai aquela linguagem rebuscada de edições antigas e entra em cena uma linguagem atualizada e consequentemente muito mais fluida.
A DarkSide não poupou esforços para contratar Márcia Xavier de Brito, uma das principais tradutoras de bestsellers no Brasil. Além da história principal, a editora brinda os fãs da escritora britânica com um verdadeiro e inesperado ‘presentaço’: outros cinco contos desconhecidos de Shelley – ‘Mortal imortal: um conto’, ‘Transformação’, ‘Roger Dodsworth: O inglês reanimado’, ‘O sonho’ e ‘Valério: O romano reanimado’. Cara, e que contos!! Todos os cinco são fantásticos.
Agora com relação ao visual. C-a-r-a-c-a... A capa dura conta com ilustrações feitas por Pedro Franz, artista visual e autor de quadrinhos reconhecido internacionalmente. Outra novidade é a impressão do livro em duas cores: preto e “vermelho-sangue”. Um luxo só.
03 – Creepshow (Stephen King)
O filme Creepshow foi lançado em 1982 e imediatamente tornou-se uma verdadeira lenda no gênero terror. Filmaço!! Perdi a conta das vezes que assisti.
A ideia da produção cinematográfica partiu de Stephen King que procurou o cineasta George Romero (A Hora dos Mortos Vivos) e propôs uma parceria: ele, King, escreveria o roteiro e Romero, entraria com a direção. Resultado: o nascimento de um dos filmes de terror mais emblemáticos de todos os tempos. O sucesso foi tão estrondoso que fez com que King e Romero se unissem novamente, cinco anos depois, em uma continuação, “Creepshow 2: Show de Horrores”, lançado em 1987, mas sem o mesmo impacto do projeto original.
O primeiro “Creepshow” tem cinco histórias de terror de arrepiar os cabelos. Também, pudera, foram escritas por King. No mesmo ano do lançamento do primeiro filme, ou seja, 1982, o escritor decidiu transformar o roteiro de “Creepshow” numa história em quadrinhos. Para fazer as ilustrações, ele chamou outro amigo, mais uma fera chamado Bernie Wrighston que algum tempo depois trabalharia em outro projeto literário do autor, o emblemático “A Hora do Lobisomem”.
Em 2017, a DarkSide resolveu relançar as cinco histórias de Creepshow com um layout de ‘estontear’ qualquer leitor. Fazem parte do pacote: capa dura, ilustrações originais de Wrighston, papel de qualidade, enfim, um design de arrepiar, bem ao estilo da DarkSide.
Neste caso, vale apena gastar quase quase R$ 50,00.
04 – Ultra Carnem (César Bravo)
Na minha opinião, César Bravo é um dos grandes nomes da literatura de terror no Brasil. Ele já vinha mostrando o seu talento bem antes de lançar “Ultra Carnem”, em 2016, pela Darkside, tido como o seu primeiro livro físico. Bravo já era hiper-conhecido pelos leitores de eBooks que não se cansavam de ler as suas histórias digitais, consideradas campeãs de vendas na Amazon.
E por ter sido, na época, o autor de terror nacional mais vendido no portal da Amazon, Bravo foi brindado com um convite da Darkside para lançar um livro. “Ultra Carnem” é a sequência daquela que é considerada a sua obra prima: o eBook “Além da Carne – Contos Insanos”. Este e-book lançado em 2013 vendeu como água no deserto e foi o principal responsável por catapultar o nome de Bravo no contexto literário brasileiro, transformando-o num dos principais escritores do gênero terror, aqui, na terrinha.
“Além da Carne – Contos Insanos” despertou, inclusive, a curiosidade dos leitores para as primeiras obras lançadas pelo autor e que também são muito boas. Resultado: livros digitais até então desconhecidos pela grande maioria sofreram um verdadeiro ‘boom’ de vendas.
05 – Ed e Lorraine Warren: Demonologistas (Gerald Brittle)
Cara, tenso demais. As 272 páginas de “Ed e LorraineWarren: Demonologistas” faz com que o leitor repense todas aquelas brincadeiras bobas feitas no passado com grupos de amigos que envolviam o sobrenatural e o preternatural: os tabuleiros Ouija e as brincadeiras do copo. Lembram-se? Ufa! Ainda bem que não tive essa curiosidade.
O livro é praticamente uma entrevista com o famoso casal de demonologistas Ed e Lorraine Warren, onde eles narram detalhes dos seus casos mais famosos – entre os quais ‘Amityville’, ‘Família Perron’, ‘Caso Beckford’, ‘Caso Foster’ e, claro, o da famosa boneca ‘Annabelle’ - entremeados com orientações sobre os riscos de se envolver com o mundo metafísico; uma brincadeira que pode custar bem caro.
O casal Warren explica a diferença entre espíritos humanos e inumanos; o drama e o sofrimento de pessoas que fizeram conjurações, muitas vezes como uma simples brincadeira; como ocorrem as opressões e possessões por entidades inumanas e outras coisas do gênero.
Mas sem dúvida nenhuma os capítulos mais interessantes do livro se referem aos casos investigados por Ed e Lorraine. Os que mais me impressionaram foram os casos ‘Beckford’ e ‘Annabelle’. No primeiro ocorrido em 1974, uma família passou a ser atormentada por espíritos inumanos após uma de suas filhas ter utilizado um tabuleiro Ouija para se comunicar com entidades desconhecidas. 
Quanto a ‘Annabelle’, o livro traz a história completa da boneca de pano maligna que acabou indo parar nas telas do cinema em 2014, além de uma ‘ponta’ no filme “Invocação do Mal” (2013).
Livraço para quem tem nervos de aço.
06 – Edgar Allan Poe – Medo Clássico (Edgar Allan Poe)
Poe é obrigatório em qualquer antologia de terror e entendendo isso, a Darkside lançou em 2017 “Edgar Allan Poe – Medo Clássico”. Os contos estão divididos em blocos temáticos que ajudam a visualizar a enorme abrangência da obra: A morte, narradores homicidas, mulheres imortais, aventuras, etc.
O livro traz ainda o prefácio do poeta Charles Baudelaire, admirador confesso de Poe e o primeiro a traduzi-lo para o francês. Os contos são comentados na voz do personagem mais famoso de Poe, um certo pássaro de asas escuras como a noite. E por falar nele, “Edgar Allan Poe: Medo Clássico” apresenta “O Corvo” na sua versão original, em inglês, além de reunir suas mais importantes traduções para o português: a de Machado de Assis (1883) e a de Fernando Pessoa (1924).
O layout da obra é arrasador: capa dura negra com caveira e corvos, cuidadosamente ornamentados com letras douradas. A edição traz ainda o retrato do famoso autor na contracapa, em moldurada ovalada, representando um túmulo.
07 – Serial Killers – Anatomia do Mal (Harold Schechter)
"Serial Killers - Anatomia do Mal" é fantástico, mas para as pessoas certas. Definitivamente não aconselho a leitura para os mais sensíveis e também para aqueles que não tem estômago para acompanhar notícias de assassinatos com requintes de crueldades na mídia impressa e falada.
O subtítulo do livro de Harold Schechter já explica a sua essência: “Entre na mente dos psicopatas”. E é, extamente, isso que os seus nove capítulos fazem. O leitor acaba mergulhando fundo na mente de predadores assassinos que ficaram famosos ao longo da história por causa das atrocidades cometidas. O autor não esconde absolutamente nada, revelando detalhes macabros de crimes horrendos e o que poderia ter levado esses serial killers a cometerem tais monstruosidades.
O livro faz um estudo minucioso da mente dos serial killers, desde a sua infância até a fase adulta, apontando as possíveis causas que poderiam ter levado uma criança normal a se transformar num assassino cruel, sanguinário e sem remorsos.
Schechter que é professor de literatura e cultura americana no Queens College, na Universidade da Cidade de Nova York, renomado por suas obras sobre crimes verídicos, aponta os principais sinais que indicam que uma criança possa vir se tornar um serial killer no futuro. Cara! Impressionante esse capítulo! Ele explica ainda a diferença das categorias de assassinatos: em “série”, “em massa” e “relâmpago”. As nuances entre psicótico e psicopata.
Este foi o primeiro livro da Darkside que eu li. Recomendo a sua leitura, mas... como já escrevi acima, somente se você não for impressionável.
08 – Psicose (Robert Bloch)
Em 2013, a editora Darkside surpreendeu os seus leitores ao relançar uma obra que já estava esgotada no Brasil há 50 anos. Quando a nova edição de “Psicose”, do autor Robert Bloch, chegou em terras tupiniquins foi uma verdadeira festa.
O livro é uma oportunidade mais que excelente para todos aqueles que ficaram fãs do filme, mas não tinham acesso ao material original.
A editora caprichou no relançamento do livro: disponibilizou no mercado duas edições, uma em capa dura com o logotipo criado por Tony Palladino, e outra em brochura com a imagem icônica do sangue descendo pelo ralo do banheiro.
A edição em capa dura traz um exclusivo caderno de fotos com imagens do clássico de Hitchcock.
“Psicose” foi publicado originalmente em 1959, livremente inspirado no caso do assassino de Wisconsin, Ed Gein. O protagonista Norman Bates, assim como Gein, era um assassino solitário que vivia em uma localidade rural isolada, teve uma mãe dominadora, construiu um santuário para ela em um quarto e se vestia com roupas femininas.
O livro teve dois lançamentos no Brasil, em 1959 e 1964. Como citei acima são mais de 50 anos sem uma edição no país, impossibilitando que a maioria das novas gerações pudesse ler a obra original que Hitchcock adaptou para o cinema em 1960.
Se você tem em sua estante, qualquer uma das duas edições lançadas pela Darkside, sinta-se um leitor realizado.
Taí galera, espero que tenham gostado do toplist.
Inté!

