30/03/2020

O Escravo de Capela


Não considero O Escravo de Capela do escritor e cineasta catarinense, Marcos DeBrito um livro de terror. Na minha opinião a obra está muito mais para um drama, e diga-se, um drama bom pra caráculas. Daqueles que fisgam o leitor como um anzol. Cara, não conseguia largar o livro. Acredito que o conhecido autor Raphael Montes, de Jantar Secreto e Suicidas definiu muito bem e em poucas palavras o efeito que a obra causa nos leitores. Ele disse que cada página de O Escravo de Capela é ‘como um golpe cruel de chicote, daqueles que saem muito sangue’. E é verdade. A história tem o poder de deixar à flor da pele do leitor uma miscelânea de emoções, algumas bem fortes: raiva, ódio; mas também muita emoção e até mesmo um certo lirismo como no capítulo final, onde fica no ar um clima de recomeço e esperança, apesar de todo o sofrimento decorrido ao longo da trama. Não posso falar mais porque vou acabar estragando esse texto com spoilers, o que seria um grande pecado já que o livro, como foi dito, é fantástico.
Quando você escreve uma trama, por melhor que ela seja, se os personagens não tiverem o carisma necessário para segurar esse enredo ou se o autor cair no erro de torna-los caricatos, aí... bye, bye. No caso de DeBrito, ele conseguiu compor personagens complexos que guardam segredos que provocam reviravoltas surpreendentes e importantes na trama. Desde o núcleo composto pelos poderosos personagens que vivem no conforto da casa grande da Fazenda Capela até os sofridos escravos que derramam o seu sangue e suor na senzala e no pelourinho da vasta propriedade.
O carisma tanto de vilões quanto da chamada tchurma do bem propicia à excelente trama o tempero certo, nem tão salgado, nem tão insosso. Nem mesmo o sadismo e maldade extrema do feitor Antônio Segundo, filho do proprietário da Fazenda Capela, que trata os escravos na ponta do chicote e no fio da peixeira caem na chatice da caricatura.
Cada um desses personagens tem as suas particularidades e os seus segredos que prendem a atenção da galera: Antônio Batista Vasconcelos, Damiana, Inácio, Sabola e claro Akili. E quando esses segredos começam a ser desvendados, prepararem-se para os chamados plot twists; um deles, aliás, de derrubar o queixo.
Perceberam que acabei me prendendo nos personagens e deixei de lado uma outra informação que muitos blogueiros acreditam ser o fio principal da trama: a desmistificação do Saci-pererê e como bônus, também da mula sem cabeça? Pois é, para aqueles que ainda não estão familiarizados com o enredo de DeBritto, vale lembrar que ele desfaz, totalmente, em sua obra o mito do Saci que nós aprendemos a conhecer em nossa infância e adolescência. Esqueça o Saci peralta e ‘boa gente’ do Sítio do Pica-Pau Amarelo. O personagem de O Escravo da Capela é vingativo, sanguinário e violento, mas nem por isso, deixamos de torcer por ele durante boa parte da trama.
Ok, respeito aqueles que afirmam ser essa desmistificação a pedra fundamental de toda a trama, mas para mim, a pedra angular continua sendo o carisma dos personagens muito bem composto pelo autor. Um carisma tão grande que chega a superar o famoso e desmistificado Saci.
Em O Escravo da Capela, DeBrito utiliza como cenário, a cruel época do Brasil Colônia quando a escravidão reinou no País. Já aviso que a carga dramática do livro é enorme e com alguns trechos bem violentos, inclusive certo momento que deverá chocar muitos leitores. Afinal, não poderia ser diferente, já que nesta época, a violência desmedida predominava nas grandes fazendas de engenho que mantinham centenas de escravos nas senzalas vivendo sob as piores condições, além dos pelourinhos onde vários desses escravos eram castigados de maneira cruel. Toda essa realidade é retratada no livro.
O enredo tem basicamente dois núcleos: a família Cunha Vasconcelos com seus segredos e a sua maneira violenta e sanguinária de tratar os escravos, e no outro o escravo recém-chegado Sabola Citiwala e sua resistência aos grilhões. Essas duas histórias, recheadas de personagens marcantes, se cruzam garantindo muitas surpresas e reviravoltas.
Vale a pena conferir.
Boa leitura!

27/03/2020

A Queda do Morcego será lançada em abril pela Panini


Imagine como me senti ao ver o Superman levando uma surra de um monstro alienígena impiedoso e logo em seguida ser morto cruelmente pela fera. Caraca! Naquela época, em minha concepção, o Homem de Aço era invencível; o sujeito mais forte de todo o universo! Entonce, vem a bomba: a morte do cara que para  mim não tinha nenhum adversário.
Tudo bem, mas as pancadas não pararam por aí; na sequencia o Lanterna Verde, outra cara fodástico e ‘super do bem’, virou um terrível vilão, mas confesso que nada disso doeu mais do que ver o morcegão apanhar como um pobre coitado e depois ter a coluna quebrada por um brutamontes chamado Bane. O espancamento foi tão brutal que Bruce Wayne / Batman acabou ficando paraplégico, indo parar numa cadeira de rodas.
Só fui entender a necessidade dessas mudanças drásticas no arco das histórias desses heróis e super-heróis, alguns anos depois.

