29/07/2021

Estou aqui com muito frio para falar de Ney Matogrosso – A biografia


Galera, estou passando para avisar que tá um baita frio por aqui. Caráculas! Que frio meu!! Acabei de chegar do meu trabalho. Estava fazendo a cobertura de um evento às 18H00; inauguração de um anfiteatro numa cidade da região de Bauru. Ah! Pelo amor de Deus! Olha o horário que o infeliz do sujeito foi escolher para inaugurar a tal obra, muito bonita por sinal. 

O evento contou com a presença de um escritor famoso, aqui na região e também um parlamentar mais ou menos famoso. Todos eles, quero dizer, todos nós – eu me incluo no bolo – tremendo de frio e torcendo para que o filho do homenageado que “emprestou” o seu nome para o anfiteatro fosse breve em seu discurso porque o parlamentar ainda queria falar. Ahahahaha! Mera ilusão porque o orador falou, falou, falou e mais falou. Fiquei com pena de um “senhorzinho” com os seus, aparentemente, setenta e poucos anos que estava encolhido, tremendo de frio e com uma cara de zangado, acho que zangado com o filho do homenageado que falava aos borbodões.

Resumindo: como eu já havia entrevistado o filho do homenageado – engraçado... na entrevista ele foi tão econômico com as suas respostas... – resolvi sair de cena.

Após viajar aproximadamente 100 quilômetros cheguei em casa cansado e com muito frioooooo! Gente me desculpem, tinha programado a postagem de uma nova lista literária para hoje, mas não estou em condições. Juro que não estou, queria estar, mas não estou.

Por isso, para não passar em branco e não deixar o blog com um espaço muito grande de uma postagem para a outra, passei aqui para avisar sobre o lançamento de uma nova biografia. Desta vez, do grande Ney Matogrosso que acabou de sair do forno.

Fiquei sabendo desse lançamento, hoje, durante o tal evento em que estive, ao conversar com alguns leitores que estavam comentando o assunto. Entonce, como sou um grande fã desse artista incrível, decidi, mesmo cansadaço e com – novamente – frioooooooo, muito frioooooo escrever essa nota.

Ney Matogrosso – A biografia foi lançado em 23 de julho pela Companhia das Letras.

Seis anos após ter apresentado a melhor biografia da cantora Elis Regina (1945 – 1982), Elis Regina – Nada será como antes (2015), o jornalista paulistano Julio Maria decidiu contar a vida de Ney de Souza Pereira, sujeito estranho que se tornou um dos maiores cantores do Brasil a partir de 1973 e que está a caminho dos 80 anos, a serem festejados em 1º de agosto deste ano de 2021.

Para recontar com maior profundidade uma história já apresentada por Denise Pirez Vaz na primeira biografia de Ney Matogrosso, Um cara meio estranho (1992), Julio Maria também esteve no quartel da aeronáutica em que Ney atuou como soldado, já na cidade do Rio de Janeiro (RJ), encontrou um irmão mais velho do cantor (irmão de quem nem a família de Ney tinha notícias) e levantou documentos da época em que agentes da repressão federal do Brasil dos anos 1970 vigiavam os movimentos libertários do cantor como vocalista do grupo Secos & Molhados.

Tudo indica que se trata de um livraço. Uma grande biografia, como foi aquela de Elis Regina, escrita pelo próprio Julio Maria.

Fica aí a pedida.

Cara.... que frioooooooo!

25/07/2021

Oito casos cercados de mistério que renderam bons livros

Acredito que muitos leitores que acompanham o Livros e Opinião já ouviram falar de navios e aviões que desapareceram misteriosamente no Triângulo das Bermudas ou então de um disco voador com tripulantes de outra galáxia que caiu próximo à cidade de Roswell, no Novo México. Um número ainda maior de leitores, com certeza, assistiram, ouviram ou leram sobre o famigerado Chupa-Cabras que assustou os fazendeiros do Paraná e do interior de São Paulo nos anos 90.

É pessoal... o mundo em que vivemos é repleto de mistérios e fatos intrigantes que despertam a nossa curiosidade. Por isso, no post de hoje selecionei 8 casos que instigaram a imaginação popular e que renderam bons livros com os seus autores procurando de todas as formas elucidar as misteriosas tramas.

Vamos a eles!

Caso 01: O Triângulo das Bermudas

Livro: O Triangulo das Bermudas (Charles Berlitz)

O Triângulo das Bermudas é uma área do Oceano Atlântico que forma uma espécie de triângulo imaginário. Em suas pontas estariam a ilha de Bermudas, a cidade de San Juan (Porto Rico) e a cidade de Miami (Estados Unidos), conforme aponta o mapa nesta postagem. O local já vitimou inúmeras tripulações e é alvo de muito misticismo e superstições.

O mais antigo relato “sombrio” sobre o Triângulo das Bermudas foi feito por Cristóvão Colombo, que afirmava que a sua bússola apresentava um mau funcionamento no local, além de este ser muito perigoso e aparentemente emitir luzes embaixo do oceano. No entanto, o caso que fez com que o local ganhasse maior notoriedade foi um acidente ocorrido em 1945, quando cinco aviões americanos misteriosamente sumiram, vitimando dezenas de tripulantes.

Antes, em 1902, uma embarcação alemã chamada Freya, ficou um dia desaparecida. Saiu de Manzanillo, em Cuba, no dia 3 de outubro efoi encontrada no dia seguinte, no mesmo local de onde havia saído, porém sem nenhuma pessoa a bordo: todos os tripulantes desapareceram! Muitas outras embarcações e aviões sumiram no Triângulo das Bermudas.

Essas ocorrências instigaram o imaginário popular, fazendo com que autores de livros e a população como um todo passassem a elaborar teorias mirabolantes, como raptos praticados por extraterrestres, passagens para outro mundo, monstros aquáticos e muitas outras lendas.

O livro de Charles Berlitz, lançado em 1974, procura encontrar explicações científicas para esses misteriosos desaparecimentos, não se esquecendo também de algumas teorias mirabolantes. É possivelmente um dos melhores trabalhos a respeito do famoso e enigmático triângulo. O livro continua sendo muito vendido até hoje.

Caso 02: Caso Pavesi

Livro: Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba (Paulo Airton Pavesi)

Cara, este caso deixou todo o País chocado. O fato ocorreu em abril de 2000, quando os médicos José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado de Paulo Veronesi Pavesi, que na época tinha 10 anos.

Conforme a Justiça, os quatro médicos teriam sido responsáveis por procedimentos incorretos na morte e remoção de órgãos do garoto, após ele cair de uma altura de 10 metros no prédio onde morava. O exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado e o garoto ainda estaria vivo no momento da retirada dos órgãos. Acredita nisso?!!

