28/04/2019

10 livros com reviravoltas incríveis que farão o seu queixo cair


Li tantos livros e assisti tantos filmes com reviravoltas surpreendentes que hoje tive a ideia de escrever um post sobre o assunto. Esta ideia ficou ainda mais definida depois de ter assistido, novamente, ao filme “O Planeta dos Macacos” (1968), com o saudoso Charlton Heston. C-a-r-a-c-a! Que final é aquele?! Na minha opinião, mesmo já tendo passado mais de meio século, aquela reviravolta na trama continua sendo uma das mais inesperadas na história do cinema.
Cara, fiquei tão chocado com a imagem final que anos depois decidi ler o livro do francês Pierre Boulle - no qual foi baseado o filme - para constatar se havia semelhança entre os dois “The End”: o das telonas e o das páginas. Apesar dos dois finais serem tão diferentes como a água e o óleo, as páginas finais da história de Boulle é um petardo no queixo dos leitores. Fiquei completamente abobado. Uloko! Que qué aquilo!!
Posso dizer que a inspiração para essa postagem foi tanto o filme quanto o livro “O Planeta dos Macacos”. Pretendia escrever o texto já há algum tempo, mas por um motivo ou outro, sempre fui protelando, mas agora chegou o momento. E nada mais justo do que começar com a obra que me inspirou o post. Vamos a ela...

01 – O Planeta do Macacos (Pierre Boulle)
O livro é ótimo e não seria nenhuma heresia afirmar que é muito superior ao filme com Charlton Heston. A obra de Boulle é bem mais profunda e questionadora. Nela, diferentemente do filme, ficamos sabendo como os macacos conseguiram subjugar a raça humana, ou seja, como essa inversão de valores começou. O autor dá, inclusive, exemplos práticos dessa dominação num relato chocante de como tudo teve início. Boulle também aprofunda o relacionamento entre os seus personagens, principalmente o humano Ulysses e os símios Cornelius e Zira. Os diálogos envolvendo os três são impagáveis.
Outro detalhe que percebi foi o tom visceral do livro que faz todos os filmes da franquia parecerem verdadeiros contos de fadas, principalmente nos trechos onde Boulle descreve cruamente as experiências que os macacos realizam nos cérebros dos humanos. Algumas delas chegam a ser surreais devido ao grau de violência que impressionam qualquer leitor.
Quanto ao final... Pode pará! Prepare-se. Apesar de diferente do filme estrelado por Heston, a reviravolta final de “O Planeta dos Macacos” das páginas é tão ou até mais avassaladora. Sinceridade? A minha queixada inteira caiu. Não esperava por aquilo; mesmo.
02 – Até Você Ser Minha (Samantha Hayes)
Até Você Ser Minha” tem o maior plot twist de todos os livros que li até agora. Imagine um boxeador levando um soco direto no queixo e perdendo o rumo. É dessa maneira que sentimos ao ler as últimas páginas da obra. Quando vem a revelação final... “PQP! Como aconteceu aquilo!”
Cara, garanto que o plot twist criado por Hayes é fantástico e ficará gravado na mente dos leitores. A autora, com certeza, trollou toda a galera. Juro que no final do livro me senti deliciosamente trolado, enganado, mesmo.
Hayes conta a história de uma assistente social chamada Claudia Morgan-Brown que após vários abortos involuntários está prestes a realizar o sonho de sua vida: dar à luz uma menininha. Apesar da ausência do marido ao longo da gravidez – James é um oficial da Marinha que fica semanas e até meses longe de casa – ela mal pode esperar para segurar o seu bebê nos braços após várias tentativas e perdas.
Porém, as diversas atividades de Cláudia, além da responsabilidade de cuidar dos gêmeos, filhos do primeiro casamento de James, deixam o casal preocupado, ainda mais com a aproximação de uma nova partida de James. É então que eles decidem contratar uma babá chamada Zoe que deseja muito esse emprego. Com as melhores recomendações, ela conquista a confiança da família e se muda para o lar do casal. Com o passar dos dias, Cláudia teme que a misteriosa mulher tenha outros motivos para se aproximar de sua família. Entonce, chega o final e com ele a grande reviravolta.