A Queda do Morcego (Knight Fall no original), foi planejada e escrita em um momento em que a editora de quadrinhos DC Comics, assim como a própria indústria de histórias de quadrinhos passava por grave crise de vendas. Buscando chamar a atenção da mídia e atrair novos leitores, a DC decidiu provocar mudanças drásticas em alguns dos seus principais personagens. Assim, o Superman foi morto, o Lanterna Verde virou um vilão e o Aquaqman tornou-se um personagem amargo após ter uma das mãos devorada. Quanto ao Batman, planejou-se deixá-lo paraplégico, preso em uma cadeira de rodas e substituído por um Batman mais moderno e violento.
Se a indústria das HQs não agisse dessa maneira, criando um plano de contingência, provavelmente acabariam fechando as portas. A DC Comics não pensou duas vezes e procedeu uma verdadeira reviravolta no destino de seu elenco estelar de super-hefróis. A Marvel, também não ficou atrás e mandou ver nas mudanças impactantes, mas sem dúvida, a surra tomada pelo Batman foi a mais chocante de todas as mudanças promovidas no mundo dos quadrinhos. E quer saber de uma coisa? A história do morcegão levando pancadas do Bane fez tanto sucesso que conseguiu reerguer a DC, fazendo com que a editora voltasse ao topo.
Em 1995, a Abril Jovem publicou o arco nas revistas em formatinho: Liga da Justiça e Batman,Batman (quarta série) e Super Powers.
Agora, os fãs de Batman acabam de receber uma excelente notícia, a Panini vai republicar a saga que quebrou o Batman ao meio em três encadernados, sendo Batman – A Queda do Morcego – Volume 1 (formato 17 x 26 cm, 640 páginas, capa cartonada, R$ 85,90) o primeiro deles.
Este volume já está em pré-venda na Amazon Brasil com frete grátis para usuários Prime. A publicação deve aterrissar nas livrarias no próximo dia 20 de abril.
Em A Queda do Morcego, após anos seguidos imerso em violência, injustiça, loucura e crueldades, Bruce Wayne começa a apresentar leves sinais de estafa e esgotamento físico e psicológico, os quais foram piorando dramaticamente em pouco tempo, a ponto de nem todo o treinamento psicológico do vigilante conseguir mais mantê-lo em paz, levando a um estado de estresse físico e mental grave e crescente. Por isso, Bruce é obrigado a procurar ajuda médica para superar o problema. Paralelamente, chega à cidade de Gotham City o homicida Bane. Tratava-se de um ambicioso e excelente estrategista, o qual desenvolvera uma fixação por derrotar o lendário "Cavaleiro das Trevas" e tomar a sua cidade, dominando o submundo criminoso.
Bane arquiteta um plano para derrotar o morcego e assim, promove a fuga do Asilo de Arkham os inimigos mais mortais do Cavaleiro das Trevas: Coringa, Duas-Caras, Chapeleiro Louco, Charada, Hera Venenosa, Espantalho, Crocodilo, Vagalume e Zsasz. Batman, mesmo esgotado física e psicologicamente, enfrenta todos eles, um por um em um combate perigoso. Mas, escondido no meio desse caos, está a ameaça mais perigosa de todas: Bane.
Queda do Morcego é considerada uma das sagas mais emblemáticas do universo do Batman. Uma saga que todos os fãs do herói tefriam obrigação de ler.