A descoberta de um suposto esquema para a retirada ilegal de órgãos de pacientes em Poços de Caldas fez com que a Santa Casa da cidade fosse descredenciada para a realização de transplantes e remoção de órgãos no ano de 2002.

A leitura de Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba escrito pelo pai da vítima é instigante. Paulo Airton Pavesi introduz o leitor no mundo sombrio do tráfico de órgãos, mostrando todas as nuances, os detalhes desse mercado ilegal que, infelizmente, predomina no Brasil. É como se você estivesse no lugar daquele pai que além de ter perdido o seu filho, passou a comer o pão que o diabo amassou por querer, apenas apurar a verdade.

Na obra, o leitor toma conhecimento do drama vivido por Pavessi após a morte do pequeno Paulinho, período em que passou a receber ameaças constantes de morte, mas mesmo assim, não desistiu de levar os responsáveis à Justiça.  Ele afirma que as ameaças foram tantas que ele teve de sair do Brasil temendo pela sua segurança e de seus familiares, obrigando-o a pedir asilo na Europa.

Caso 03: O Caso Roswell

Livro: Incidente em Roswell (Charles Berlitz e William L. Moore)

Esta história que ficou conhecida como “O Caso Roswell” se refere à queda, em 8 julho de 1947, de um objeto num rancho próximo à cidade de Roswell, no estado do Novo México, nos Estados Unidos, de início identificado como um disco voador. A base aérea local, inicialmente confirmou se tratar de um disco, mas depois, num segundo comunicado desmentiu o ocorrido afirmando que o objeto era um balão meteorológico.

Ufólogos afirmaram ao longo dos anos que, de fato, se tratava de uma nave extraterrestre e que os tripulantes alienígenas haviam sido recuperados por militares que depois encobriram a situação e tentaram esconder o que realmente tinha acontecido.

Segundo a revista Super Interessante, uma das curiosidades do “Caso Roswell” reside no que estava dentro do suposto disco voador: quatro legítimos ETs, cinzas, sem roupas e pequeninos, mas com cabeças e olhos enormes. A funerária local recebeu um pedido de quatro pequenos caixões e um funcionário teve que dar explicações sobre como conservar corpos. Segundo os teóricos da conspiração, o governo conduziu uma autópsia secreta nos alienígenas e aprendeu, por exemplo, que o sangue deles não é vermelho e que a proporção de seus estômagos em relação aos corpos é diferente do humano.

Incidente em Roswell de Charles Berlitz – mesmo autor de  O Triângulo das Bermudas – e William L. Moore tenta desvendar esse mistério com importantes revelações. O livro lançado em 1980 foi escrito no formato de documentário e contem depoimentos interessantes de pessoas que estiveram envolvidas nesse caso, incluindo o fazendeiro que encontrou a suposta nave extraterrestre; de jornalistas daquela época; cientistas e até mesmo pessoas que eram ligadas ao exército americano. Um bom livro paraquem quer se aprofundar sobre o que aconteceu em Roswell.

Caso 04: Os sobreviventes dos Andes

Livro: Milagre nos Andes - 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa (Nando Parrado e Vince Rause)

Milagre nos Andes - 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa, do escritor uruguaio Nando Parrado, conta o drama dos sobreviventes da queda de um avião da Força Aérea do Uruguai, em 1972, numa remota região dos Andes. Estavam a bordo 45 pessoas que viajavam de Montevidéu para Santiago, no Chile, entre elas um time de jogadores de rúgbi. Havia cinco tripulantes.

A aeronave chocou-se com os Andes e caiu. Dezesseis pessoas morreram na hora e, dos 29 sobreviventes, 13 foram morrendo ao longo dos 72 dias em que ficaram isolados na montanha. O grupo, do qual Parrado fez parte, conseguiu manter-se vivo alimentando-se da carne de seus companheiros mortos. Além da literatura, o fatídico episódio foi retratado também no cinema através do documentário “Vivos”, de Frank Marshall.

O leitor tem que ter estômago forte para enfrentar as páginas em que Parrado dá detalhes do canabalismo forçado. Para poderem continuar vivos, os sobreviventes dos Andes se alimentaram de carne humana por um período de aproximadamente dois meses. No início, segundo o autor, apenas de pedaços superficiais do músculo do antebraço dos mortos, mas quando o “alimento” começou a faltar, eles tiveram de comer também pulmões, rins, cérebro e até coágulos de artérias. Ele dá detalhes de tudo isso sem meias palavras.

Milagre nos Andes - 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casaé acima de tudo o relato da luta de uma pessoa que jamais desistiu da vida, nem mesmo quando ouviu pelo rádio dos destroços do avião que as buscas pelos sobreviventes haviam sido encerradas. Foi à partir daí que Nando Parrado e seu amigo Roberto Canessa entenderam que tinham de enfrentar e vencer as montanhas dos Andes em busca de socorro, numa viagem – para muitos – sem esperança.

Caso 05: O sequestro de Carlinhos

Livro: O sequestro de Carlinhos. A verdade relatada por seu pai (João Mello)

Apesar de ter apenas 13 anos no dia em que Carlos Ramirez da Costa, o Carlinhos, foi sequestrado, eu me lembro muito bem da comoção nacional provocada pelo crime.

Era uma noite de quinta-feira, 2 de agosto de 1973. Maria da Conceição Ramirez assistia à novela das 20h com cinco de seus sete filhos em casa, na Rua Alice, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Seu marido, João Costa, havia saído de carro com as duas crianças menores. De repente, uma queda de luz deixa a casa toda escura. É neste momento que um homem portando um revolver e com o rosto coberto por um lenço, invade o portão da residência, vai até a sala e sequestra apenas Carlinhos, que havia acabado de completar 10 anos de idade. 

O seqüestrador ainda deixou um bilhete exigindo o resgate de ‘cem mil cruzeiros’, uma fortuna, na época. O pai do garoto conseguiu arrecadar o dinheiro – após uma campanha popular – que não foi entregue porque o criminoso nunca mais entrou em contato.

Carlinhos está desaparecido há 48 anos e a sua família não sabe se ele está vivo ou morto. O caso vem intrigando a polícia e o imaginário popular há quase cinco décadas.


Em 1986, João Mello, pai de Carlinhos, que chegou a ser preso como suspeito por ter participado do sequestro escreveu um livro dando o seu ponto de vista sobre o caso. Ele fala do sofrimento da família, das linhas de investigação – todas elas atrapalhadas – adotadas pelo polícia e que não levaram a nada, além de explicar os motivos que fez a polícia prendê-lo em 1973.

O livro lançado pela editora Record pode ser encontrado apenas em sebos, pois as suas edições estão esgotadas.

