28/11/2020

Os Intrusos

Mesmo gostando de comprar os meus próprios livros, além de ter uma estante com várias obras ainda não lidas, não perdi o hábito de frequentar a biblioteca pública de minha cidade. Conhecem aquela música do Roberto Carlos, “Força Estranha”? Pois é, algo parecido com aquilo. Aliás acho que os verdadeiros devoradores de livros acabam tornando-se vítimas dessa força estranha que volta e meia os arrastam para dentro de uma biblioteca.

Em uma das minhas visitas acabei me deparando com um livro chamado  Os Intrusos de uma autora chamada Pat Montandon da qual nunca havia ouvido falar. No momento em que estava para devolver, novamente, o livro em seu lugar na estante, escuto a voz da bibliotecária que diz:

- Este livro é muito bom. Gosto de histórias de terror verdadeiras. Essa aí é do tipo aquela casa assombrada que enxotou os seus moradores para fora. – Pronto, depois dessa pequena explicação da moça que estava sentada, tranquiliamente, atrás de uma mesa e que parou de ler um livro para falar comigo, a minha curiosidade ficou a mil por hora, afinal de contas amei a tal casa mal-assombrada a qual ela se referiu. Trata-se de Horror em Amityville, um dos meus preferidos.

Resultado: retirei o livro, mais uma vez, da estante e acabei levando para casa. Surpresa: Depois que o li fiquei sabendo que se trata de uma obra rara, esgotada em quase todos os sebos do País; e quando digo “em quase”, estou querendo dizer que encontrei um exemplar de Os Intrusos em apenas um sebo em toda Estante Virtual e Mercados Livres da vida. Ah, o preço. Segura aí na cadeira: duzentas e cinquenta pilas! Isto mesmo, R$ 250,00 para uma obra, razoavelmente conservada, com algumas rasuras, lançada em 1975. Cara, e acredite, eu estava rejeitando uma preciosidade dessas!!!! Posso dizer que o preço justifica o conteúdo da obra que é muito bom. Evidentemente não atinge o nível de excelência de um Horror em Amityville ou de um O Exorcista, mas posso afirmar que tem muitas qualidades e o seu enredo consegue segurar o leitor. Confesso que fiquei muito impressionado com o enredo baseado em fatos reais. Algumas passagens me deixaram arrepiado, da mesma maneira que fiquei ao ler os livros de Jan Anson e William Peter Blatty. Na verdade sempre fiquei com... medo. Pronto falei, medo mesmo, sou medroso com relação a histórias reais de terror. E já que deixei escapar o meu segredo, já escancaro tudo de uma vez, anote aí, leio os livros dos demonologistas e Lorraine Warren com a luz do quarto acesa, se for obrigado a lê-los de noite. Com Os Intrusosnão corri esse risco e optei por lê-lo durante o dia.

Os Intrusos é a história angustiante de um encontro quase fatal com as forças das trevas e da malevolência. A escritora Pat Montandon, também uma conhecida apresentadora de talk show da Costa Oeste, nos Estados Unidos, era uma pessoa cética e não tinha motivos para acreditar no poder do sobrenatural, até o momento em que se mudou para um apartamento espaçoso em uma casa com vista para a Baía de São Francisco, um apartamento que parecia oferecer refúgio em sua carreira estressante.

Depois de um trágico acidente com um amigo que visitava a sua casa, ela foi forçada a reconhecer que estava presa em uma luta mortal com forças sombrias e ameaçadoras.

Os estranhos fenômenos na casa de Pat tiveram início quando ela promoveu uma festa que teve como tema a astrologia. Segundo ela, tudo começou a sair dos trilhos quando um leitor de tarô, contratado para entreter o evento acabou tendo um desentendimento com a anfitriã, sendo expulso da festa, juntamente com a sua comitiva. Ao sair, o homem furioso gritou uma maldição tanto para a Pat quanto para a sua casa.

Nos dois anos seguintes, a mulher sofreu uma estranha sequência de infortúnios que ela só conseguia explicar como emanados de alguma influência malévola. Seu apartamento foi repetidamente vandalizado e destruído pelo fogo, seu carro destruído várias vezes, sua carreira interrompida, seus romances arruinados.

Pensou que acabou? Tem mais: um frio cortante perfurou seu apartamento o ano todo, apesar das repetidas tentativas de consertar o sistema de aquecimento, e as janelas de batente, trancadas por dentro, de repente se abriam, sem explicação.

Investigadores psíquicos que estudaram a casa encontraram fenômenos bizarros e inexplicáveis. Até mesmo um exorcismo chegou a ser executado. Brrrrrrrrrr!!