25/08/2019

As Ruínas


As páginas finais de As Ruínas (2006) – digo páginas finais porque o livro não é dividido em capítulos, o que na minha opinião, trata-se de uma falha enorme da editora – tem uma carga emocional muito grande. As situações vividas pelos personagens chegam ao extremo; trechos envolvendo automutilações, amputações a sangue frio, além de um terrível e sui generis vilão carnívoro que devora as suas vítimas sorrateiramente e sem piedade, minam a resistência do mais forte dos leitores, tanto é verdade, que perto do final fui obrigado a “dar um respiro” e deixar o livro sobre a mesa, quietinho, para prosseguir a leitura somente depois.
Costumo dizer que Scott Smith foi muito sádico ao escrever As Ruínas, porque além das cenas chocantes envolvendo a luta de cinco jovens contra um inimigo assustador e impiedoso, o autor também explorou ao máximo os medos, incertezas, ansiedades e conflitos de cada um dos personagens. Cara, você não imagina como a soma de tudo isso deixa o enredo tenso pra caráculas.
Antes de ter comprado As Ruínas num sebo virtual e ter pago um valor considerável (R$ 52,00, muito para um livro usado e ainda não tão raro) tinha muitas dúvidas por conta de algumas críticas não favoráveis ao enredo. A maioria delas achava a história cansativa, principalmente o início; e antes de chegar no clímax do enredo, o leitor já tinha desistido da obra.
Vejam bem, eu já penso diferente. Na minha opinião, o autor foi meticuloso na construção do perfil de seus personagens. Tão meticuloso que você passa a ver Jeff, Eric, Stacy, Amy, Pablo e Mathias como pessoas de carne e osso. Verdade! Como se o leitor fosse amigo deles, tão amigo ao ponto de conhecer à fundo as suas intimidades, medos, defeitos e virtudes.
Cena do filme de 2008
Portanto, se você gosta de histórias em que o autor dá uma ênfase maior para a ação ou o suspense do que para a construção dos personagens, certamente, irá achar As Ruínas cansativo em várias partes.
Se demorei um pouco a mais para terminar a leitura do livro – acho que ‘uns’ 22 dias – não foi por acha-lo cansativo, mas como já disse acima, por considerar alguns trechos bem tensos. Prova disso, é que enrosquei nas páginas finais para dar aquela respirada e colocar os nervos em ordem.
A trama de As Ruínas é daquelas que começam com simplicidade, mas do meio para o final o bicho pega e a tensão vai aumentando... aumentando, até se tornar eletrizante, mexendo com os nervos do leitor.
Escritor americano Scott Smith
No enredo criado por Smith, dois casais de estudantes, Jeff e Amy, Eric e Stacy, passam férias em Cancún, no México. Tomam sol, mergulham, namoram, enfim, uma vida de rei, mas como tudo enjoa, eles também vão ficando cansados dessa vida pacata, até que conhecem um jovem alemão chamado Mathias e aceitam o convite para acompanha-lo numa aventura.
De acordo com Mathias, seu irmão Henrich se apaixonou por uma arqueóloga e a seguiu até um sítio arqueológico localizado perto de algumas misteriosas ruínas maias. Como após alguns dias o seu irmão não retornou, Mathias convida os dois casais para ajudá-lo a procura-lo. De posse de um mapa deixado pelo rapaz, antes de sumir, os quatro jovens, acompanhados de um colega turista grego decidem ir até as misteriosas ruinas maias em busca de Henrich.
Chegando ao local eles encontram um predador que aos poucos toma forma, mexe com os brios de cada um, contrapõe falhas de suas personalidades e os faz ultrapassar todas as fronteiras íntimas.  Enfim, eles passam a conhecer um terror nunca visto.
O livro de Smith virou filme em 2008 e inicialmente a Paramount pretendia lança-lo nos cinemas, mas no final As Ruínas acabou sendo lançado diretamente em vídeo. Assisti ao filme e apesar de bom, posso afirmar que não chega aos pés do livro.
Ah! Antes que me esqueça: Stephen King adorou o livro. Bem... acho que não preciso dizer mais nada.
Boa leitura!  