Caso 06: O Chupa-Cabras

Livro: Olhos de Dragão (Carlos Alberto Machado)

Uma figura folclórica mexeu com o imaginário do Brasil no fim da década de 1990. Há 20 anos, o aparecimento de animais mortos e praticamente sem sangue no Paraná e também no interior de São Paulo não deixava dúvidas aos moradores de áreas rurais: tratava-se do misterioso chupa-cabra.

A figura vampiresca causou temor, mobilizou investigações policiais e atraiu a atenção de ufólogos. As cenas eram praticamente as mesmas: galinhas, cabras, cavalos e bois mortos. No entanto, todos estavam praticamente sem sangue.

Mesmo 20 anos depois da lenda que se espalhou pelo país, pesquisadores e ufólogos ainda não tem uma opinião definitiva sobre o que causou a mortandade dos animais e drenou todo o seu sangue.

Quem leu Olhos de Dragão de Carlos Alberto Machado afirma que o autor fez um trabalho primoroso de pesquisa investigativa, englobando testemunhos e análises de biólogos, veterinários, criptozoólogos e pesquisadores mundiais do assunto, além de um completo levantamento fotográfico e estatístico, mapas e tabelas comparativas, sem contar análises laboratoriais de materiais colhidos nos diversos locais de ocorrência do fenômeno, tais como: pelos, fezes e sangue, buscando mais esclarecimento sobre o suposto predador.

Caso 07: As linguiças de carne humana

Livro: Canibais: Paixão e Morte na Rua do Arvoredo (David Coimbra)


Este crime que aconteceu em Porto Alegre, no século 19, foi tão macabro, tão repugnante, que até hoje a maioria dos moradores gaúchos evitam falar sobre o assunto. O caso ficou conhecido nos meios policiais da época como

“Os Crimes da Rua do Arvoredo” e devido a sua aura macabra acabou se tornando uma lenda urbana na cidade, mas muitos garantem que, de fato, aconteceu.

O crime ocorreu em 18 de abril de 1864. Neste dia, a polícia de Porto Alegre deparou-se com uma cena horripilante: no porão da casa de José Ramos e Catharina Palse, na Rua do Arvoredo, onde também funcionava o açougue do casal, estavam enterrados os pedaços de um corpo humano, já em avançado estado de decomposição. O cadáver havia sido retalhado, com a cabeça e membros separados do tronco, e este, por sua vez, repartido em vários pedaços. A vítima identificada era o alemão Carlos Claussner, antigo dono do açougue da Rua Arvoredo. 

Ao examinar um poço desativado, no terreno dos fundos da casa, a polícia encontrou os corpos do taverneiro Januário Martins Ramos da Silva e de seu caixeiro, José Ignacio de Souza Ávila, de apenas 14 anos, igualmente esquartejados.

Reza a lenda que o açougueiro José Ramos ou simplesmente Ramos, como era conhecido, degolava, esquartejava, descarnava, fatiava e guardava as vítimas em baús, moendo-as aos poucos e transformando-as nas famosas linguiças, que eram vendidas em seu açougue. Os gaúchos faziam fila para comprá-las e nem desconfiavam de que estavam praticando canibalismo ‘por tabela’.

Para escrever Canibais: Paixão e Morte na Rua do Arvoredo, David Coimbra pesquisou aproximadamente 18 obras sobre os referidos crimes, construindo uma narrativa simplesmente empolgante que tem como cenário uma Porto Alegre de escravos fugidos, imigrantes desgarrados, enfim, bandidos de todos os tipos. Interessou-se pelo livro? Confira, então, post completo sobre a obra aqui.

08 – Caso 08: Canibalismo em alto mar

Livro: No coração do mar (Nathaniel Philbrick)

Em 1820, sob o comando do capitão George Pollard Jr, o baleeiro americano Essex “ousou” enfrentar um enorme cachalote que atacou e afundou a embarcação no sul do Oceano Pacífico. Encalhada a milhares de quilômetros da costa da América do Sul, com pouca comida e água, a tripulação foi forçada a navegar até a costa nas baleeiras que restaram do navio.

Os oito, dos 21 tripulantes do Essex, que conseguiram sobreviver ao ataque do cachalote passaram por uma verdadeira via crucis. Eles sofreram severa desidratação, fome e exposição em mar aberto. Eles foram obrigados a comer os corpos dos tripulantes que haviam morrido. Quando isso se mostrou insuficiente, os membros da tripulação fizeram sorteios para determinar quem sacrificariam para que os outros pudessem se “alimentar”. Um total de sete tripulantes foram canibalizados.

No Coração do Mar de Nathaniel Philbrick é, basicamente, dividido em seis momentos: a história da ilha de Nantucket, localizada na costa leste dos Estados Unidos, considerada no século XIX como a capital baleeira do mundo. A apresentação dos 21 tripulantes do Essex. O ataque do cachalote de 26 metros que afundou o baleeiro. A luta pela sobrevivência em alto mar da tripulação que se dividiu em três botes. O resgate dos oito sobreviventes (cinco nos botes e outros três que optaram por ficar numa ilha deserta, perdida no meio do Pacífico). E, finalmente, o destino dos sobreviventes após alguns anos da tragédia.

Em vários momentos, a leitura se torna angustiante. Cara, imagine você perdido no meio do Oceano Pacífico, dividindo o espaço de um bote minúsculo com outras pessoas? Quer mais? Então segura essa: decidindo na sorte quem vai morrer para servir de comida para os sobreviventes. Brrrrrrr!!

Além do livro de Philbrick, a saga dos tripulantes do baleeiro Essex também foi levada para os cinemas no filme homônimo com Chris Hemsworth e Tom Holland.

A história serviu ainda de inspiração para que Herman Melville escrevesse a famosa obra Moby Dick.

Taí galera, espero que tenham gostado. Agora é só escolher os livros que mais lhe interessaram.

21/07/2021

A filha do demônio

Mayara, sinceridade? Adorei o seu livro. Caráculas, que viagem! Após ter lido A Filha do Demônio da escritora mineira, Mayara Cordeiro, pensei comigo mesmo: quantas histórias boas de autores desconhecidos estão morrendo por motivo do descaso de grandes editoras.  A arrogância de alguns editores chega a tal ponto que eles sequer aceitam ler os originais de uma história ao saber que se trata do debut, no meio literário, de um jovem escritor. Eles preferem investir em autores consagrados. Triste, não acham? Sabemos que a maioria desses jovens talentos desconhecidos desistem porque os custos para lançar uma obra literária independente são salgados demais e nem todos conseguem obter esses recursos através de vaquinhas virtuais. Com isso a maioria opta por não prosseguir escrevendo.

Ainda bem que Mayara Cordeiro acreditou em sua história e foi a luta e publicou a edição impressa de A Filha do Demônio de forma independente. Antes, ela já tinha lançado o e-book.