24/03/2020

10 livros sobre epidemias mortais para ler em tempos de coronavírus


Hollywood sempre viu nas epidemias e pandemias um grande chamariz para a produção de filmes de sucesso, verdadeiros blockbusters. Os sucessos dessas produções provaram que a maioria dos cinéfilos se amarram naqueles enredos onde um grupo de destemidos cientistas se unem em busca do controle e também da cura de algum vírus que esteja dizimando a população em todo o mundo. Geralmente esse vírus é proveniente de algum país distante ou então sintetizado em laboratórios de máxima segurança, mas por descuido de algum incauto cientista acaba se espalhando pelo mundo afora. Foi assim com “Epidemia” (1995), Cabana do Inferno (2005), Fim dos Tempos (2008), além de outros.
Na literatura não é diferente. Temos muitos livros que abordam o mesmo tema amado por Hollywood, o que deixa claro a queda de muitos escritores por um personagem incomum chamado: “Sr. Vírus”, de preferência mortal.
Acredito que grande parte dos leitores do blog já descobriram o motivo da postagem, mesmo assim, vou explicar rapidamente. Durante a semana, três amigos me disseram se eu poderia indicar alguns livros sobre epidemias, fossem romances ou não. Ao perguntar o motivo, eles responderam que devido a pandemia de coronavírus, acabou pintando aquela vontade de ler obras parecidas com a situação complicada que estamos vivendo. Pois é, sem querer, eles acabaram me dando uma grande ideia, a qual vocês estão desfrutando agora. Neste post procurei selecionar dez obras que abordam o tema epidemia, a maioria deles romances; acho que escolhi apenas um livro técnico; mas vamos à nossa listagem.
01 – A Peste (Albert Camus)
Quem diria que uma narrativa escrita em 1947 voltasse ao topo dos mais vendidos após mais de 70 anos? Este fenômeno aconteceu com A Peste, do escritor franco-argelino Albert Camus. O livro tem atraído a atenção de muitos leitores em diversos países da Europa, em meio a pandemia de coronavírus.
A obra publicada após o fim da Segunda Guerra Mundial, conta a história da chegada de uma epidemia, a peste bubônica, à cidade argelina de Orã. O personagem principal é um médico, Rieux, que combate a doença até o momento em que ela se dissipa, depois de muitas mortes. O narrador descreve como a população reage, indo da apatia à ação, e como alguns se expõem a risco para enfrentar a disseminação da doença.
Há aproveitadores, como um personagem que lucra com um mercado paralelo de produtos. Os personagens do livro ajudam a mostrar os efeitos que o flagelo causa na sociedade.
Alguns críticos consideram A Peste uma metáfora dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Camus é considerado um dos mais importantes e representativos autores do século XX. Prova disso é que conquistou o Prêmio Nobel de Literatura/Romance no ano de 1957
02 – Ensaio Sobre a Cegueira (José Saramago)
Ensaio Sobre a Cegueira foi escrito pelo português José Saramago e publicado em 1995. O romance traduzido em diversas línguas se tornou um dos mais famosos e renomados do escritor e fora, sem dúvida, um dos principais motivos para a escolha dele ao prêmio Nobel de literatura em 1998.
A obra narra a história da epidemia de cegueira branca que se espalha por uma cidade, causando um grande colapso na vida das pessoas e abalando as estruturas sociais. A cegueira começa num único homem, durante a sua rotina habitual. Quando está sentado em seu carro no semáforo, este homem tem um ataque de cegueira. No momento em que várias pessoas correm para ajuda-lo, tem início a cadeia de transmissão da doença que se alastra rapidamente em forma de epidemia.
O governo decide agir, e as pessoas infectadas são colocadas em uma quarentena com recursos limitados que irá desvendar aos poucos as características primitivas do ser humano.
Saramago mostra, através desta obra intensiva e sofrida, as reações do ser humano às necessidades, à incapacidade, à impotência, ao desprezo e ao abandono.
O livro ganhou uma adaptação cinematográfica em 2008 dirigida por Fernando Meirelles.
03 – O Último Homem (Mary Shelley)
A escritora britânica Mary Shellley que ficou mundialmente conhecida como a autora de Frankenstein, lançou O Último Homem em 1826 quando tinha 29 anos. Assim como na obra anterior e mais conhecida Frankenstein (1818) - envolvida com questões científicas do eletromagnetismo, química e materialismo - O Último Homem aponta novamente para esta mesma Shelley sempre interessada em compreender o alcance da investigação científica.
O enredo se passa numa sociedade futura, num momento de devastação pela peste bubônica. Lionel Verney é o narrador, membro de uma família nobre que perdeu suas riquezas, que assiste ao colapso ao seu redor se tornando o único sobrevivente dessa tragédia.
Especialistas costumam ressaltar os retratos autobiográficos de figuras do círculo da autora, como seu falecido marido, Percy Bysshe Shelley e Lord Byron.
O leitor acompanha também o cotidiano da irmã de Lionel, Perdita, casada com Lorde Raymond, que se torna chefe de estado. Além deste núcleo familiar, há outros personagens interessantes cujas histórias, amores, desamores e interesses pessoais acabam sendo colocados em segundo plano devido a conflitos políticos. Mas, entre reis, princesas e desavenças, cabe a praga descontrolada ditar as atitudes humanas.
Os revisores da editora responsável pela primeira publicação do livro o consideraram "doentio" e criticaram suas crueldades "estúpidas", e chamaram a imaginação da autora de "enferma". A reação assustou Mary Shelley, que prometeu a sua editora um livro mais popular, da próxima vez. No entanto, mais tarde, ela falou de O Último Homem como uma de suas obras favoritas. O romance não foi republicado até 1965. No século XX, a história recebeu uma nova atenção da crítica e passou a ganhar o merecido destaque.
04 – Um Ano de Milagres (Geraldine Brooks)
Em Um Ano de Milagres, a escritora australiana Geraldine Brooks (1955) conta a história de uma remessa de tecidos infectados, vinda de Londres, que espalha a peste por uma aldeia isolada nas montanhas durante o século 17, precisamente no ano de 1666. A partir do ponto de vista da arrumadeira Anna Frith, o livro narra a peste que matou quase um quinto da população inglesa, se inspirando na história real do vilarejo de Evam, na Inglaterra.
Um detalhe curioso que vale a pena destacar é que este romance histórico é baseado na verdadeira história da aldeia inglesa Eyam, no período medieval, ou seja, Brooks criou uma narrativa fictícia baseada na realidade vivida por aqueles moradores.
O livro detalha a decisão de um pequeno vilarejo de se isolar quando a peste bate na porta dos moradores, com o objetivo de não espalhar esta doença que causa uma morte tão dolorosa, rápida e sem controle, para vilarejos vizinhos.
Um Ano de Milagres é fruto de uma pesquisa minuciosa em arquivos médicos e históricos para que a escritora – vencedora do prêmio Pulitzer de ficção em 2006 com o livro O Senhor March – pudesse descrever com realismo e riqueza de detalhes os costumes, a mentalidade, as superstições e o cotidiano da Inglaterra rural da época.
05 – O Enigma de Andrômeda (Michael Crichton)
Evidentemente não poderia deixar de incluir nessa lista um livro do escritor que foi considerado um dos mestres da ficção científica contemporânea: Michael Crichton. Pena que ele morreu em 2008 e nos deixou privados de seus enredos fantásticos.
Neste livro seu primeiro romance de scifi publicado originalmente em 1968, um satélite espacial cai em uma pequena cidade do Arizona, trazendo consigo um vírus letal que pode causar uma catástrofe biológica de proporções nunca vistas. Um grupo secreto composto pelos mais renomados cientistas de suas áreas é reunido pelo governo americano e colocado em uma instalação sofisticada para descobrir a cura para esse vírus, antes que seja tarde demais.
OEnigma de Andrômeda não tem catástrofes, nem correrias. Crichton escreve de uma de tal maneira que faz com que o leitor se sinta parte da equipe de cientistas, como se ele estivesse ali, ao lado dos quatro pesquisadores, também descobrindo detalhes importantes que podem ajudar na investigação do fato. Cada descoberta é minuciosamente explicada aos leitores como se corpo científico estivesse falando conosco.