21/08/2019

“Os Portões de Pedra” de Patrick Rothfuss e a sua enigmática data de lançamento. Seria agosto de 2020?


Acredite é verdade. Todas as noites em minhas zapeadas pela Net, a primeira coisa que faço é vasculhar uma infinidade de sites literários brasileiros, americanos e europeus na esperança de encontrar alguma novidade com relação ao novo livro de Patrick Rothfuss: “The Doors of Stone” (Os Portões de Pedra) que fecha a trilogia do arcano Kvothe. Esta minha garimpagem virtual já dura muito tempo, acho que anos, tanto é verdade que acabou se tornando um hábito.
Durante todo esse período não encontrei nenhuma novidade; quero dizer... nenhuma novidade até a madrugada de ontem quando ao acessar dois sites tive uma grata surpresa com relação a uma possível data de lançamento.
No primeiro deles “Tor.com” pude ler uma entrevista que Rothfuss concedeu no Barnes & Noble Podcast, conversando com o podcaster Joel Cunningham sobre tudo, inclusive sobre... advinhem? Isto mesmo: “The Doors of Stone”! O autor reconhece o progresso lento da tão aguardada terceira parte de sua série épica “A Crônica do Matador do Rei”, e novamente pediu paciência aos milhares de fãs de Kvothe. Ele fez questão de frisar que o “progresso é lento, mas constante”.
O autor também reconheceu que falou demais no passado, fazendo promessas tolas que jamais deveriam ter sido feitas. “Eu fiz promessas, muito cedo, em entrevistas onde disse 'Sim, eu vou fazer esses livros, um por ano. Mas eu era um idiota. Não tinha ideia do que estava falando”. Por outro lado, ele afirmou que a história está fluindo, o que é mais importante. “Estou avançando e isso é o que importa para mim. Finalmente estou conseguindo organizar a minha vida para poder voltar a desenvolver o meu ofício com a alegria que costumava sentir no passado.
Quando eu estava quase decidindo ir pra a minha cama para me encontrar com Morfeu, resolvi dar mais uma garimpada em outros sites e foi então que veio a bomba, mas uma bomba hiper-gostosa, toda trufada. Sem perder tempo, vamos à ela. Inicialmente, o site Irmonline.com havia levantado uma teoria muito interessante: ‘quando duas ou mais lojas de redes diferentes anunciam a mesma data de lançamento para um determinado produto; podem acreditar que essa data é verdadeira, é real’. Pois é, foi isso que aconteceu em relação a “The Doors of Stone” quando duas livrarias distintas anunciaram datas semelhantes para o lançamento da terceira parte da trilogia de Rothfuss.
Tanto a Book Depository quanto a Amazon publicaram em seus portais que “The Doors of Stone” será lançado em 20 de agosto de 2020. Tudo bem que essa informação pode ser facilmente descartada como um erro aleatório ou então como um simples espaço reservado, sem compromisso; mas a partir do momento que duas grandes redes de livrarias tem a mesma data listada para um único lançamento, a informação passa a ter um certo grau de credibilidade.
Cara juro que naquele momento fiquei muito feliz, pois apesar de uma data distante, nós fãs de Rothfuss, tínhamos uma previsãopara o retorno de Kvothe e Cia. Pois é, mas na tarde de hoje, novamente, ao acessar o referido site, veio a ducha de água fria na cabeça. Gente, descobri que a notícia que havia me levado para as nuvens tinha sido atualizada. Os responsáveis pelo site esclareceram que o Book Depository é de propriedade da Amazon… então a ideia de que duas lojas on-line separadas teriam a mesma informação pode ser jogada fora da janela. Infelizmente. Caraca!
Fica, agora, jogada no ar aquela dúvida: O que levou a Amazon a definir uma data de lançamento para “Os Portões de Pedra”? O grupo teve acesso a alguma informação? Esta data é confiável?
Cara, tantas perguntas e poucas respostas.
Inté!