Quando recebi o seu livro para resenha e avaliação confesso que não estava afim de ler algo do gênero western já que tinha acabado de concluir a releitura de algumas historietas de Os Melhores Contos de Faroeste, por isso queria mudar de gênero naquele momento. Pretendia ler algo sobre mitologia grega, um assunto que adoro. Entonce... recebo A Filha do Demônio. Certamente, pretendia lê-lo mais para a frente. Acontece que o livro tinha uma capa tão bem produzida, mesmo simples; estava tão bem embalado; continha tantos mimos, entre os quais marcadores de páginas, mapas e imãs personalizados que acabou me convencendo as antecipar a sua leitura. Pensei: - Putz, para uma escritora investir tanto numa publicação independente é porque ela tem um carinho enorme pelo seu “filho” e acredita muito “nele”. Portanto, só me restou conhecer esse “filho”. E não me arrependi.

A obra, mesmo seguindo o gênero ‘Velho Oeste” não fica restrita a troca de tiros, duelos e socos dentro de um saloon. O seu foco está mais direcionado para drama e romance. Ainda ontem, quando acabei a leitura do livro, comentei com Lulu que o enredo idealizado por Mayara pode ser definido, de um modo genérico, como uma mistura de Sheldon e Sparks no Velho Oeste americano. A saga de Yanan, Eric Hetfield, Andy Martin, Rael Amaya, entre outros personagens tem pontos em comum com os plots criados por Sidney Sheldon e Nicolas Sparks em seus livros: mulheres fortes e resilientes; vilões sem escrúpulos e capazes de chegar as últimas consequências para atingir os seus objetivos; além de trabalhar com perfeição elementos como redenção, perdão e amizade.

Os personagens bem construídos somados a uma narrativa fluida faz com que os leitores devorem as páginas em pouco tempo. A Filha do Demônio não tem plot twists em seu enredo, mas por outro lado, tem muitas surpresas, algumas me deixaram desconcertado.

Não quero estragar o enredo com spoilers mas já adianto que não há como não se apaixonar por Yanan, uma típica heroína ‘a la Sheldon’ ou então querer invadir a história para moer de pancadas o FDP do Rael Amaya, um dos vilões mais cruéis que já vi num livro.

Os últimos capítulos são bem tensos com direito a duelos, tiroteios e perseguições. Os leitores ficarão com uma vontade enorme de mergulhar nas páginas para tomar partido de determinados personagens. Destaque para um reencontro que acontece no final, muito emocionante.

A Filha do Demônio conta a história de uma jovem menosprezada em sua pequena comunidade, inclusive pelos seus próprios familiares, e que sai em busca de vingança por algo que fizeram à sua mãe. A sua jornada será cheia de surpresas. Ela encontrará pelo caminho vários personagens dispostos a ajudar e outros com prazer em lhe prejudicar. Enfim, é isso. Não posso contar mais nada, caso contrário, acabarei estragando o romance com spoilers.

É uma pena que o livro não se encontra a venda, pelo menos por enquanto, nas grandes livrarias virtuais, mas os interessados poderão adquirir o e-book na Amazon. Quanto ao livro físico, as reservas podem ser feitas no site da escritora (ver aqui ) ou então, em seu Instagram.

18/07/2021

10 livros marcantes que inspiraram grandes filmes na Netflix

A “legião” de filmes catalogados na Netflix é assustadora. Cara, o que tem de filmes por lá é algo incrível. Como diz o velho ditado popular: “Tem filmes saindo pelo ralo” ou... pela chaminé, como alguns dizem. Muitas dessas produções cinematográficas vieram das páginas de livros. Sabe de uma coisa? Sendo um leitor inveterado, adorei isso. Adorei tanto que resolvi fazer uma postagem sobre dez grandes best-sellers que viraram filmes excelentes nesse canal de streaming.

Espero que gostem. Os livros que selecionei foram campeões de vendagem na época de seus lançamentos. A prova de que essas obras são verdadeiros best-sellers é que mesmo após o período de seus lançamentos continuaram vendendo horrores. Elas agradaram tanto que acabaram se transformando em produções cinematográficas de grande sucesso. Todos esses livros podem ser “assistidos” na Netflix. Vamos a eles e também às suas adaptações cinematográficas.

01 – Orgulho e Preconceito (Jane Austen)

Começo essa top list com o livro da escritora inglesa Jane Austen lançado originalmente em 1813 e que ao longo de dois séculos ganhou inúmeras edições. O empoderamento de Orgulho e Preconceito é tão grande que mesmo tendo passado mais de 200 anos de seu lançamento, a história continua ganhando novas edições, além de adaptações para o cinema.

Além do mais, a autora criou um dos personagens masculinos mais famosos de todos os tempos; o protótipo do homem perfeito, a tampa de panela que toda mulher sonha encontrar. Estou me referindo a Fitzwilliam Darcy ou simplesmente Mr. Darcy.

O livro conta também com uma série de personagens inesquecíveis e um enredo memorável. Austen nos apresenta Elizabeth Bennet como heroína irresistível e seu pretendente aristocrático, o sr. Darcy. Nesse romance, aspectos diferentes são abordados: orgulho encontra preconceito, ascendência social confronta desprezo social, equívocos e julgamentos antecipados conduzem alguns personagens ao sofrimento e ao escândalo. O livro pode ser considerado a obra-prima da escritora.

O filme de 2005 que teve nos papéis principais: Keira Knightley e Matthew Macfadyen como Elizabeth e Mr. Darcy, respectivamente, foi um baita sucesso de crítica e público.

02 – 12 Anos de Escravidão (Solomon Northup)

Livraço e filmaço! Duas grandes obras primas. O primeiro está à disposição dos leitores na maioria das livrarias e o segundo, no catálogo de filmes da Netflix.

12 Anos de Escravidão é um livro de memórias escrito por Solomon Northup. Trata-se da narrativa de um homem negro nascido livre no estado de Nova York que após ter recebido uma falsa proposta de trabalho, foi sequestrado, drogado e comercializado como escravo, e passou doze anos em cativeiro, trabalhando, na maior parte do tempo em uma plantação de algodão no estado de Louisiana. Com uma escrita simples e ágil, Northup retrata os registros excepcionalmente vívidos e detalhados da vida de um escravo.

Imagine só como deve ser ter 12 anos da sua vida perdidos sendo um escravo que acordava todos os dias com o medo das punições e sem poder ser livre. Pois é, o escritor abolicionista Solomon Northup sentiu esse sofrimento na carne.

A adaptação homônima do livro em 2013 ganhou os Oscar de “Melhor Filme”, “Melhor Atriz Coadjuvante” (Lupita Nyong’o) e “Melhor Roteiro Adaptado”.