Por todas essas características, o livro cria uma cumplicidade impar com os leitores, como se os convidasse a ajudar os pesquisadores em suas descobertas.
06 – Estação Onze (Emily St. John Mandel)
Este livro tem tudo a ver com a pandemia de coronavírus. Suponhamos que uma epidemia mortal como esta que estamos vivendo saia do controle das autoridades médicas. Já pensou como seria tenso? Como ficaria a situação em todo o mundo após 15 ou 20 anos? Estação Onze da escritora canadense Emily St John Mandel tem muitas particularidades nesse sentido.
No romance, uma praga mortal chamada Gripe da Geórgia causa um verdadeiro estrago, dizimando populações em todo o mundo.
A autor começa contando que certa noite, um famoso ator sofre um ataque cardíaco no palco, durante a apresentação de “Rei Lear”. Um paparazzo com treinamento em primeiros socorros, vai em seu auxílio. Uma atriz mirim observa horrorizada a tentativa de ressuscitação cardiopulmonar enquanto as cortinas se fecham. Nessa mesma noite, uma terrível pandemia de gripe começa a se espalhar e destrói, quase por completo, toda a humanidade.
Quase 20 anos depois, aquela atriz mirim que viu chocada a tentativa de ressuscitamento do ator viaja com a sua pequena trupe de artistas pelos assentamentos do mundo pós-calamidade, apresentando peças de Shakespeare e números musicais para as comunidades de sobreviventes da pandemia de gripe.
A narrativa apresenta a vida antes e depois da pandemia que tomou conta do mundo no universo ficcional criado por Emily Mandel. De forma comovente e cheia de reviravoltas, a obra traz um novo ângulo para o formato: os desdobramentos e consequências da praga, 20 anos mais tarde.  
07 – Um Diário do Ano da Peste (Daniel Defoe)
Vocês se lembram que citei no início da postagem que havia selecionado um livro técnico para fazer parte dessa lista? Então, está aí o tal livro. Trata-se de Um Diário do Ano da Peste do escritor e jornalista francês Daniel Defoe nascido em 1660.
A obra é uma reportagem sobre a epidemia de peste bubônica que dizimou 70 mil vidas em Londres, no ano de 1665. Um Diário do Ano da Peste, que tem sido um modelo de rigor descritivo há quase 300 anos, mistura realidade e ficção. O autor cria personagens e diálogos que recompõem um clima novelesco, mas sem deixar de registrar os fatos com o olhar apaixonado de um repórter.
O livro é escrito em primeira pessoa com o narrador explicando os motivos que não o levaram a abandonar Londres no início da epidemia, como centenas de pessoas estavam fazendo. Os olhos do narrador fazem o papel dos olhos dos leitores que passam a conhecer o sofrimento de todas as pessoas atingidas pela peste terrível. Ele vai presenciando ou ouvindo de outras bocas o relato do avanço da doença em Londres.
Através da narrativa do personagem, o leitor se depara com pessoas saudáveis que são trancadas em suas casas com familiares doentes, mulheres que ficam uivando desesperadamente nas janelas de suas casas que foram marcadas com o sinal da peste, valas abertas onde os cadáveres eram simplesmente jogados, sem terem sequer o enterro cristão, pois ninguém se arriscaria a ser contaminado.
Na fala do narrador, percebemos a moral religiosa do século XVII e XVIII, na qual a peste era considerada o castigo da mão de Deus por todas as faltas cometidas pelos londrinos, 
Autor do romance “Robinson Crusoé” (1719) e de mais de outras 500 obras, Daniel Defoe é considerado o primeiro grande romancista inglês, além de ter sido um precursor do jornalismo moderno. Ele morreu em 1731.
08 – A Peste Negra (Gwyneth Cravens e John S. Marr)
Este livro escrito em 1976 parte de uma premissa muito interessante: como seria  nos dias de hoje uma epidemia da peste negra que assolou a Idade Média, dizimando grande parte da população?
O livro faz parte da minha lista de leituras e está bem acomodado na estante. Pretendo lê-lo o mais rápido possível. Vale destacar que os dois autores entendem do assunto. Gwyneth Cravens é escritora, jornalista e cronista, é autora de numerosos contos publicados no “The New Yorker”, “Harper’s Magazine”, “Transatlantic” e em outras grandes revistas norte-americanas, muito deles figurando já em antologias. Quanto ao seu parceiro, John S. Marr, é um epidemiologista especializado em surto de doenças infecciosas. Foi diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da cidade de Nova York, onde investigou vários surtos de doenças infecciosas, incluindo febre tifoide, botulismo, amebíase e gripe suína.
Em A Peste Negradescreve-se uma nova e fulminante epidemia que atinge Nova York na década de 1970. No regresso de uma festa campestre, uma moça adoece gravemente com sintomas da terrível doença e dentro em pouco, Manhattan inteira estará ameaçada pela peste negra. Começa, então, a longa perseguição movida por um jovem médico do Serviço de Saúde da cidade para, em luta contra o tempo, situar cada uma das pessoas que tiveram contato com a jovem e que podiam ter sido contagiadas pela doença infecciosa, ignorantes do mal implacável que traziam consigo.
Rapidamente, porém, o surto epidêmico de propaga. Dessa maneira, Nova York acaba se transformando num imenso cemitério. Então, é a vez de os sobreviventes colaborarem com a medidas governamentais para localizar o mal e salvar ainda o resto do País.
09 – Vírus (Robin Cook)
Na época de seu lançamento, 1988, o vírus Ebola – descoberto em 1976 – era o grande ‘bicho-papão’ do momento, engolindo outras pragas tão mortais quanto ele. Aproveitando a onda, o autor acabou decidindo usar o Ebola como o astro principal de seu 7º romance. Ponto para ele porque acabou criando um enredo que é puro suspense: não só devido ao conhecido vírus, mas também por causa do carisma de uma personagem sensacional: Drª Marissa Blumenthal, que graças ao sucesso desse livro passou a protagonizar outras publicações do autor.
Em Vírus, Blumenthal luta para desmascarar uma conspiração que pode colocar em risco a vida de milhares de pessoas.  Tudo começa na África quando um médico morre de uma doença misteriosa. Logo em seguida, também morre um grande número de africanos com sintomas semelhantes. Depois de algum tempo, várias pessoas começam a morrer em um centro médico de Los Angeles de um vírus misterioso e devastador. O contágio vai avançando como um rastro de pólvora.
A Drª Blumenthal do CDC (Centro de Controle de Doenças) começa a investigar a doença, a fonte de contágio e a cura para um vírus que, até então, estava restrito apenas à laboratório de pesquisa.
A médica tem que agir logo, antes que o Ebola ganhe as ruas e comece a contaminar as pessoas, fazendo com que a epidemia fuja totalmente do controle das autoridades de saúde, o que teria resultados devastadores.
Numa situação tão dramática como esta, a médica a cada passo dado, irá descobrir que há por entre os seus superiores, pessoas interessadas em que a verdade não apareça. O final é surpreendente. 
10 – A Dança da Morte (Stephen King)
Não poderia deixar de fechar essa lista com o livro do mestre do terror Stephen King. Lançado originalmente em 1978, A Dança da Morte é considerado por muitos fãs como o melhor livro da carreira do autor. Nele, uma poderosa arma biológica é acidentalmente libertada de uma base secreta nos Estados Unidos. Um vírus extremamente mortal acaba dizimando quase toda a população da terra, excetuando uma pequena parcela resistente a ele. Logo os sobreviventes se veem divididos e são obrigados a optar entre uma bondosa senhora de idade chamada Mãe Abigail ou um ser misterioso chamado Randall Flagg, cuja primeira atitude no momento de crise é recrutar a escoria da sociedade sobrevivente para formar o seu “batalhão”, tencionando conquistar, com eles, o que restou da civilização moderna pós apocalíptica. A partir daí começa um embate estilo “duro de matar” entre os dois grupos.
Recentemente, King disse que o novo coronavírus não é mais sério do que a doença criada por ele em A Dança da Morte. "Não, o coronavirus NÃO É como 'A Dança da Morte'. Não é nem de longe tão séria quanto. É eminentemente possível sobreviver. Mantenham-se calmos e tomem todas as precauções necessárias", escreveu o autor no Twitter....
Beleza galera? Espero que tenha contribuído com algumas indicações de livros para as pessoas que estão interessadas em ler enredos que se assemelhem ou pelo menos cheguem perto dos tempos de coronavírus que estamos vivendo.
Tchau! 