03 – Eles Merecem a Morte (Peter Swanson)
Como já escrevi num post anterior, “Eles Merecem a Morte” tem porradas para nocautear qualquer pessoa. Quando digo ‘porradas’ estou me referindo as reviravoltas na trama. E olha que são três porradas para deixar o leitor desorientado e de queixo caído. Peter Swanson, no início de seu enredo, nos conduz para um desfecho dentro da normalidade, ‘entonce’, a partir da página 136, de sopetão, vem a primeira pancada. Esta primeira reviravolta mexe com toda a trama e modifica o chamado ‘modus operandi’ de alguns personagens. Fiquei impactado.
As duas outras porradas no decorrer do romance não tiram o chão do leitor, como a primeira, mas também são ‘trucões pesados’ e desnorteiam. O autor faz você pensar que vai acontecer algo, mas esse algo não acontece. Então, você para e diz: “ué, cadê?!” Quando se recupera dessa surpresa e prossegue a leitura, chega o ‘golpaço’ inesperado.
Além dessas três reviravoltas maiores em “Eles Merecem a Morte”, nós ainda somos brindados com várias outras surpresas, incluindo um final de  apenas oito linhas que consegue, novamente deixar o leitor boquiaberto, arrematando a história.
No livro, o personagem Ted Severson - que aguarda no aeroporto o voo de Londres para Boston - conhece a bela e misteriosa Lily Kintner. Depois de vários martinis, os dois estranhos decidem fazer um jogo: cada um deve contar os seus segredos mais íntimos a respeito de si mesmo. Ted revela, então, que está sendo traído por sua esposa, Miranda. Porém, o que começa apenas como uma brincadeira inocente entre dois desconhecidos acaba tomando proporções perigosas quando Ted sugere que sente vontade de matar a sua mulher, e Lily surpreendentemente decide ajuda-lo.
Paro por aqui, porque contar mais do que isso seria estragar a leitura da galera com spoilers.
04 – Os Sete Minutos (Irving Wallace)
Um misterioso escritor chamado J.J. Jadway escreveu “Os Sete Minutos”, considerado o romance mais injuriado e polêmico de todos os tempos. Tido pelos jornais e críticos como o livro mais pornográfico já escrito desde que Gutenberg descobriu a imprensa.
Na época de seu lançamento, “Os Sete Minutos” escandalizou toda a sociedade e ficou proibido durante 35 anos, ganhando o status de obra maldita, mas por outro lado cultuada. Quanto a J.J. Jadway, se tornou um mito, uma verdadeira lenda. Por causa da obra polêmica, há três décadas e meia, Jadway acabou sendo expatriado e a partir desse momento ninguém nunca mais souber informar o seu paradeiro: se ele estava vivo ou morto. O lendário escritor que havia revolucionado a linguagem dos romances convencionais, após cair em desgraça por causa de sua obra, simplesmente desapareceu, mas “Os Sete Minutos” continuaria causando furor.
Decorrido todo esse tempo, uma editora resolveu relançar o polêmico  romance, mas um ambicioso e retrógrado promotor de uma pequena cidade americana, ainda entendia que o livro se tratava de uma obra obscena. Por isso, o magistrado acaba prendendo um pacato livreiro que vendia exemplares de “Os Sete Minutos” em sua loja. De acordo com o código penal da Califórnia, em seu artigo 31, a venda de material obsceno é crime passível de prisão. Para complicar ainda mais a vida do pobre livreiro, a obra teria sido a causa de um estupro brutal seguido de homicídio. Um adolescente afirma que após ler o texto maldito de Jadway, teria perdido o controle, vindo a estuprar e matar uma jovem.
Leitores... preparem-se para a incrível reviravolta na trama envolvendo o personagem J.J.Jadway. Um dos melhores plot twist que já li, juntamente com “Até Você ser Minha”, é claro.