03 – O Menino do Pijama Listrado (John Boyne)

O Menino do Pijama Listrado foi escrito por John Boyne em 2006. Em 2008 foi o livro mais vendido do ano na Espanha. Também chegou a número dois na lista de best sellers do New York Times, nos Estados Unidos, assim como no Reino Unido, Irlanda e Austrália. No Brasil virou uma verdadeira sensação, vendendo muitas edições.

Portanto estava na cara que a obra tinha tudo para se tornar, também, um filme de grande sucesso, bastando para isso ter um bom roteirista e um bom diretor e, obvio, um grupo de atores que segurasse o rojão. Deu certo. A adaptação cinematográfica de 2008 fez muito sucesso.

A história tem como pano de fundo os acontecimentos em Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto. Pela janela de seu quarto, um menino de oito anos chamado Bruno, filho de um oficial nazista, consegue avistar uma grande fazenda, onde adultos e crianças passam o dia todo vestidos com pijamas listrados. Na realidade, trata-se de um campo de concentração. Desobedecendo as orientações de sua mãe, Bruno vai até o jardim dos fundos da casa, de onde sai em direção àquelas pessoas de pijamas listrados. Lá, ele conhece Shmuel, que também tem oito anos, mas vive do outro lado da cerca.

Tanto o livro quanto o filme são emocionantes. Vale a pena ser lido e assistido.

04 – Forresp Gump (Winstom Groom)

Colo a minha mão no fogo se você responder, mas com toda a sinceridade, que não gostou do filme Forrest Gump com o Tom Hanks. Depois sou capaz de colocar a outra mão no mesmo fogo se você conseguir me provar que o filme de 1994 foi um fracasso de bilheteria. Missão impossível essa, não? Pois é, saiba, agora, que o autor do livro homônimo no qual a produção cinematográfica foi baseada ODIOU - com todas as letras maiúsculas – o filme.

Parece difícil afirmar isso de uma produção que conquistou vários Oscars, além de ter sido unanimidade entre crítica e público. Entonce, mas aconteceu. O motivo do ódio de Groom foram as mudanças drásticas que os roteiristas da Paramount fizeram tanto nas características do personagem principal quanto no enredo.

Enquanto o Forrest Gump de Tom Hanks é infantilizado e idiota não entendendo a maioria das coisas que acontecem a sua volta, deixando de perceber a proporção e o absurdo das situações em que se envolve; o personagem do livro é maroto, ácido e sacana, se aproximando muito de um anti-herói.

O Gump da obra literária tem uma visão muito mais científica de sua condição de idiota, que é bem explicada num capítulo no qual o protagonista cursa uma disciplina em Harvard chamada “O papel do idiota na literatura”. Gump mostra, a partir daí, o quanto os personagens à sua volta, tidos como “normais”, são os verdadeiros idiotas. Outro detalhe que foi ocultado no filme é que Gump é um verdadeiro gênio da matemática.

Bom, independente dessas diferenças, como disse acima, não podemos negar que o filme foi um tremendo sucesso e arrecadou milhões nas bilheterias dos cinemas em todo o mundo. Quanto ao livro, fantástico. Portanto, não restam bons motivos para ler e assistir Forrest Gump.

05 – Garota Exemplar (Gillian Flynn)

O filme dirigido por David Fincher é muito fiel ao roteiro original de Gillian Flyn. O conhecido diretor optou por fazer pouquíssimas mudanças por isso, tanto faz ler ou assistir ao filme, poucas diferenças serão notadas.

Gostei muito da obra de Flynn com exceção do final broxante. E bota broxante nisso! Sinceramente, não gostei como escrevi nesta resenha do livro. Confesso que devorei página por página: “culpa” da narrativa fluida e com várias reviravoltas interessantes, mas então chegou aquele final mixuruca. Caraca!

Mas vamos ao que interessa. Ben Affleck e Rosamund Pike estão muito bem no papel do casal Nick e Amy. Livro e filme narram a saga de um casal, à primeira vista, perfeito. No dia de seu quinto aniversário de casamento, Amy desaparece. Quando as aparências de uma união feliz começam a desmoronar, Nick, seu marido, torna-se o principal suspeito. Com a ajuda de sua irmã gêmea, ele tenta provar sua inocência, ao mesmo tempo em que investiga o que realmente aconteceu com a mulher.

Vale lembrar que Garota Exemplar estava na Netflix nos últimos dois anos. No entanto, por fins de contrato, o filme teve que ser removido do serviço. É importante ressaltar que, futuramente, a película pode ser disponibilizada no serviço. Dependendo é claro, do interesse mútuo, tanto do serviço, quanto dos estúdios.

06 – O Físico (Noah Gordon)

Ameeeeeei o filme!!! Putz... filmaço! Gostei tanto que apesar de ter uma fila enooorme de livros para ler não pensei duas vezes em adquirir a obra de Noah Gordon na qual foi baseada a produção cinematográfica com o gênio Ben Kingsley.

Neste romance histórico ficcional, o escritor norte-americano constrói uma trama emocionante sobre Robert Jeremy Cole. Vários colegas meus que leram o livro adoraram. Cole, um rapaz inglês do século XI, órfão e pobre, era obcecado pela vontade de se tornar médico, algo quase impossível na Europa Medieval. Ele acaba sendo adotado por um barbeiro-cirurgião chamado Barber, após a morte de seus pais, e passa a viajar pela Inglaterra ganhando dinheiro através da realização de sangrias, cirurgias simples, e vendendo tônicos falsos.

Após seu tutor (Barber), começar a perder a visão pois estava com catarata ele conhece um médico judeu que estudou na gloriosa escola de medicina de Ispahan (ou Ispaã), na Pérsia, com o famoso polímata persa, Ibn Sina (conhecido também como Avicena), que com seus conhecimentos consegue curar o tutor de Rob J.

Após notar que seus conhecimentos como barbeiro eram muito poucos e que poderia aprender muito mais na Pérsia ele decide se tornar médico, custe o que custar. Com isso, ele dá início a uma viagem épica com destino à Pérsia afim de conhecer e se tornar aluno de Ibn Sina.

O título da versão brasileira ficou sendo O Físico, por um controverso erro de tradução. The Physician, do inglês, significa O Médico. A tradutora, Aulyde Soares Rodrigues, teria confundido physician com physicist, que significa físico. Outros leitores creem que não há erro, já que na Idade Média, época descrita no livro, os médicos seriam chamados de físicos.

Deixando essas divergências de lado o que importa é que o filme é incrível, quanto ao livro, ainda não li, mas boto a maior fé.

07 – O Quarto de Jack (Emma Donoghue)

Outro filmaço baseado em uma obra literária que você encontrará à disposição na Netflix. O Quarto de Jack é um romance da escritora irlandesa Emma Donoghue que foi finalista dos prêmios Booker Prize e Orange Prize. O Booker Prize, aliás, é um dos mais importantes atribuídos anualmente no Reino Unido.