17/08/2019

Cinco vilões assustadores dos livros de terror de Stephen King que me causaram calafrios


Já perdi muitas horas de sono por causa de alguns personagens criados por Stephen King. Ainda me lembro do dia, ou melhor, da noite, em que li “A Coisa”. Caraca! Mesmo que eu não tenha chegado ao ponto de ter pesadelos com Pennywise, confesso que em certos momentos preferia passar pelo tormento de encarar uma bexiga cheia do que me levantar, caminhar por um comprido corredor escuro, acender a luz, e dar uma gostosa ‘aliviada’. Verdade! Cheguei a fazer isso.
Mas Pennywise não foi o único com esse poder, como sou um leitor assíduo das histórias e contos do mestre do terror, conheci muitos outros personagens que atazanaram – no bom sentido – as minhas madrugadas. Por que madrugadas? Simples galera. É que tenho o hábito de ler nesse horário. Bem, mas vamos ao que interessa.
Neste post resolvi selecionar os cinco vilões mais assustadores idealizados por King em seus livros. Mas como toda e qualquer lista é algo pessoal, pode ser que para muitos leitores existam outros personagens mais aterradores do que esses. O que importa é que na minha opinião, esses cinco foram fodásticos. Vamos à eles.
01 – Pennywise
Livro: A Coisa / It, A Coisa
Não poderia deixar de abrir a minha lista com o maligno palhaço chamado Pennywise ou Parcimonioso. Li o livro em 2011, a edição da Objetiva. Recordo-me, na época, que ainda estava iniciando o blog.
Li “A Coisa” somente à noite, varando madrugadas; não por opção, mas por necessidade. Durante o dia trampava em dois serviços: rádio e jornal por isso, sobrava apenas as “noturnas” para me dedicar a leitura. Resultado: tremi na base com Pennywise.
A malignidade da criatura fica evidente quando um dos personagens do livro prefere se matar ao invés de enfrentar o assustador palhaço. Antes de cometer o suicídio dentro da banheira, cortando os pulsos, a vítima ainda consegue escrever na parede, com o próprio sangue, o nome da criatura: IT, ou seja, A Coisa.
Parcimonioso é uma entidade sobrenatural, que muda de forma, e geralmente aparece como um palhaço para atrair suas presas preferidas: crianças.
No livro publicado pela primeira vez em 1986, o assustador palhaço alimenta-se dos medos e fobias das crianças que moram na cidade fictícia de Derry. A criatura ainda pode ler a mente de suas vítimas e tomar a forma do que lhes der mais medo, assim como Freddy Krueger em seus filmes.
02 – Cage Creed
Livro: O Cemitério
Eta molequinho maligno! Cage Creed foi outro vilão que me deu um cagaço terrível. Esqueça a criança do filme que estreou esse ano e que não assusta ninguém e se concentre-se apenas no personagem do livro que, de fato, provoca calafrios.
O Cage da obra literária lançada originalmente em 1983 é uma inocente e adorável criança de três anos que após ser atropelada e morta por um caminhão, deixa os seus familiares desesperados, ao ponto de seu pai Louis Creed tomar uma atitude completamente irracional: enterrar o corpo da criança num cemitério de indígena de animais que tem o poder de trazer de volta ao mundo dos vivos, as criaturas ali enterradas.
E quando Cage volta à vida. Brrrrrrrrrr... sai de baixo.  Ele retorna como uma verdadeira força do mal, possuído por uma entidade maligna presente no cemitério maldito - provavelmente o Wendigo, figura bem conhecida do folclore indígena norte-americano.
Caráculas! As páginas finais de “O Cemitério” quando Cage Creed retorna “vivinho da Silva” são arrepiantes. Ver um menino de três anos, praticamente um bebê, agindo daquela maneira... falando aquelas coisas... como se estivesse coberto por uma aura de malignidade... olha dá muito medo, muito terror.
03 – Hotel Overlook
Livro: O Iluminado
O Iluminado” foi outra história de Stephen King adaptada para os cinemas que sofreu alterações significativas em relação ao texto original. Na minha opinião, o livro é muito mais assustador e impactante do que o elogiado filme de Stanley Kubrick – quero dizer, elogiado pela crítica e público, mas odiado por Stephen King.
No livro, o hotel Overlook, localizado numa região isolada, é um personagem que manipula todos aqueles que freqüentam as suas dependências – desde hóspedes a funcionários – e instiga o zelador Jack Torrance voltar a beber álcool, além de tentar assassinar a esposa e o filho. Não vemos o hotel como hotel, mas como uma entidade do mal que manipula as pessoas. Resumindo, na obra escrita, ao contrário do filme, o Overlook é o verdadeiro vilão da história. Na verdade, no final do enredo, entendemos tudo isso, pois passamos a ver o Overlook como um ser maligno, uma verdadeira “casa mal assombrada” como a casa de “Terror em Amityville”.
04 – Annie Wilkes
Livro: Misery: Louca Obsessão / Angústia
Gosto daqueles vilões de carne e osso, pessoas comuns, mas que por algum motivo se desvinculam de suas situações cotidianas e passam a viver situações caóticas, transformando-os em verdadeiros ‘monstros’ sem sentimentos; verdadeiras essências da maldade.
A vilã Annie Wilkes de “Angústia” - publicado no Brasil em 1988 pela Francisco Alves e relançado, recentemente, pela Suma com o título de “Misery: Louca Obsessão” – se enquadra nessa categoria de personagem. Esta enfermeira do mal mexeu com os meus nervos. Na trama, um famoso escritor chamado Paul Sheldon sofre um acidente numa estrada isolada e acaba sendo resgatado por uma fã - Wilkes -, que decide leva-lo para sua casa e começar a tratá-lo de uma maneira nada convencional. Ao descobrir que em seu próximo romance, Sheldon pretende matar Misery, a personagem favorita de Wilkies, ela começa a torturá-lo para que ele escreva uma história diferente onde dê um novo destino para Misery, satisfazendo, assim, a sua vontade de fã ensandecida. O trecho do livro em que a enlouquecida enfermeira pega uma marreta e.... Grrrrr!!!  Nos cinemas, a personagem foi interpretada por Kathy Bates em 1990, em um filme marcante.
05 – Taduz Lemke
Livro: A Maldição do Cigano /A Maldição
Alguns leitores consideram Taduz Lemke um anti-herói, outros, um vilão. Depende do seu ponto de vista ao ler a obra. Independente disso, sei apenas que o sujeito me perturbou muito. Tanto é que após terminar a leitura do livro, a imagem daquele velho cigano com o seu nariz carcomido e a sua terrível maldição não saiam de minha cabeça. Putz, que ressaca literária terrível.
Lemke é um patriarca de uma tribo cigana que roga uma praga horripilante num incauto motorista que atropela e mata a sua filha.
Em "A Maldição do Cigano", o advogado Bill Halleck que atropelou a filha de Lemke, consegue sair livre do tribunal, já que o juiz é seu amigo particular. Ao se retirar, todo sorridente, da sala de audiências, ele dá de cara com um velho cigano com uma fisionomia horrível e o nariz carcomido que se aproxima e murmura uma praga em seu ouvido. Ele apenas diz: “EMAGREDICO”. E a partir daí, o infeliz advogado quanto mais come mais emagrece, até ficar pele e osso.
O que faz de Taduz Lemke um dos piores vilões da literatura de terror é o seu espírito vingativo e cruel. Ele é incapaz de perdoar Halleck que se arrepende profundamente e ainda por cima aplica todo tipo de humilhação no desolado advogado. Não há quem não se envolva com o sofrido Bill em sua busca incessante pelo cigano. Uma verdadeira via crucis.
“A Maldição” foi escrito no final dos anos 70 por Richard Bachman, antigo pseudônimo que King utilizava para publicar alguns livros. No Brasil, o livro teve quatro edições: a primeira, pela Francisco Alves, em 1991; a segunda, pela Objetiva, em 1998; a terceira, pela Planeta, em 2004 e finalmente, a mais recente, pela Suma, em 2012, que saiu apenas com o título de “A Maldição”.
Por hoje é só galera. Espero que tenham gostado.
Inté!