21/03/2020

Amazon, editoras e escritor disponibilizam livros gratuitos para baixar neste período de quarentena por causa do coronavírus


Nem tudo é pânico, medo e desconfiança nesses tempos de coronavírus; a solidariedade também se faz presente. Depois da bela atitude das operadoras de TV que abriram o sinal de canais fechados para não assinantes, chegou a vez das editoras e livrarias on line também abraçarem essa corrente de solidariedade. Algumas delas estão disponibilizando e-books gratuitos para os brasileiros que estão em quarentena durante esse período tão difícil e complicado para a saúde pública mundial.
Eu só tenho que parabenizar, e muito, a atitude dessas empresas que através de uma estratégia inteligente estão estimulando as pessoas a ficarem em casa, evitando aglomerações e assim, não contraindo o vírus causador da Covid-19. E nada melhor do que um livro para quebrar o tédio daqueles leitores acostumados a agitação do dia a dia.
A Amazon do Brasil, por exemplo, disponibilizou centenas de e-books que podem ser baixados gratuitamente (ver aqui). Há possibilidades do leitor escolher entre literatura clássica, até dissertações de mestrado e doutorado para ajudar nos estudos em casa. Além disso, há também livros de ficção científica, produções sobre filosofia, etnias e história.
Paulo Coelho também disponibilizou e-books gratuitos
Qualquer obra em e-book adquirida na Loja Kindle da Amazon pode ser lida nos dispositivos e-readers Kindle, mas também no aplicativo gratuito Kindle para computadores, tablets e smartphones Android ou iOS. Fazem parte da relação títulos famosos como: O Homem Mais Inteligente da História (Augusto Cury), Contos de Terror, de Mistério e de Morte (Edgar Allan Poe), “Me Poupe! 10 Passos Para Nunca Mais Faltar Dinheiro No Seu Bolso (Nathalia Arcuri), Macunaíma (Mário de Andrade), Dom Casmurro (Machado de Assis), Frankenstein (Mary Shelley), Drácula (Bram Stoker), E Se Tocássemos o Céu (Léo Oliveira), além de muitos outros.
A editora L&PM, conhecida por seus livros de bolso, tem disponibilizado um e-book gratuito por dia. Os títulos vão de Alice no País das Maravilhas até Viagem ao Centro da Terra. A ação dura até o fim do mês de março. Os livros poderão ser acessados por diversas plataformas, como Google Play e Kindle, dispositivo de leitura da Amazon.
Quanto a editora a editora Leya liberou um título em e-book gratuito, o livro Mulheres Empilhadas, de Patrícia Melo, best-seller nacional que conta a história de uma advogada paulistana que vai ao Acre encarar casos de feminicídio.
Ponto também para o escritor Paulo Coelho que disponibilizou alguns de seus livros para download em seu blog. São eles: Manual do Guerreiro da Luz (em inglês), Manuscrito Encontrado em Accra (em inglês, francês e italiano), O Caminho do Arco (em inglês e espanhol), e Brida (em português). 
Mil vezes obrigado a todos vocês: editores, livreiros e escritores que não foram egoístas nesse período tão delicado para os leitores brasileiros, passando a disponibilizar gratuitamente  muitas de suas obras.
Valeu!

19/03/2020

Doutor Sono


Demorei pouco mais de cinco anos para ler Doutor Sono de Stephen King e nesse intervalo de tempo, quase acabei desistindo. Já disse, aqui, no blog que detesto continuações de livros considerados clássicos, daqueles que são tão bons, mas tão bons que não merecem ser estragados com uma continuação. Eles tiveram um início-meio-fim tão perfeitos que devem ser colocados na galeria das obras antológicas e ficarem por alí, quietinhos.
Tivemos exemplos desastrosos de autores e co-autores que insistiram em prosseguir com um enredo que já estava fechado de forma brilhante e acabaram se dando muito mal. Entre tantas obras perfeitas que ficaram manchadas por culpa de uma sequência desastrosa estão O Chefão, E O Vento Levou e O Reversoda Medalha. As malfadadas continuidades A Volta do Poderoso Chefão, Scarlett e A Senhora do Jogo estão aí e não me deixam mentir.
Por isso quando King anunciou a sequencialização de O Iluminado – considerado por muitos leitores e críticos como a sua grande obra – juro que não me senti nem um pouco atraído. Afinal, já tinha devorado e amado O Iluminado e isso, já me bastava.
King foi muito feliz no fechamento de seu clássico, amarrando todos os fios que ainda estavam soltos. Um final que me satisfez. Então, vem o anuncio de que o autor iria contar a história de Danny Torrance, agora adulto. Confesso que ao ver a sinopse fornecida pela editora fiquei desinteressado, mas então vi o livro numa promoção e acabei comprando com o seguinte pensamento: “Vou ler as primeiras páginas, se perceber que o enredo original está sendo deturpado, paro de ler e pronto”.
Quer saber o que aconteceu? Acabei queimando a língua. Cara, o livro é muito bom! Dizer que é melhor do que O Iluminado seria um exagero, mas posso afirmar que a continuação da história de Dan Torrance está à altura do enredo original.
Ao escrever Doutor Sono, King criou uma história que não precisa usar O Iluminado como muletas. Doutor Sono é um outro livro, uma outra história, narrando a saga de Danny, agora adulto, depois do terrível acidente envolvendo o Overlook Hotel, ou seja, King não tenta mexer, mudar ou criar teorias e suposições no enredo de O Iluminado. O que ele escreveu em 1977 está sagrado e sacramentado. Não precisa mudar nada. O que ele faz em Doutor Sono, de forma magistral, é trazer novamente o personagem Dick Hallorann para uma breve participação, como mentor de um Danny ainda criança que após toda a muvuca no Overllok, ainda sofre com terríveis pesadelos envolvendo aquela ‘tchurma’ de fantasmas da pesada que moravam no sinistro hotel que voou para os ares após a explosão de uma caldeira. É muito bom ver a volta de Dick. Putz... e como é bom. Ele foi um dos personagens que mais curti em O Iluminado.
Dick aparece apenas nas oito páginas iniciais de Doutor Sono; depois só volta a ser mencionado no meio do livro. Mas a sua pequena aparição, como já disse, vale muito a pena.
King não perde tempo em encher linguiça com os eventos que aconteceram imediatamente depois da explosão do Overlook Hotel, mesmo porque tudo o que precisava ser dito já foi explicado nos últimos capítulos de O Iluminado. Nas oito páginas iniciais da obra, o autor já arremata a história do Danny “criança” Para mergulhar de cabeça no enredo do Danny “adulto”. Provando que é um dos melhores escritores do gênero nos últimos tempos, essas poucas páginas do capítulo chamado “O Cofre” terão uma estreita relação com os capítulos finais quando acontece o tão esperado embate envolvendo as forças do bem e do mal.
Posso garantir que o Dan “adulto” é tão complexo e interessante quanto o Dan “criança”.  Aliás, King conseguiu criar dois personagens – Danny e Abra – muito carismáticos, à sua maneira: Dan, um alcóolatra que luta para largar o vício e Abra, uma criança com um gênio de cão, mas ao mesmo tempo com um coração enorme. Acredito que a galera irá curtir os dois e torcer muito por eles.
Os acontecimentos de Doutor Sono rolam trinta anos depois da terrível experiência vivida por Danny no Overlook Hotel. King dá continuidade a essa história contando a vida de Dan, agora um homem de meia-idade, e Abra Stone, uma menina de doze anos com um grande poder. Seus destinos se cruzam com uma tribo chamada “Verdadeiro Nó”, que viaja em trailers pelas rodovias da América. Eles parecem inofensivos – em sua maioria idosos, com roupas fora de moda, vivendo como nômades. A líder da tribo se chama “Rose Cartola” por causa de uma misteriosa cartola que usa num ângulo sempre torto, a qual nunca cai. Ela tem grandes poderes telepáticos, a exemplo dos outros integrantes da misteriosa tribo.
Dan e Abra descobrem que o Verdadeiro Nó é um grupo quase imortal, que se alimenta do vapor exalado por crianças iluminadas quando são lentamente torturadas até a morte.
Apesar das suas mais de 480 páginas, li Doutor Sono em quatro dias por causa do seu enredo tenso que faz com que o leitor queira saber imediatamente o que irá acontecer com Dan ou Abra nas próximas páginas. Os capítulos finais, entonce...  a tensão passa a ser dobrada. O embate telepático entre as forças representando o bem e o mal é muito tenso, cara. O leitor fica com coração nas mãos.
Livraço!