Em 2015, foi lançada uma adaptação cinematográfica homônima, com roteiro da própria autora. O filme venceu vários prêmios, incluindo o Oscar de melhor atriz que foi ‘papado’ pela Capitã Marvel Brie Larson.

O livro faz parte do Plano Nacional de Leitura em Portugal, sendo recomendado no programa de português daquele país, do 8.º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula.

O Quarto de Jack  é contado na divertida e comovente voz de Jack. É uma história de um amor imenso que sobrevive a circunstâncias aterradoras e da ligação umbilical que une mãe e filho.

Para Jack, de cinco anos, o quarto de 11m² é o mundo todo; é onde ele e a Mamãe comem, dormem, brincam e aprendem. Embora Jack não saiba, o lugar onde ele se sente completamente seguro e protegido, aquele quarto, é também a prisão onde a mãe tem sido mantida, em cativeiro, contra a sua vontade durante 7 anos.

08 – O Grande Gatsby (F. Scott Fitzgerald)

O Grande Gatsby (The Great Gatsby) é um romance escrito pelo autor americano F. Scott Fitzgerald. Publicado pela primeira vez em 10 de abril de 1925, a história passa-se em Nova Iorque e na cidade de Long Island durante o verão de 1922, e é uma crítica ao "Sonho Americano”.

O romance relata o caos da Primeira Guerra Mundial. A sociedade americana vive um nível sem precedentes de prosperidade durante a década de 1920, assim como a sua economia. Ao mesmo tempo, a proibição de produção e consumo de bebidas alcoólicas, ordenada pelo 18° aditamento, fez grande número de milionários fora do circuito de venda de mercadorias e provocou um aumento do crime organizado.

Na narrativa, o personagem Nick Carraway, um aspirante a escritor que sonhando se tornar famoso, sai de uma cidade pequena nos Estados Unidos e chega à Nova York na primavera de 1922, em meio a uma era de falta de moral, do ápice do jazz, dos reis beberrões e de ações exorbitantes.

Nick acaba vizinho de um misterioso festeiro milionário, Jay Gatsby, além de conhecer sua prima Daisy e seu marido mulherengo e de sangue azul, Tom Buchanan. É assim que Nick é atraído para o mundo cativante dos super-ricos, cheio de ilusões, amores e decepções.

O aspirante a escritor decide escrever um conto de um amor impossível baseado em tudo o que presencia nesse mundo glamoroso até que inesperadamente acontece uma tragédia que terá reflexos diretos na vida do personagem.

O livro teve cinco adaptações para o cinema: 1926, 1949, 1974, 2000 e aquela, de 2013, com Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire e Carey Mulligan, que está passando na Netflix. Eu assisti a adaptação de 1974 com Robert Redford, Mia Farrow e Bruce Dern. Gostei muito. Agora pretendo ver o filme com o DiCaprio e o ex-Homem Aranha Tobey Maguire.

09 – A Ilha do Medo (Dennis Lehane)

Até o momento em que escrevia esse texto (mesma data de sua publicação) o filme estava disponível no catálogo da Netflix. Livro e filme tem roteiros semelhantes e são muito bons e com um final de derrubar o queixo dos leitores e cinéfilos.

A história se passa em 1954 quando o xerife Teddy Daniels acompanhado de seu novo parceiro Chuck Aule chegam a Shutter Island. A dupla deverá investigar a fuga de uma interna do Hospital Psiquiátrico Ashecliffe  (reservado à pacientes criminosos) em meio à angustiante expectativa da chegada de um furacão que precipita uma revolta e muito medo entre os presos. De forma bem sucinta esse é o enredo da obra de Dennis Lehane que acabou indo parar nas telas dos cinemas com Leonardo di Caprio e Mark Ruffalo vivendo respectivamente Daniels e Aule.

Cara, a história tem muitas reviravoltas, mas o final: hohohô! É surpreendente. Aliás, aqui vale uma curiosidade: O livro foi publicado originalmente em 2003 com o título de Paciente 67, depois com o lançamento do filme em 2010, a Companhia das Letras relançou a obra com capa e o nome do filme.

Leiam e também assistam, vale muito a pena, mas fica aqui um adendo: o final chocante do livro é semelhante ao do filme. Assim, quem já conhece a história, certamente o ‘The End’ perderá aquele impacto profundo.

10 – Diário de Uma Paixão (Nicholas Sparks)

Diário de Uma Paixão foi o segundo livro escrito por Sparks – o primeiro, Wokini, não chegou a ser lançado no Brasil – e também aquele que o tornou conhecido em todo o mundo. A história do casal Noah e Allie é “fodasticamente fodástica”. Quem não chorar lendo o livro ou assistindo o filme, com certeza, tem o coração de pedra.

Diário de Uma Paixão é uma história de amor - daquelas de arrebentar - entre duas almas gêmeas, que nem mesmo as piores dificuldades enfrentadas na juventude e na velhice foram capazes de separá-las. Pelo contrário, esses obstáculos serviram para unir o casal ainda mais. Pronto! Isso basta para resumir a história de Noah e Allie.

O livro tem muitas passagens distintas do filme, principalmente o final que é muito diferente. Mas independente disso, os dois “The End” – o das páginas e o das telas – conseguem arrancar lágrimas.

Lembro-me de ter chorado baldes de lágrimas com os “finais” de “Diário de Uma Paixão”. O filme baseado no livro de Sparks estreou nos cinemas em 2004 e contou com um time de jovens atores, desconhecidos na época. A produção foi muito elogiada por crítica e público.

Se você assina a Netflix e tem o livro em sua estante faça as duas coisas: assista ao filme e leia o livro. Vocês terão uma grata surpresa. Como já escrevi acima, os finais são bem diferentes, mesmo assim, emocionantes, daqueles de arrebentar os corações.

Taí leitores e cinéfilos, espero que tenham gostado da lista.

Inté!

14/07/2021

À Sombra da Lua

 


Já há algum tempo queria ler um livro sobre lobisomem. Ahahaha!! Tenho certeza que muitos agora estão ‘tirando’ com a minha cara. Tá bom! Mas e daí? Você não gosta de livros de vampiros adocicados e românticos do tipo Edward Cullen? Ou ainda dos “apocalipses” em clima de zumbilândia com aquele bando de zumbis tresloucados correndo sem rumo saboreando uma carninha humana? Entonce; fiquem com os seus vampiros e zumbis e deixe-me numa boa com os meus lobisomens (rs). 