14/08/2019

“O garoto que seguiu o pai para Auschwitz” chega ao Brasil no dia 19 de gosto


Quem leu e gostou de histórias como “O Tatuador de Auschwitz”, “O Diário de Anne Frank” e “O Homem Que Venceu Auschwitz”, com certeza também gostará do lançamento da Objetiva que ‘aterrissa” nas prateleiras das livrarias em 19 de agosto próximo. “O Garoto Que Seguiu o Pai para Auschwitz” de Jeremy Dronfield é a mais recente aposta da editora. A obra que já está em pré-venda nas principais livrarias virtuais conta a saga dos judeus austríacos Gustav e Fritz Kleinmann que estiveram nos letais campos de concentração Auschwitz e Bergen-Belsen e conseguiram escapar para contar a história.
A família Kleinmann, judia, morava em Viena. Gustav Kleinmann era estofador e sua mulher, Tini, era dona de casa. O casal tinha quatro filhos: Fritz, Edith, Herta e Kurt. Viviam uma rotina tranquila até o momento em que Adolf Hitler decidiu invadir a Áustria e anexá-la aos domínios da Alemanha nazista. A partir desse momento, a família Kleinmann passou a ser perseguida e estigmatizada. Os amigos com os quais conviviam, se tornaram inimigos, da noite para o dia e o pequeno negócio de Gustav foi expropriado pelos nazistas.
Gustav e Fritz foram presos e levados para Buchenwald, na Alemanha e depois para Auschwitz. Lá, sem direito a nada, os dois foram espancados e passaram fome. Segundo o autor da obra que teve acesso irrestrito as cartas e anotações de Fritz e Gustav, pai e filho comeram o pão que o diabo amassou nesses campos de concentração. Gustav, inclusive, chegou a contrair disenteria e esteve a ponto de morrer, mas, tal como escreveu nas suas anotações secretas, seu ‘pequeno’ [Fritz] era o motivo pelo qual seguia levantando todos os dias. ‘O menino é minha maior alegria. Damos força um ao outro. Somos um, inseparáveis’.”
Com base no diário secreto de Gustav e em uma meticulosa pesquisa documental, Dronfield conta também como pai e filho conseguiram escapar do inferno.
De acordo com alguns críticos literários americanos que tiveram acesso a obra antes de seu lançamento nos States, há vários relatos pesados; horríveis, de fato, mas também existem trechos que retratam a mais pura amizade e o mais sólido amor.
Agora só resta aguardar a chegada de 19 de agosto para comprar correndo “O Garoto Que Seguiu o Pai para Auschwitz”, mas se você é o tipo de leitor desconfiado, garanta já o seu que está em pré-venda.
Valeu galera!   