16/03/2020

Trocas Macabras: o livro de Stephen King anunciado pela Suma há quase dois anos, mas até agora... nada

Edição rara lançada em 1992
Galera, tentem digitar “Suma Trocas Macabras” no Google. Vai lá e vejam o que acontece. Fiz isso ontem, anteontem, antes de anteontem, há um mês, dois meses e quer saber qual foi a postagem mais recente sobre o assunto que surgiu no “Santo Google”? Do ano de 2018, de maio ou junho, acho. Isto significa que há quase dois anos a editora Suma – recentemente adquirida pelo grupo Companhia das Letras – não dá nenhuma informação sobre o tão prometido relançamento de Trocas Macabras que fará parte da coleção “Biblioteca Stephen King” que ao que parece, por sua vez, deu uma bela encalhada.
Vamos aos fatos. No dia 15 de maio de 2018, numa sexta-feira, a Suma anunciou em seu newsletter Nerds, que os próximos volumes da “Biblioteca Stephen King”, seriam Trocas Macabras e A Metade Negra. Pois é, o segundo chegou em março de 2019, quanto ao primeiro, nem sinal. Se formos colocar na ponta do lápis, já se passaram quase um ano e 10 meses do anuncio da vinda de Trocas Macabras. Com certeza, dentro de poucas semanas iremos completar dois anos de falsa esperança.

Acredito que a Suma foi com muita sede ao pote. Na minha opinião deveria ter anunciado apenas a publicação de A Metade Negra e já estaria de bom tamanho, aliás, de muito bom tamanho, mas a editora não se conteve e acabou prometendo algo que não foi cumprido num prazo de quase dois anos. Desculpe-me a sinceridade, mas na minha opinião quando uma editora promete o lançamento de um livro, ele tem que sair do prelo num período de seis meses ou um ano, já ‘estourando o que já estourado’, caso contrário o leitor ficará desestimulado com o tal lançamento e pior... a editora corre o risco de perder parte de sua credibilidade quando for anunciar a publicação de outros livros.
Desta vez a Suma pipocou. Sua jogada de marketing não deu certo. Como já disse: foi com muita sede ao pote.

13/03/2020

A curtida de Joel Dicker no Insta do Livros e Opinião


No início dessa semana ao acessar o Instagram do Livros e Opinião tive uma surpresa, aliás uma grata surpresa: vi que o escritor Joel Dicker havia curtido três publicações minhas relacionadas ao seu mais famoso livro A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, incluindo a resenha da obra. Por que fiquei surpreso? Simples. Dicker é considerado na atualidade um dos escritores mais conceituados em todo o mundo, apesar de sua pouca idade, 35 anos. A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert que foi o seu livro de estreia – lançado em 2012 - teve os direitos de tradução vendidos para 32 países, além de receber diversos prêmios europeus de literatura. Ah! O enredo também foi transformado numa série de TV de muito sucesso com o ator Patrick Dempsey num dos papéis principais.
Vejam bem, um escritor famoso de outro país – Dicker é suíço – curtindo a publicação de um blog brasileiro e ainda por cima, um blog pequeno, aliás muito pequeno e humildizinho, foi motivo de grande alegria para mim. O cara estava em outro país, acostumado com as redes sociais desse país, com os blogueiros, também desse país e mesmo assim, conseguiu localizar um pequeno blog num outro país e bem distante.
Acredito que Dicker deva ter fuçado pacas para chegar a esse post do Livros e Opinião ou quem sabe, ainda, encontrou a minha resenha na mais pura coincidência. Não importa, o que interessa é que ele gostou e consequentemente curtiu. Confesso que serviu de grande estímulo para mim.
Por isso, gostaria de compartilhar esse momento feliz com a galera que segue o Livros e Opinião nas redes sociais (Blog, Fanpage, Instagram e Twiter). Saibam que vocês são maravilhosos e devo muito a esse apoio. Cada vez que escrevo uma postagem, escrevo pensando em como vocês irão recebe-la. Só tenho que agradeço-los. Assim, nada mais justo do que compartilhar a minha alegria.
Só lembrando que a editora Intrínseca lançou em no início dess ano o mais novo romance do escritor suíço: O Desaparecimento de Stephanie Mailer. Neste livro, acompanhamos a vida dos moradores de Orphea, uma pequena e pacata cidade balneária nos Hamptons. Na noite de estreia do primeiro Festival de Teatro da cidade, em 1994, um crime terrível acontece: o prefeito e sua família são brutalmente assassinados, assim como outra moradora da região, testemunha do crime.
Vinte anos depois, Jesse Rosenberg, um dos policiais responsáveis pela resolução do homicídio, está prestes a se aposentar quando a jornalista Stephanie Mailer afirma que houve um gravíssimo erro na investigação. Poucos dias depois, ela desaparece misteriosamente.
À exemplo de seu romance de estreia O Desaparecimento de Stephanie Mailer, está repleto de reviravoltas e pistas falsas o que certamente fará com que o leitor não desgrude do livro em nenhum momento.

10/03/2020

Novas estantes para os “bebês” impacientes

É triste ver uma estante de livros assim, não é mesmo? Principalmente se ela já teve vários “bebês” ao longo dos anos. Pois é galera, a foto no início dessa postagem é da minha inseparável estante. Mas antes que vocês pensem que aconteceu alguma tragédia com os tão amados “bebês”, já adianto que o seu esvaziamento ocorreu por uma causa muito feliz.
Após tantos anos, e bota anos nisso, chegou o momento de ampliá-la. Após ter sido presenteado, recentemente, com vários livros, a maioria deles da escritora Agatha Christie, uma única estante tornou-se pequena demais para abriga-los, por isso, tive que colocar a mão no bolso e providenciar a montagem de um novo compartimento para acomodar tantas preciosidade.
Ainda não sei o total de livros que tenho. Não, não é preguiça minha, trata-se de falta de tempo mesmo. A minha profissão hiper-corrida somada a manutenção do blog, Instagram, Fanpage e Twitter do Livros e Opinião demanda muitas horas e dias de serviço. No meio de toda essa correria, é evidente que eu e Lulu temos que reservar uma fatia do nosso tempo para as nossas horas de lazer. Então, procuro catalogar os livros aos domingos a noite; já cataloguei 354 e ainda restam muitos, muitos mesmo.
Como já disse, por esse motivo, ou seja, pelo aumento dos “bebês”, uma nova estante acabou virando uma necessidade e não um luxo.
Pedi para que um marceneiro, meu amigo,  fizesse um prolongamento da estante velha seguindo até o piso, preenchendo assim, toda a parede lateral. Neste momento, ele me surpreendeu com uma notícia mais do que bem-vinda.
- Jam se você fizer esse prolongamento  e mais uma nova estante para colocar na parede central eu lhe dou um desconto na mão de obra – disse o marceneiro.
Não pensei duas vezes, como o desconto, digamos era bem apetitoso, autorizei a montagem de uma nova estante para a parede do meio da minha sala de leitura. Esta “caixa” central ocupará apenas uma parte da parede, não chegando até o piso. Quando sobrar alguma grana, certamente estarei pedindo para fazer o seu prolongamento, à exemplo do que estou fazendo com a estante do lado direito de minha sala.
Elas serão confeccionadas em Mdf branco. O prolongamento terá aproximadamente 2,70 metros de largura e 1,30 de altura divididos em seis prateleiras – reforçadas com apoiadores – cada uma dessas prateleiras medindo 1,38 metros de largura por 33 centímetros de altura.
Já a estante central terá oito prateleiras com as mesmas medidas da estante lateral distribuídas num espaço total  de 2,80 por metros de largura por 1,40 de altura.
Estou torcendo para que fiquem prontas o mais rápido possível, pois os meus “bebês” já estão impacientes. Eles não gostam de ficar amontoados em cômodas, mesas e camas. Os danadinhos são bem enjoados