Mas deixando as brincadeiras de lado, queria muito, galera, ler um romance sobre esse mito, mas que fugisse dos estereótipos das histórias comuns. Coisas do tipo: ‘após se transformar em lobo, a besta fera carrega uma pobre donzela e se refugia no alto da torre de um templo’; sem contar que o lado humano dessa mesma besta fera acaba se apaixonando pela donzela  que por sua vez, também acaba tendo uma quedinha pelo homem lobo. Ah! Não se esquecendo das famosas balas de prata, as únicas capazes de dar fim a vida do monstro que ao ser atingido recupera a sua forma humana. Não queria nada disso. Estava a fim de ler um romance do gênero completamente diferente e com uma narrativa séria.

Nada, também, de livros técnicos que explicassem o fenômeno da licantropia, queria mesmo um “romanção” – mais ou menos parecido com A Hora do Lobisomem, de Stephen King – que me fizesse viajar e sentir um medinho gostoso.

Estava nesse impasse quando o Atalíbio ou Atas – como costumo chama-lo - um leitor do meu blog - me indicou À Sombra da Lua do Marcos DeBrito. Como já havia lido e adorado O Escravo de Capela – outra indicação do Atas – também de DeBrito, ponde ele descontrói a imagem folclórica do Saci Pererê, resolvi comprar o romance. Cara... e que livro! Tudo o que eu estava procurando sobre o tema encontrei ali.

Primeiro detalhe e acredito que o mais importante: a construção dos personagens. DeBrito foi muito feliz nesse ponto. Os personagens de À Sombra da Lua não tem nada de caricaturais. Eles parecem de carne e osso com as mesmas virtude e defeitos de todos nós, seres humanos. A vontade que senti foi a de bater um papo com o Valêncio – que sujeito mais carismático! Gente boa, toda a vida. Queria estar lá bebendo um pouco da sua sabedoria e, quem sabe, emprestando alguns de seus livros. Já Álvaro, Alana e Flávia me causaram as mais diferentes emoções; algumas vezes torcia por eles, em outras queria que se dessem muito mal.

Logo no começo da narrativa detestei Álvaro, mas a partir do momento que fui conhecendo detalhes de sua vida, ele acabou despertando em mim, até mesmo, uma certa empatia, mesmo sendo um sujeito recluso e calado.

Alana é outra personagem que vai se metamorfoseando ao longo da história. Começa como uma moça tímida, submissa e apagada, mas aos poucos vai mudando o seu comportamento e começa a tomar atitudes firmes sem se preocupar com o que as outras pessoas irão pensar.

Poderia escrever várias páginas sobre os personagens de À Sombra da Lua porque eles foram muito bem idealizados. Temos ainda o bom caráter, à toda prova, de Vicente; a arrogância e maldade de seu pai, Carlos George; a covardia de um personagem fundamental que fica muito bem camuflada debaixo de uma falsa carapaça de coragem e que engana a todos até perto do final da história. Enfim, personagens fantásticos.

Marcos DeBrito

Outro ponto positivo da obra: o enredo. O autor conseguiu desenvolver uma história ficcional de lobisomem com conteúdo e isenta de estereótipos.  A besta fera do romance é visceral, sem lado bom, e segue apenas os seus instintos animais. Por isso, vários trechos do livro que envolvem o ataque do lobisomem chegam a ser chocantes e podem incomodar os leitores mais sensíveis, como por exemplo, o momento em que o personagem já na sua forma humana, no dia seguinte após a metemorfose, ao despertar encontra pedaços de carne humana mal mastigados em sua boca. Arghhhhhhhh!!

Mas engana-se aqueles que pensam que o livro se resume apenas aos ataques do monstro e a sua caçada. O enredo vai muito mais além disso. Acredito até mesmo que DeBrito usou esse plot para explorar os dramas dos moradores de Vila Socorro, local onde se desenrola a trama. Diz um velho ditado popular que basta um fato extraordinário ou uma situação de extremo perigo para que o verdadeiro ‘eu’ das pessoas venha à tona. É, exatamente, isso que acontece em Vila Socorro quando os ataques brutais da besta ganham proporções assustadoras.

A narrativa do livro acontece em dois tempos distintos: final do século XIX mostrando detalhes da vida de Bastiano e Clemenzia, pais de Álvaro, imigrantes italianos que chegam ao Brasil em 1893 com a esperança de uma vida nobre justificada pelo trabalho, onde acabam se tornando pequenos agricultores. E o início do Século XX, mostrando o drama dos moradores de Vila Socorro – um pequeno vilarejo no interior de São Paulo - que em 1920 veem as suas vidas atormentadas por um ciclo de mortes que ocorre apenas nas noites de lua cheia quando corpos de pessoas e animais são encontrados trucidados nos arredores da floresta.

A origem da besta fera que ataca impiedosamente os moradores de Vila Socorro tem ligação direta com esses dois períodos de tempo (1893 e 1920).

Galera, enfim, livrão-livraço.

Valeu pela leitura


11/07/2021

As Portas de Pedra (The Doors of Stone): Patrick Rothfuss explica os motivos para a demora do lançamento do livro.

O objetivo inicial desta postagem é fazer um desabafo contra o atraso do lendário lançamento de As Portas de Pedra (The Doors of Ston) ra, livro final da trilogia A Crônica do Matador do Rei. Cara, estou P. da Vida com o Patrick Rothfuss. Caraca, são mais de dez anos de hiato do lançamento do segundo livro, O Temor do Sábio! Agora se O Nome do Ventoentrar no jogo, esse hiato aumenta para quase 15 anos! Cá entre nós, é muito, mas muiiiito tempo para concluir uma trilogia. Temos que concordar que está demorando demais.

O pior nessa história toda é que Betsy Wollheim, editora de Rothfuss, em uma notícia um tanto surpreendente disse que ainda não leu nenhum material de The Doors of Stonee observa uma falta de comunicação sobre o progresso do livro. E posso garantir galera, que isso é um péssimo sinal já que um editor precisa de tempo e muito tempo para “preparar” determinada obra antes de seu lançamento. Este preparo inclui revisão – não apenas uma revisão, mas várias – campanhas de marketiung, planejamento de distribuição e etc e mais etc. Para colocar todo esse processo em prática, o departamento executivo da editora de Rothfuss vai precisar – chutando baixo – de um ano, aproximadamente. Triste, não acham?

Patrick Rothfuss

Várias razões para o atraso da conclusão da saga de Kvothe foram especuladas. Rothfuss relatou surtos de problemas de saúde, bem como traumas relacionados a lutos familiares. Mas é importante frisar que o autor também esteve intimamente envolvido em uma tentativa de lançar uma adaptação multimídia de seus livros, que envolveria tanto uma trilogia de filmes baseada diretamente nos romances quanto uma série de TV, prequel, girando em torno dos pais de seu protagonista, Kvothe. No entanto, a série que seria produzida pela Showtime foi cancelada devido a estouros excessivos de custos e uma nova rede interessada na série ainda não surgiu. Os filmes também perderam o desenvolvimento ativo quando o diretor Sam Raimi, que havia manifestado interesse, decidiu seguir em frente com um projeto diferente. As referidas produções, agora, parecem estar em segundo plano na Lionsgate.