11/08/2019

Oito enciclopédias em fascículos que deixaram uma baita saudades


Pretendia escrever esse post há vários dias, mas sempre acabava empurrando com a barriga. Isto não quer dizer que o assunto não me inspirava. Pelo contrário, a sucessão de adiamentos tinha um outro motivo, bem mais sério.
Todas as vezes que tentava escrever esse post, me envolvia tanto com as lembranças dos anos 70 - que marcaram a minha geração de leitores e colecionadores de enciclopédias em fascículos - que acabava divagando e me esquecendo do post. Por exemplo, começava a escrever sobre “Conhecer” e já vinham as lembranças daquelas capas  maravilhosas de seus fascículos. Juntamente com essas lembranças, chegava a danada da dispersão, pois o outrora ‘menino’, aqui, retornava à sua infância ou adolescência e ‘perdia’, bem... prefiro dizer: ‘ganhava’, minutos preciosos recordando aquelas décadas, engatando lembranças de minha mãe, uma pessoa que sempre incentivou a minha leitura.
Lembrava, também, das antigas bancas de revista da minha cidade onde ficavam expostos os fascículos de tantas outras enciclopédias. E pronto! Lá vinham mais divagações.
Pois é, eu mais viajava do que escrevia o post. Cara, o tema é muito viciante. Só mesmo aqueles que viveram a época de ouro das enciclopédias em fascículos para entender a magia do assunto. E assim, fui adiando, adiando, adiando até a noite de hoje, quando decidi controlar a minha empolgação e me concentrar no texto. Acho que está dando certo; vamos ver.
Escolhi oito enciclopédias que marcaram demais a minha vida de leitor nos anos 70 e 80 e das quais sinto muita saudades. Vamos à elas.
01 – Conhecer
Como eu amava “Conhecer”. Ficava contando nos dedos a chegada das terças-feiras quando as bancas de revistas recebiam os novos fascículos. Sabia que o meu irmão mais velho iria compra-los e com certeza me deixaria ler.
O que mais me chamava a atenção nas publicações dessa enciclopédia eram as suas capas muito bem elaboradas para uma publicação do gênero da década de 60. Nossa! E como eu viajava com os temas desenhados naquelas capas. Sentia como se estivesse dentro daquele cenário, participando ou observando a ação ilustrada.
As tais capas tinham um poder de sedução tão grande que acabei escrevendo um post inteiramente dedicado a elas (confira aqui). As duas capas que jamais esqueci, traziam as ilustrações de um submarino navegando numa noite estrelada; se não me engano o resumo do tema central desse exemplar - publicado numa tarja amarela ao lado da foto - estava relacionado com átomos ou energia nuclear. A outra capa tinha a ilustração de uma estação espacial e abordava o tema astronomia.
Esta enciclopédia antológica da Abril Cultural foi lançada no longínquo 27 de setembro de 1966. Pelo que eu pesquisei, “Conhecer” chegava nas bancas de jornais e revistas todas as terças-feiras e a cada 15 fascículos com 20 páginas, o colecionador podia comprar uma capa dura vermelha. De posse dos 15 fascículos e da famosa capa vermelha, ele ia correndo até uma gráfica para providenciar a encadernação dos fascículos. Pronto! Estava montada a enciclopédia!
02 – Os Bichos
Mais uma enciclopédia em fascículos que marcou a minha infância e pré-adolescência. “Os Bichos”, lançada pela Abril pela primeira vez em 1970, trazia informações sobre toda a fauna do planeta com belíssimas ilustrações e dados sobre cada animal. A coleção completa formava quatro volumes e mais um especial, dedicado à evolução dos animais.
O texto fluido e recheado de gravuras me prendia da cabeça aos pés como uma teia de aranha. Começava a ler e não conseguia parar. Quando a grana ficava curta, minha mãe dava uma força para comprar o tão desejado fascículo. Foi graças à saudosa ‘mama’ que consegui montar os cinco volumes que traziam ilustrações realistas de todas as espécies de animais.
Apesar dos anos, ainda me lembro das características dos fascículos. Eles tinham a capa branca e trazia sempre a gravura (não foto) de um único animal. No seu interior havia a descrição – em destaque - das características desse animal e também de outros coadjuvantes.
Um dos fascículos que me recordo trazia um leão africano que, praticamente, tomava conta de toda a capa.
03 – Medicina e Saúde
Além de “Conhecer”, meu irmão também colecionava “Medicina e Saúde”. Posso dizer que estas três preciosidades formavam a santíssima trindade das enciclopédias lá em casa. Cara, como essas publicações contribuíram para que o meu gosto pela leitura ficasse cada vez mais exacerbado.
“Medicina e Saúde” era fantástica! Lançada pela primeira vez em 1969, esta enciclopédia, vendida em fascículos, formava dez volumes quando encadernada. Os primeiros seis volumes traziam tópicos sobre doenças e tratamentos em geral, e os quatro volumes adicionais eram guias de primeiros socorros.
A sua capa verde e as ilustrações coloridas e esmeradas do corpo humano não saem da minha memória.
Putz, que enciclopédia!!
04 – Grandes Personagens da História Universal
Lançada pela Editora Abril na década de 1970 “Grandes Personagens da História Universal” se tornou uma verdadeira coqueluche entre os estudantes da época. Infelizmente, não cheguei a colecionar os seus fascículos, mas por outro lado, tive o privilégio de poder devorá-la na biblioteca de minha escola, e completinha. Passava o recreio inteiro folheando os seus volumes e conhecendo a vida de vários personagens da história mundial.
“Grandes Personagens da História Universal” teve cinco volumes com biografias de figuras da História, especialmente da Europa. As ilustrações eram fantásticas e remetiam nós leitores à uma viagem incrível.
Apesar do tempo, ainda consigo me lembrar que essa coleção era da bibliotecária da minha escola que colecionava os fascículos. Ao completar os cinco volumes, ela optou doar para a biblioteca.
A lista da obra variava de personagens desde a antiguidade até o século XIX. Tinha capa dura e toda branca com adornos dourados. Cada fascículo trazia a biografia de um personagem histórico, ilustrada por quadros, mapas e outras reproduções de imagens, além de cronologias da vida da pessoa e de seu contexto histórico.
05 – Enciclopédia Disney
As crianças dos anos 70 fizeram a festa com essa publicação. Acredito que muitos pais foram pressionados ou até mesmo chantageados pela garotada setentista para que comprassem os fascículos da “Enciclopédia Disney”.
A obra foi produzida especialmente para as crianças que se esbaldavam com os personagens da Disney. Mickey, Pateta, Tio Patinhas e Cia bancavam os professores e explicavam diversos assuntos para a gurizada, auxiliando no seu aprendizado.
Os fascículos eram semanais e no final formavam nove volumes ricamente ilustrados, além de um dicionário inglês-português, que também trazia algumas histórias em quadrinhos em inglês.
De fato, uma enciclopédia que deixou muitas saudades.
06 – A Bíblia Mais Bela do Mundo
Quantos anos você tinha em 1965? Neste ano foi lançada uma enciclopédia que fez a cabeça de muitos devoradores de livros.
No dia 1 de maio de 1965 foi às bancas o primeiro fascículo de “A Bíblia Mais Bela do Mundo”. Foram 150 fascículos que em três anos completaram oito volumes ricamente ilustrados. Podemos considera-la a precursora das enciclopédias em fascículos. Somente depois dela é que vieram “Conhecer”, Ciência Ilustrada e outras.
07 – Ciência Ilustrada
Esta enciclopédia foi a “queridinha” dos professores dos anos 60 que cobravam dos diretores de escolas a compra dos fascículos para ficarem expostos nas bibliotecas como fonte de pesquisa dos alunos. Por isso, até antes do surgimento do Google, os volumes de “Ciência Ilustrada” podiam ser encontrados em nove de cada dez estabelecimentos de ensino. Mas com o advento da Internet, a maioria dos educandários optou pelo “encaixotamento” de suas outrora endeusadas enciclopédias.
Os fascículos semanais de “Ciência Ilustrada” também eram vendidos em bancas de jornais. Eles davam origem a 13 volumes – 11 de tamanho grande, com as folhas, e 2 de tamanho médio, com as capas.
A enciclopédia focava especialmente em ciência, abrangendo química, física, biologia, astronomia e até os últimos avanços da tecnologia.
08 – Larousse Cultural
Claro que não poderia deixar de fechar esse post sem a memorável Larousse Cultural. Criada na França em 1964, foi publicada no Brasil pela Editora Abril em 1998, vendida em fascículos aos domingos, em conjunto com os jornais Folha de S. Paulo e O Globo. É um dicionário enciclopédico, com verbetes bem resumidos sobre conhecimentos gerais.
Fico imaginando quantas pessoas iam até as bancas nos anos 90 para comprar A Folha ou O Globo, não com a intenção de lê-los, mas apenas de colecionar os fascículos da Larousse. Por R$ 6,90 (valor atualizado) adicionais ao preço do jornal, o leitor levava o primeiro volume, já encadernado, e ganhava grátis o segundo.
A coleção era formada por 24 volumes impressos em papel de qualidade, com encadernação gravada a ouro. 
E aí, bateu saudades?
Galera, por hoje é só!