07/03/2020

Conan – O Bárbaro (Livro II)

O segundo volume da saga de Conan, O Bárbaro publicado em 2018 pela editora Pipoca & Nanquim, a exemplo do primeiro, não nega fogo. Se eu dissesse que uma das sete histórias do livro é fraca estaria mentindo descaradamente. Cara, repito, as novas aventuras do cimério não negam fogo; e tenho certeza de que o terceiro volume também será um verdadeiro trucão para os leitores.
As aventuras de Conan escritas por Robert E. Howard são como aquelas matinês do passado, as quais ficávamos contando nos dedos a chegada do domingo para irmos até o cinema para torcer pelo nosso herói preferido. Esses contos são puras matinês e da mais alta qualidade.
Nestas aventuras, vemos Conan enfrentando feiticeiros, monstros, guerreiros poderosos, além de inimigos ardilosos e traiçoeiros num clima fantástico que acaba arrastando os leitores para o interior de suas páginas. O Conan que vi nos dois primeiros volumes da saga editada pela Pipoca & Nanquim é o cara, tanto é que ele faz os personagens vividos no cinema por Arnold Schwarzenegger e Jason Momoa parecerem duas criancinhas medrosas. Ele arrebenta em todos os sentidos, fazendo com que os leitores entrem imediatamente no clima de matinê, torcendo pelo seu herói.
Conan, O Barbaro – Volume II traz no capítulo dedicado aos extras, dois enredos de Howard – escritos no início de sua carreira de escritor - que foram rejeitados pelos editores da revista pulp Weird Tales. Se essas histórias são ruins? Nada a ver, elas são excelentes, o que faz com que eu não entenda o que levou o sujeito que comandava a mais importante revista pulp de todos os tempos a rejeitá-las. “A Filha do Gigante do Gelo” e “O Estranho de Preto” são dois contos tão bons que chega a ser muito estranho vê-los recusados naquela época; mas o importante é que eles fazem parte desse segundo volume.
Confiram um breve resumo dos sete contos de Conan – O Bárbaro – Volume II. Começando pelos dois extras.
Extras
01 – A Filha do Gigante do Gelo
O conto foi escrito em 1932 e foi uma das primeiras histórias de Conan que  Howard escreveu e que, na época, foi rejeitada pelo editor da revista Weird Tale, Farnsworth Wright. Dois anos depois, o escritor trocou o nome de seu personagem para Amra, de Akbitana, e conseguiu vender a história de seu personagem para a The Fantasy Fan, com o título de Deuses do Norte. No entanto, após a morte de Howard, o conto foi publicado na sua forma original.
A história mostra Conan perseguindo o espectro de uma bela mulher através das neves congeladas da região fictícia de Nordheim, após ter sido o único sobrevivente de uma violenta batalha. O que ele não sabe é que está sendo atraído para uma terrível armadilha. Ok, mas quem conhece o gigante bárbaro, sabe que acuá-lo é o mesmo que tentar encurralar um tigre ou um leão, ou seja, quando o inimigo percebe o erro cometido, já é tarde demais.
Conto curtíssimo, menos de dez páginas, mas muito bom.
02 – O Estranho de Preto
A história “O Estranho de Preto” foi escrita em algum momento da década de 1930 e como já disse no início desse post, foi recusada pelas principais revistas da época, incluindo a antológica Weird Tales. Na tentativa de vende-la, Howard a reescreveu com o título “Swords of the Red Brotherhood e trocou Conan pelo pirata Black Vulmea. A estratégia não funcionou, e a segunda versão também não foi publicada. Ambas só foram encontradas somente após a morte de Howard.
O livro editado pela Pipoca & Nanquim traz a história original, sem alterações com Conan como o personagem principal. É o conto mais comprido do livro  - 73 páginas – e também o mais recheado de intrigas e traições. Conan se junta a dois piratas traiçoeiros que saem em busca de um grande tesouro escondido nas terras dos pictos, considerado um povo selvagem e sanguinário. Os dois piratas tentam sacanear o cimério, mas... já viu o que acontece, né?
Conan só aparece a partir do meio da narrativa, mas vale a pena esperar. A batalha final contra os pictos é de tirar o folego. O conto traz ainda como bônus um misterioso nobre que corta os mares, se refugiando de ilha em ilha por causa de algo terrível que o persegue. Este perseguidor seria o tal homem de preto do título? Bem, leiam o conto e descubram por si mesmos.
Contos
01 – Inimigos em Casa
Vamos agora para os contos, propriamente ditos, do livro. “Inimigos em Casa” é a história que abre o segundo volume de Conan – O Bárbaro e foi originalmente publicado na Weird Tales em janeiro de 1934.
Howard conta a história de um poderoso nobre que descobre estar sendo traído dentro de suas próprias terras. O plano para mata-lo é engendrado por um mago ardiloso. O nobre, então se antecipa a traição e faz um acordo com Conan que está na prisão. O nobre liberta o cimério com a promessa de que o ajude a matar o traidor de seu reino. O bárbaro concorda e os dois seguem para o castelo do mago, mas chegando lá, muitas surpresas os aguardam.
02 – Sombras de Ferro ao Luar
Após o massacre de seu exército de mercenários, Conan precisa urgentemente deixar o território turaniano, onde sua cabeça está a prêmio. Durante a fuga, o cimério encontra pelo caminho, uma ex-princesa chamada Olívia que também tenta escapar de seus captores. Eles buscam refúgio em uma pequena ilha no Mar Vilayet, mas logo se veem à mercê de duas ameaças: uma criatura misteriosa que os espreita escondida na selva; e os piratas da Irmandade Vermelha, cujo comandante é um velho e mortífero inimigo de Conan.
A ilha, no entanto, abriga um perigo ainda mais aterrador. Quando a lua cheia desponta no firmamento, estátuas de ferro negro ganham vida nas ruínas de um templo ancestral. para destroçar qualquer transgressor de seu santuário. 
03 – A Rainha da Costa Negra
Uhauuuuu!!! O melhor conto do livro, sem dúvida! E vejam que todos os outros são fantásticos. Devido ao seu alcance épico e romance atípico, a história é considerada um clássico indiscutível da tradição de Conan e é frequentemente citada pelos estudiosos de Howard como um de seus contos mais famosos.
Cara, que contaço! Juro que me emocionei com o seu final. No enredo, Conan conhece Belit, uma pirata dos mares de Kosh, incrivelmente bonita. O cimério passa a sentir uma paixão abrasadora por aquela beleza de marfim, a qual é prontamente correspondido. Os dois passam a saquear as cidades costeiras por onde passam, ao mesmo tempo em que os tesouros de uma cidade perdida na selva atraem as suas atenções. Assim, Conan e Belit seguem para o misterioso lugar, onde uma sequência de eventos irá mudar o destino do casal e de sua tripulação de piratas. Como já mencionei, o final do conto é emocionante. Putz, e como é. Friso, o melhor conto do livro.
04 – O Demônio de Ferro
O título já revela logo de cara quem é o antagonista de Conan nessa aventura. Acredito que a atração que o personagem criado por Howard exerce sobre os seus leitores deve-se a sua frieza, segurança e serenidade esmagadoras no momento de enfrentar um inimgo, seja ele pirata, feiticeiro, rei ou monstro. O cimério não recua em hipótese alguma, junto a isso o seu código de honra, mesmo sendo um bárbaro, o transformam num dos heróis mais carismáticos de todos os tempos, tanto é que a Marvel já entrou no clima e começou a produzir HQs do herói.
Neste conto, o Bárbaro não teme nem mesmo um poderoso demônio que vive com uma seita de seguidores numa isolada cidade. Quando os seus asseclas raptam a companheira do herói para ser sacrificada ao monstro, ele ruma até o covil da besta-fera para resgatá-la, ‘entonce’ o tempo fecha.
05 - Os Profetas do Círculo Negro
Também adorei esse conto onde a irmã de um jovem rei morto pela magia de profetas negros que vivem num lugar muito afastado dos seres humanos, resolve barganhar com Conan a vingança de seu irmão em troca da liberdade de sete dos seu companheiros. O plano dá errado quando Conan resolve sequestrar a irmã e leva-la junto da missão por garantia.
Nesta aventura Conan enfrenta magos e guerreiros poderosos, além do líder dos profetas do Círculo Negro.
Portanto, está aí; um livraço! Estou ansioso para ler o terceiro e último exemplar da saga do cimério editado pela Pipoca & Nanquim.
Lembrando que esse segundo volume foca mais na fase de saqueador e pirata de Conan, mostrando um guerreiro bem mais jovem, antes de ter se tornado rei da Aquilônia,  um dos reinos mais poderosos de seu tempo.
Quanto a edição luxuosa em capa dura da editora Pipoca e Nanquim já dei todos os detalhes no post referente ao primeiro volume (ver aqui). Para aqueles que ainda não leram, já adianto que é de babar.
Inté!