Caráculas, me arrepiou, mas gostei do livro.

Agradeço o alerta da bibliotecária.

 

22/11/2020

Trocas Macabras chegou. Leland Gaunt veio me visitar no sábado

Depois de quase uma semana, estou de volta com uma nova postagem. Reconheço que nos últimos dias tenho quebrado a regra de publicar dois posts semanais no blog, mas tenho um motivo justo para isso. Se quiserem saber, acessem aqui onde dou mais detalhes. Mas o importante dentro desse contexto é que esse atraso não será vitalício. Tão logo consiga concluir o trabalho que estou fazendo – a previsão é para dezembro, bem antes do Natal – voltarei ao esquema normal de postagens. Mas mesmo entupido de trabalho até pescoço se sobrar algum tempinho extra, claro, que pintarão por aqui duas ou mais postagens semanais.

Bem, mas vamos ao que interessa. Ontem, Leland Gaunt veio me visitar. Ele bateu na porta de casa e cara! Que surpresa! Calma aí galera, não estou delirando, o que quero dizer é que o tão aguardado relançamento do selo Suma da editora Companhia das Letras chegou ontem em casa. Eu estava trabalhando no tal projeto que brecou as minhas postagens habituais no blog quando o entregador de uma transportadora chegou com a encomenda. Na hora, quando bati os olhos, pelo tamanho da caixa, já tive a certeza de que se tratava de Trocas Macabras que havia comprado há “uns” dez dias em pré-venda. Depois que estava sozinho com o livro em mãos gritei algo que jamais os moradores Castle Rock gritariam: “Seja bem-vindo Leland Gaunt!”,

Edição da Francisco Alves de 1991
Cá entre nós, Trocas Macabras mereceu ser selecionado para integrar a coleção “Biblioteca Stephen King” da qual faz parte somente obras raras do autor. Trata-se de um livro com edição única, preço absurdamente alto nos sebos, poucos exemplares existentes no mercado e enredo cultuado pelos fãs do autor. Enfim, todos os atributos que uma obra rara deve ter.

O livro foi lançado em 1991 pela editora Francisco Alves na icônica coleção Mestres do Horror e da Fantasia. Ele só teve uma edição e depois “Zefini”, simplesmente desapareceu das livrarias. Os leitores que quisessem ler a história macabra protagonizada por Leland Gaunt! teriam que desembolsar preços astronômicos nos sebos que variavam de R$ 300,00 a R$ 400,00.

Agora, depois de tanta demora e expectativa, a Suma brinda os fãs do mestre do terror com essa joia rara. Seguindo o mesmo projeto gráfico dos outros cinco exemplares – Cujo, A Hora do Lobisomem, O Iluminado, A Incendiária e A Metade Sombria - que compõem da icônica coleção lançada pela Suma em 2016, Trocas Macabras aterrissou por aqui em capa dura, 656 páginas em papel de altíssima qualidade, cinco marcadores com detalhes dos cinco livros da coleção, um sinalizador de porta aberta ou fechada igualzinho ao da loja de Gaunt, além de um layout mucho loko – no bom sentido. Todo em verde com imagens em detalhes pretos e as letras na tonalidade branca.

Acompanhando a obra os cinco marcadores de páginas

O cenário de Trocas Macabras é a cidade de Castle Rock que já fez parte de outras histórias  do autor, como O Corpo, Cão Raivoso, A Metade Negra e Zona Morta. A cidade segue pacata como sempre até a chegada de um homem estranho chamado Leland Gaunt que decide abrir uma loja de antiguidades chamada “Coisas Necessárias”. A sua loja passa a ser incrivelmente visitada pelos moradores da cidade, onde por mais irreal que possa parecer, eles sempre encontram o que mais precisam em estoque. E para ter o objeto de seu desejo, basta que esse morador preste um pequeno favor ao misterioso comerciante:  praticar um trote em alguém, algo simples, só para assustar e sem nenhuma consequência.

Outro brinde: sinalizador de porta aberta/fechada
 A partir daí o clima ferve em Castle Rock e a outrora cidade pacata, acaba se transformando num inferno, num verdadeiro pé de guerra.

Trocas Macabras foi adaptado para os cinemas em 1993 e apesar de não ter alcançado resultados tão grandiosos e tão marcantes quanto outras adaptações (O Iluminado, de Stanley Kubrick, por exemplo), o filme do diretor Fraser Clarke Heston tem as suas virtudes e agradou grande parte dos cinéfilos.

Adivinhem se apesar de eu estar entupido de trabalho não vou arrumar um tempinho extra para devorar as mais de 650 páginas de Trocas Macabras.

Inté!

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