07/08/2019

A Herdeira


No mês passado, enquanto estava lendo “A Herdeira” de Sidney Sheldon escrevi no Instagram que o único problema que enfrentamos ao depararmos com um livro do autor é que ele vicia. Por isso, somos obrigados a comprar outros, outros e mais outros e quando percebemos, a nossa estante já está repleta de Sheldon.
Foi isto que aconteceu comigo. Tinha “A Herdeira” perdida em minha estante há muitos anos e numa dessas manhas de inverno, após uma ressaca literária terrível – havia acabado de ler “O Cemitério” de Stephen King - resolvi dar uma quinada de 360 graus. Estava à procura de uma história romântica, tipo folhetim. Foi quando bati os olhos na capa hiper-brega da Record que tinha estampada a foto de uma mulher abraçando um homem e olhando voluptuosamente para ele. “É esse mesmo!”, disse eu, me referindo ao livro.
A minha intenção era ler apenas alguns capítulos, mesmo porque ainda não estava totalmente recuperado da ressaca causada pelo “O Cemitério” , mas quem disse que consegui abandonar a história? Quando percebi estava devorando o livro!
As tramas desenvolvidas por Sheldon são como teias de aranhas que prendem o leitor do início ao fim. Acredito que tenha sido por isso que a escolha de Tilly Bagshawe para substituí-lo não deu certo. Guardada as devidas proporções com relação as diferenças de gênero, seria o mesmo que encontrar um substituto para Stephen King. E olha que “A Herdeira nem mesmo faz parte dos melhores livros de Sheldon, estando ainda abaixo de “A Ira dos Anjos”, “O Outro Lado da Meia-Noite” e “Um Capricho dos Deuses”. Apesar desse porém, a história vicia.
A principal personagem do livro é Elizabeth Roffe que após a morte de seu pai, Sam Roffe, torna-se a principal acionista e consequentemente herdeira de todo o seu império formado por indústrias farmacêuticas espalhadas por vários países. O poderoso conglomerado, capaz até mesmo de derrubar governos, tem o seu capital fechado com as ações divididas entre quatro membros da família Roffe, todos eles casados com as primas de Elizabeth. Sam era totalmente contra a entrada de pessoas estranhas na direção de suas empresas, portanto se qualquer um dos diretores quisesse vender as suas ações para grupos ou pessoas de fora da família teria de convencer todos os acionistas. Resumindo: ele só poderia vender com a concordância unânime da diretoria.
Entretanto esses quatro acionistas da firma – à exceção de Sam Roffe – lutavam com problemas financeiros gravíssimos contraídos com dívidas de jogatinas, amantes ou simplesmente movidos pela cobiça. Foi então que coisas estranhas começaram a acontecer. Fábricas e laboratórios explodiam, patentes eram roubadas, erros de embalagem lançavam no mercado drogas perigosas e em muitos casos a sabotagem era evidente.
Sam Roffe negou-se a ceder às pressões dos outros diretores minoritários e acabou morto num acidente de alpinismo provocado. Ao se tornar a única herdeira de seu pai, Elizabeth passou a ser o alvo dos atentados, já que também se opôs às vendas das ações.
Sheldon trabalha com quatro suspeitos na trama, deixando o leitor “desesperado” para saber quem é o sabotador e o assassino de Sam Roffe. Todos eles tem motivos para ter cometido o crime já que estão completamente endividados, mas em se tratando de Sheldon, você não sabe se pode surgir um quinto ou sexto suspeito, já que o final de suas histórias sempre reserva surpresas inesperadas para os leitores.
Ah! Antes que me esqueça. Os fãs de Sheldon, certamente, devem se lembrar do advogado Napoleon Chotas de “O Outro Lado da Meia-Noite” e “Lembranças da Meia Noite”. Pois é, tenho uma boa notícia para aqueles que irão ler “A Herdeira”: o autor criou um personagem secundário tão bom quanto Chotas e com a mesma pitada de humor. Trata-se do detetive Max Hornung que ganha a simpatia do leitor por causa do seu jeito despojado e bonachão que, na realidade, esconde uma inteligência e sagacidade incomparáveis, além de uma memória fotográfica.
Hornung aparece perto do final da trama, deixando os leitores com um gostinho de quero mais. Pena que Sheldon não o utilizou em outros livros.
Enfim, é isso. “A Herdeira” vale muito a leitura.