05 – Garota Exemplar (Gillian Flynn)
My God! Que final foi aquele! Fiquei estonteado. Verdade!
Em “Garota Exemplar” de Gillian Flynn, a personagem Amy, uma garota rica e mimada, mas também muito inteligente, desaparece no dia em que completaria o seu 5º aniversário de casamento com Nick Dunne. Os dois tinham uma união perfeita, do tipo nascidos um para o outro como ela mesma escrevia em seu diário. Então fica a pergunta no ar: “Por que, Amy decidiu sumir do mapa?”.
Ao desaparecer, a garota deixa pistas de caça ao tesouro para que Dunne tente encontra-la, como eles sempre tinham o hábito de fazer.
É o tipo do livro que do começo ao fim faz com que o leitor mude de opinião frequentemente até chegar ao bombástico final.
06 – O Vendedor de Histórias (Jostein Gaarder)
Jostein Gaarder é o mesmo autor de “O Mundo de Sofia”. Se “O Vendedor de Histórias” não se compara com a sua obra prima, pelo menos o seu final é inesperado e chocante. Digo chocante porque irá, de fato, chocar a maioria dos leitores, para não dizer todos.
Mas, cá entre nós, vamos ser justos; “O Vendedor de Histórias” pode até ser inferior ao “Mundo de Sofia”, mas tem um enredo que consegue prender a atenção da galera.
Petter era um garoto diferente dos outros. Ao crescer, ele virou Aranha, uma espécie de ghost-writer, que vende os frutos de sua imaginação para os escritores sem ideia.
Desde muito jovem, Petter vive num processo criativo constante, inventando enredos o tempo inteiro, por vezes uma meia dúzia de histórias ao mesmo tempo. Intriga, mistério, policial, romance, etc. Um solitário que vai guardando histórias que serão a base para a sua futura “atividade profissional”. Ao crescer, adota o pseudônimo de Aranha e começa a vender as suas histórias para outros escritores.
Prestem atenção na personagem Maria; a grande reviravolta começa com ela.
07 – Novembro de 63 (Stephen King)
O livro “Novembro de 63” de Stephen King tem um final arrebatador. Ao terminar de ler a última página do livro além de surpreso, fiquei angustiado. Me bateu uma tristeza muito grande e juro que algumas lágrimas insistiram em rolar. Não imaginava aquele final... Não sabia se ficava emocionado ou surpreso com o plot twist magistralmente engendrado por King.
Acredite, King me fez chorar de emoção. Estranho não é? Afinal, o sujeito é o mestre do terror e suspense e não o mestre dos romances melosos! Éstá aí um ponto a mais para o autor que sempre surpreende e inova em suas histórias.
Desta vez, ele inovou ao criar um personagem que encontra uma maneira de voltar ao passado, momentos antes de Lee Harvey Oswald assassinar John Kennedy. Com isso, o professor Jake Epping tenta evitar a tragédia e reescrever a história mundial.
08 – A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert (Joël Dicker)
Com apenas vinte e oito anos, um jovem escritor chamado Marcus Goldman publicou um livro que se tornou um best-seller. Resultado, ainda jovem se viu alçado repentinamente ao status de celebridade, com direito a um apartamento chique em Manhattan, um carrão, uma namorada estrela de TV, além de um vasto rol de vantagens encima de vantagens. Mas a alegria cedeu espaço para a preocupação quando Marcus foi acometido pela doença dos escritores: o bloqueio criativo.
A poucos meses do prazo para a entrega do novo original, pressionado por seu editor e por seu agente, Marcus não consegue escrever nem uma linha sequer. Na tentativa de superar seu bloqueio criativo, Marcus recorre a seu amigo e ex-professor Harry Quebert, um dos escritores mais respeitados dos Estados Unidos, que vive numa bela casa à beira-mar na pequenina cidade de Aurora, em New Hampshire. Às voltas com sua dificuldade em escrever, Marcus é surpreendido pela descoberta do corpo de uma jovem de quinze anos, Nola Kellergan — que desaparecera sem deixar rastros em 1975 —, enterrado no jardim de Harry, junto com o original do romance que o consagrou.