02/03/2020

Éramos Seis


O que dizer de uma obra que foi premiada pela Academia Brasileira de Letras? Éramos Seis da escritora, nascida em Botucatu, Maria José Dupré, lançada em 1943, é divinamente encantadora e mereceu, com certeza, o prêmio “Raul Pompéia” entregue pela Academia Brasileira de Letras na categoria de “Melhor Romance”.
Tive muita sorte em ter encontrado num sebo, o livro com a capa original – a mesma lançada em 1943. Trata-se da 14ª edição publicada pela Saraiva em 1960. Considero essa edição uma verdadeira joia rara porque conta com o prefácio escrito por ninguém mais do que Monteiro Lobato. E posso dizer com toda sinceridade que é um verdadeiro manjar dos deuses ler o comentário do criador do emblemático Sitio do Pica Pau Amarelo. Ele opina de maneira sincera sobre a história escrita por Dupré e também de outros livros escritos por verdadeiras lendas da nossa literatura como Machado de Assis, Joaquim Manoel de Macedo, etc. Lobato diz em sua introdução que custou a ler os originais de Éramos Seis por não acreditar que a obra fosse tão especial, e só fez isso após muita insistência de um dos editores do livro, considerado um grande amigo, que praticamente o obrigou a ler o enredo da escritora botucatuense
E vejam só: Lobato gostou tanto do que leu, mas tanto, que pediu para fazer o prefácio da obra. É mole? Portanto, se discordar da Academia Brasileira de Letras já era difícil, agora discordar da Academia e também do icônico escritor de Taubaté ficou praticamente impossível.
Éramos Seis me conquistou, mergulhei de corpo e alma na emocionante história de Dona Lola e acabei relendo o livro em menos de três dias. Digo relendo porque já o havia lido na minha adolescência, e nessa época Dona Lola se tornou uma das minhas heroínas. A sua história ao lado de seu marido Júlio que criaram, com muito sacrifício, os seus quatro filhos: Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel marcou a minha adolescência e continua mexendo com os meus sentimentos durante a fase adulta.
Dupré narra a vida de dona Lola desde a infância das crianças quando ela e Júlio suaram muito para conseguir recursos com o objetivo de educar os seus filhos. A escritora passa a relatar, depois, a fase adulta Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel e então chegam as pancadas, uma atrás da outra, mas a nossa heroína aguenta firme os dissabores e ao invés de se entregar as decepções e aos problemas, ela levanta a cabeça e segue em frente.
Não há como se emocionar com as perdas que a personagem vai sofrendo ao longo do romance. Como me apaixonei por essa bondosa mulher que apesar da onda de sofrimentos ao longo de sua vida, jamais desanimou. Ela sempre procurava manter o seu bom humor que se refletia na esperança de dias melhores. Como já disse, la foi uma das minhas heroínas; aliás continua sendo.
Quanto a novela homônima que está passando na Rede Globo no horário das 18 horas, é muito diferente do romance de Dupré. Posso dizer que os personagens do livro foram totalmente modificados na novela, bem como a sua trama original. Por isso usar a desculpa de que não irá ler o livro porque já está assistindo a novela será uma baita burrice.
Apesar das novela da Globo ter caído no agrado tanto da crítica quanto do publico, o livro de Dupre é muito melhor.
Uma obra literária imperdível.

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