03/08/2019

Medicina dos Horrores


Ok, deixe-me contar um segredinho: na minha infância, sempre sonhei ser médico. E olha que esse sonho durou bastante, pelo que eu me lembre, até... os meus 18 anos. Tanto é que cheguei a me inscrever para o vestibular de medicina, mas depois desisti. Sei lá, simplesmente desisti e, então, acabei encontrando o que eu amo até hoje: o jornalismo.
Talvez por essa “paixão adolescente”, após décadas, eu ainda me amarro em livros que abordem temas relacionados a história da medicina, principalmente no que diz respeito a sua evolução através dos tempos. Desse modo, quando vi o lançamento de “Medicina dos Horrores” da escritora e doutora em história da ciência, Lindsey FitzHarris, não titubeei nem um segundo e já reservei o meu exemplar que na época estava em pré-venda.
O livro é fantástico, pois a autora numa linguagem fluída e descomplicada faz com que os leitores tenham uma ampla noção de como era a prática da medicina no século XIX e a luta de um jovem cirurgião chamado Joseph Lister em adotar métodos antissépticos que evitassem as infecções pós-operatórias que matavam milhares de pacientes naquela era.
Hoje, a assepsia se tornou uma pratica comum e ao mesmo tempo obrigatória, mas é difícil acreditar que nem sempre foi assim. Exemplo disso é que até meados do século XIX ela não existia e assim, as cirurgias eram repletas de sangue, dor e podridão.
Cirurgião Robert Liston fazendo a amputação de uma perna em seu paciente. Tempo: 30 segundos!
Numa época pré-anestesia, os procedimentos eram realizados em velocidade máxima – os mais célebres cirurgiões da época amputavam uma perna em menos de trinta segundos -, de modo a amenizar o sofrimento do paciente. Sem luvas e sem o menor cuidado com a higiene básica, alheios à existência dos microrganismos, eles ainda ficavam perplexos com as infecções pós-operatórias e com as taxas de mortalidade implacavelmente elevadas.
O desconhecimento de que o ar continha microrganismos que causavam graves infecções em feridas abertas, levavam esses médicos a realizar publicamente suas operações. Por essa razão, o anfiteatro cirúrgico do University College Hospital de Londres recebia em média, 200 pessoas que se aglomeravam para assistir as cirurgias em uma espécie de arquibancada com grades semicirculares para que o público composto pelos estudantes de medicina, aprendizes, assistentes de cirurgiões e até mesmo espectadores curiosos pudessem acompanhar todo o procedimento.  Muitos deles arrastavam consigo para o recinto a sujeira e a fuligem do dia a dia da Londres vitoriana.
As cirurgias no século XIX eram realizadas em anfiteatros lotados de espectadores
As pessoas se amontoavam como sardinha em lata, e as que ocupavam as últimas fileiras se acotovelavam constantemente para conseguir um ângulo melhor, gritando “Abaixem a cabeça!” toda vez que sua visão ficava bloqueada.
Os médicos e cientistas acreditavam que as doenças contagiosas eram causadas pelo miasma, um odor ruim das ruas e dos rios que se dissipava pelo ar. Por isso, não se usava nenhum método antisséptico na sala de cirurgia.
Na década de 1800, médicos amputavam os dedos das mãos e pés com facas simples
Caixas de madeiras com areia ou serragem eram utilizadas para transportar o sangue das operações, e os cirurgiões e seus assistentes só lavavam as mãos após os procedimentos, assim como os instrumentos cirúrgicos. Os médicos realizavam a operação rapidamente para minimizar possíveis hemorragias. Os cirurgiões andavam com os jalecos manchados de sangue pelas ruas, como se fosse uma espécie de troféu.
Pois é galera, foi esse cenário que Lister tentou modificar. Já adianto que ele conseguiu, mas a duras penas. Ele teve que lutar muito antes de ter os seus métodos aceitos e dessa forma, ser reconhecido como uma verdadeira sumidade na história da medicina. Antes disso, ele foi desacreditado e até mesmo ridicularizado. 
Joseph Lister, o médico que revolucionou o apavorante e bizarro mundo das cirurgias do século XIX
Os cirurgiões daquele tempo, simplesmente não aceitavam que criaturas minúsculas e invisíveis presentes no ar, estavam matando seus pacientes. Levou décadas, além de uma nova geração de cirurgiões, para mudar o paradigma. A aplicação da teoria dos germes à prática médica certamente está entre um dos mais importantes avanços da medicina.
Lister foi o criador da cirurgia antisséptica. Na Escócia, ele investigou problemas relacionados às operações, como a inflamação, a cicatrização das feridas e o papel da coagulação. 
Por volta de 1865, o cientista francês Louis Pasteur desenvolveu a teoria da produção da doença infecciosa por germes, e coube a Lister a plena compreensão do significado e da importância do trabalho de Pasteur. Portanto, a antissepsia e o controle inicial da infecção têm nesses dois nomes a referência histórica que fez mudar os horizontes da cirurgia, fazendo dessa arte uma ciência mais segura no combate às enfermidades.
Escritora e doutora em história da ciência, Lindsey FitzHarris, autora do livro "Medicina dos Horrores"
“Medicina dos Horrores” não se resume apenas a uma biografia de Lister com detalhes curiosos sobre a sua vida. O livro é muito mais do que isso. A autora descreve como foi descoberto o primeiro anestésico, o que levou os médicos a realizarem cirurgias mais demoradas; antes esses procedimento ficavam restritos às amputações. Ela ainda relata casos de cirurgias complexas – que apesar da falta de assepsia – já eram realizadas naquele tempo, como tumores malignos no rosto e nas mamas. Os leitores ainda tem a oportunidade de conhecer os médicos famosos da década de 1800, como Robert Liston que foi considerado o cirurgião mais rápido do mundo. Ele ficou famoso pelo inusitado talento de amputar uma perna em menos de 30 segundos.
Mas – pelo menos no meu caso – o que me chamou mais a atenção foram os capítulos dedicados a Liston que mostraram como foi a sua luta para mudar o panorama caótico das cirurgias do século XIX, fazendo com que elas deixassem de ser realizadas nos teatros abarrotados de pessoas e passassem para as salas cirúrgicas dos hospitais com todos métodos antissépticos necessários.
Além disso, “Medicina dos Horrores” mostra também os desafios de Liston como cirurgião que tinha o hábito de enfrentar casos complicados que outros médicos sempre procuravam evitar.
Enfim, um livro incrível e que eu recomendo para todos os leitores do blog. Parabéns ainda para a editora Intrínseca que caprichou no layout da obra. A publicação em capa dura e com as bordas das páginas na cor preta, certamente, merece um lugar de destaque em sua estante.
Boa leitura!

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