Cara, se prepare para o festival de reviravoltas que começam a acontecer a partir desse momento. Fantástico!
09 – Conte-me Seus Sonhos (Sidney Sheldon)
Digo sempre para os meus amigos que o final de “Conte-me Seus Sonhos” de Sidney Sheldon é impensável ou anormal. Um “The End’ que tira o ar dos nossos pulmões. Quando terminei o livro, jamais pensei naquela conclusão.
Sheldon narra uma série de assassinatos brutais onde as vítimas são mortas de maneira cruel. Os crimes ganham repercussão mundial e após várias investigações, a polícia chega a uma suspeita em potencial: Ashley Patterson, de 20 anos. Uma moça de bom coração, uma verdadeira samaritana. Resumindo: a moça é presa e vai a julgamento. De um lado, um promotor que afirma ter provas ferrenhas de que ela é a criminosa e por isso, exige a pena de morte. Do outro lado; um jovem advogado que coloca a sua carreira em jogo por defender Ashley, acreditando veemente em sua inocência.
Com o “andar da carruagem”, surgem mais duas lindas mulheres que também podem estar envolvidas nos crimes: Toni Prescott e Allete Peters. Todas jovens e sem antecedentes criminais. A grande pergunta é quem cometeu os crimes brutais?
Entonce... vem a surpresa. E que surpresa!
10 – Mentirosos (E. Lockhart)
Existem finais de livros que ficam guardados em nossa memória por toda a vida. Não tenho vergonha em dizer que até hoje, quase quatro meses, após ter lido “Mentirosos” de E.Lockhart ainda me emociono.
O final da trama não é só surpreendente – e quando digo surpreendente, estou querendo dizer algo do tipo: tirar completamente o chão dos leitores – mas emocionante até a última gota.
A tal virada surpreendente acontece no último capítulo intitulado ‘Verdade’. Garanto que é algo bombástico. É a partir daí que todos os esclarecimentos envolvendo os quatro personagens principais da trama chegam à tona. Mesmo a autora, em alguns trechos, soltando algumas pistas sobre o final impactante, tenho convicção que o leitor não irá sequer imaginar o que o último capítulo lhe reserva. É algo... sei lá, que não passa na cabeça de ninguém que lê o livro. E quando você descobre o que é, o seu queixo cai. Conheço alguns amigos que estão lendo a obra de Lockhart, exclusivamente, por causa de seu final inesperado.
Na trama, os Sinclair são uma família rica e renomada, que se recusa a admitir que está em decadência e se agarra a todo custo às tradições. Assim, todo ano eles passam as férias de verão numa ilha particular. Cadence — neta primogênita e principal herdeira —, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos. Cadence admira Gat por suas convicções políticas e, conforme os anos passam, a amizade com aquele garoto intenso evolui para algo mais. Mas tudo desmorona durante o verão de seus quinze anos, quando Cadence sofre um estranho acidente do qual não se recorda. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido… até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu. E quando ela descobre... vem a surpresa arrebatadora.
Taí galera que aprecia grandes reviravoltas nos livros ou então finais surpresas. Escolhem o seu e boa leitura!
Inté!

24/04/2019

A Cinco Passos de Você


No mês passado quando fui à biblioteca municipal fazer uma reportagem, aproveitei para dar uma ‘zapeada’ nos livros tão aconchegantemente acomodados nas diversas estantes. Ah! Sabiam que a biblioteca da minha cidade está no céu? Não no céu de Jesus, mas no céu dos homens. Estas três letrinhas são as iniciais de Centro de Educação Unificada que abriga a biblioteca do município. Sabem que é até engraçado, porque já virou hábito o pessoal da city dizer que vai no CÉU pegar um livro e não no CEU (sem o acento grave). Até mesmo muitas autoridades municipais e regionais agem dessa maneira quando concedem entrevistas. Eu, mesmo, quando fui até lá tasquei: - Hoje tenho uma entrevista agendada no Céu – um dos meus colegas de trabalho que leva tudo na brincadeira, perguntou se eu iria entrevistar São Pedro ou Jesus.