Pois é, mas os motivos para o atraso do livro final da trilogia Crônica do Matador do Rei não param por aí. Rothfuss também se envolveu em trabalhos de caridade, blogs, comentários de videogames, material derivado e contribuição escrita para outros projetos. Alguns críticos literários especulam que essa dedicação de tempo a projetos paralelos tenha sido a principal causa de atrasos no livro.


Independente dessas especulações, a verdade é que os fãs de Kvothe, Bast, Denna, Auri e outros estão mais do que impacientes, afinal já estão esperando pelo desfecho da trama há praticamente uma década e meia. Assim, no ano passado, quando foi anunciada uma live com o autor onde ele prometeu que responderia algumas perguntas relacionadas ao lançamento do terceiro livro, não foi nenhuma surpresa a participação de um número absurdamente grande de “internautas-leitores”. 

Rothfuss fez questão de esclarecer alguns pontos sobre The Doors of Stone e revelou, inclusive, que todo o processo de criação da obra, incluindo a demora de seu lançamento, vem mexendo com a sua cabeça o que o obrigou a procurar apoio psicológico.

Mas vamos a reprodução dos trechos dessa live relacionados ao livro. A tradução é de Miguel Regert, fã da saga. Confiram.

Pergunta: A inclusão de novas ideias está atrasando a sua escrita?

Patrick: Não. O problema é que eu escrevi a história toda de uma vez, e então eu passei a trabalhar na primeira parte da história para transformá-la no Nome do Vento, e isso levou anos e anos. Foram anos de revisão (14 anos, precisamente, conforme ele diz em outro momento da live) até ser publicado em 2007. Enquanto isso, o restante da história não foi mexido. Quando eu fui trabalhar em O Temor do Sábio, havia muitos problema com ele, e ele não combinava mais com o 1º livro, pois eu havia mudado muita coisa (personagens foram adicionados, suas histórias foram melhor desenvolvidas etc). E agora o 3º livro, o que era para ser o final da história, muito dele foi escrito em 1998, há muito tempo. E eu não era um bom escritor. Mesmo os trechos do 3º livro que estavam bons não combinavam mais com as duas partes anteriores da história, que foram alteradas e melhoradas ao longo de muitos anos com as revisões.

Pergunta: Com as novas adições ao 3º livro por meio das revisões, é possível que ele fique grande demais para um livro só?

Patrick: Não, não é possível.

Pergunta: Você já disse que tinha o final da história planejado desde o início. Esse final mudou desde então?

Patrick: Não.

Pergunta: O que é que você gosta mais no 3º livro atualmente?

Patrick: Atualmente estou revisando a parte em que o Kvothe “resgata princesas de reis adormecidos em sepulcros” (isso consta no 1º livro). Estou gostando dessa parte, e a revisando. Está boa, mas eu ainda posso fazer melhor, então estou polindo esta parte.

Pergunta: O quanto ser pai influenciou na sua escrita?

Patrick: Provavelmente não tanto quanto ocorre com outras pessoas, há outras coisas que influenciaram minha escrita bem mais do que ser pai.

Pergunta: Você acha que o grande hiato entre o lançamento dos livros e tudo o que aconteceu no mundo (Trump presidente, protestos, pandemia) mudou você como pessoa e o fez alguém completamente diferente do que era quando começou a história?

Patrick: A questão é que eu literalmente comecei a escrever a história em 1994, e o 1º livro foi publicado em 2007. Já se passaram décadas da minha vida desde aquela época até agora. Então o que eu mudei como ser humano é gigantesco. Então, sim, eu sou diferente agora do que era antes, mas é algo com o que eu já lidei. O mundo está diferente. Essas coisas impactam na complexidade de terminar a história? Sim, mas não muito mais do que outras coisas da vida.

Pergunta: Você ainda se importa em terminar o 3º livro?

Patrick: Sim. Eu me importo muito em terminar o livro. Eu me sinto mal por muitas pessoas quererem algo de mim e que eu não fui capaz de dar a elas. Eu me sinto mal com isso, o tempo todo. Honestamente, isso é umas das coisas que ferrou minha saúde mental, estou fazendo bastante terapia atualmente. Porque no intervalo de alguns poucos anos eu fui de alguém que gostava de trabalhar na sua história que nunca seria publicada para alguém com quem milhões de pessoas estão decepcionadas porque querem esse livro. Não é um sentimento legal. Então, eu com certeza me importo em terminar esse livro. Se eu não me importasse em terminá-lo, vocês já o teriam, porque eu sei que as pessoas o comprariam de qualquer forma para saber o final da história. Mas eu não quero apenas vender um livro. Eu devo a todas as pessoas que amam esse livro algo lindo (pessoas que me falaram o quanto esse livro é importante pra elas, que tatuaram frases do livro na pele, e que deram nome de personagens do meu livro aos seus filhos), essa é a única razão.

Pergunta: Aprenderemos mais sobre o passado da Denna no 3º livro?

Patrick: Sim.

Outras respostas de Patrick Rothfuss:

 - Quando perguntado se o isolamento e a quarentena ajudaram ou pioraram no seu processo de escrita, o Pat disse que ele sempre foi mais produtivo quando estava em uma fase pacífica e tranquila da vida, e que a vida dele não estava pacífica ou tranquila há muito tempo. Ele insinuou que durante a quarentena está dando prioridade à caridade, em razão dos tempos difíceis que as pessoas estão enfrentando, e que elas precisam de maior ajuda agora.

- Quando perguntado sobre a relação do Bast com o Kvothe, o Pat disse que o 3º livro irá mostrar como eles se conheceram, e que essa parte ele precisa desenvolver melhor, para que a evolução do relacionamento deles não seja abrupta demais.

Patrick também reafirmou a intenção de escrever outros livros no mesmo universo após o fim da trilogia, e disse que tem interesse em criar outras histórias curtas (como o livro da Auri), especialmente sobre o Elodin e a Devi.

Taí galera, as explicações do autor do porquê da demora do lançamento de The Doors of Stone. Basicamente ele escreveu toda a história em 1998, e depois teve de separar ela em três livros. Para isso, ele passou 14 anos adaptando e revisando a primeira parte da história e depois mais alguns anos fazendo o mesmo com a segunda parte. Enquanto isso a terceira parte ficou estagnada no tempo, datada de 1998, de quando ele não era um bom escritor (segundo ele mesmo), Agora ele está adaptando e revisando essa terceira parte para se adequar aos padrões atuais dele e se encaixar direito nos outros dois livros.

Taí tchurma. E despeje demora nesse angu todo!


Instagram