Putz, eu e as minhas divagações, novamente. Para com isso Jam!! Bem, voltando ao assunto e recuperando o fio da meada. Enquanto olhava as estantes vi na seção de livros novos, o lançamento “A Cinco Passos de Você”. Então, lembrei que já havia lido alguma coisa sobre a obra, inclusive que seria adaptada para o cinema. Pois é, resumindo, a curiosidade falou mais alto e acabei emprestando o livro.
Li as 288 páginas muito rápido. Acho que em 3 dias ou menos. Quem leu e gostou de “A Culpa é das Estrelas” e “Como eu era antes de você”, decerto irá adorar “A Cinco Passos de Você”. No meu caso, não gostei do livro de John Green, mas apreciei a obra de Jojo Moyes. Quanto ao enredo de Raquel Lippincot achei razoável: anos luz distante de “Marina”, de Carlos Ruiz Zafon, por exemplo, mas melhor do que “A Culpa é das estrelas” e no mesmo nível de “Como eu era antes de você.
Por ser uma história simples, acaba se tornando fluida e com isso, rápido de ler. O livro segue aquela temática tão comum na maioria dos romances de amores impossíveis, ou seja, duas pessoas que se amam, mas não podem ficar juntas por que uma delas está com a sua vida condenada, quase sempre por causa de uma doença incurável. Foi assim com “Love Story”, foi assim com “Escrito nas Estrelas” e foi assim com “A Cinco Passos de Você, mas com uma diferença, nesse último caso, não apenas um, mas os dois estão com as suas vidas abreviadas.
Neste amor impossível, os adolescentes Stella Grant e Will Newman são portadores da doença fribose cística e acabam se conhecendo no hospital. Começa aí a convivência do casal e uma convivência cheia de amor e principalmente conflitos, já que os dois são muito diferentes um do outro, tendo perspectivas de vida pra lá de antagônicas.
Stella é uma adolescente típica, mas com uma rotina de vida bem rigorosa tomando inúmeros remédios para controlar a sua doença crônica que impede que seus pulmões funcionem como deveriam. Suas prioridades são manter seus pais felizes e conseguir um transplante. Mas para ganhar pulmões novos, Stella precisa seguir seu tratamento à risca e eliminar qualquer chance de infecção, o que significa que ela não pode ficar menos que dois metros de distância – ou seis passos – de outros pacientes com a doença. 
Já deu para entender o que vai rolar desse ponto para frente, não é? Ela vai conhecer um cara, o tal Will Newman que tem a mesma doença e se apaixonar por ele, correndo o risco de colocar o seu tratamento em cheque.
E para complicar, Will é muito diferente de sua cara metade, já que o único controle que Will Newman deseja é o de sua própria vida, não dando a mínima para o novo tratamento experimental para o qual foi selecionado, além de aguentar, numa boa, a pressão de sua mãe para que melhore.
A revolta do rapaz é tanta que prestes a completar dezoito anos, ele mal pode esperar para finalmente se livrar das máquinas e hospitais, usando o pouco de vida que ainda lhe resta para conhecer o mundo.
Bem, brecou! Contar mais do que isso seria castigar o post com spoillers.
Galera, é isso aí, a história de amor de Will e Stella acontece dentro desse contexto. Não vou negar que a trama emociona em alguns momentos, algo que não senti lendo “A Culpa é das Estrelas” e também, muito pouco, lendo “Como eu era antes de você”. Em “A Cinco Passos de Você”, a autora explora o conflito mãe-filha e Will-Stella de uma maneira que mexe com o leitor. Como pano de fundo passamos a conhecer um pouco mais a dura rotina de vida das pessoas que sofrem de fibrose cística. Mas a grande sacada de Lippincot é ‘atiçar’ a curiosidade do leitor em saber se Stella irá abandonar tudo e seguir Will ou se Will contrariará os seus princípios e passará a conviver com Stella seguindo os seus conceitos de vida.
Posso garantir que o final da obra chega a surpreender, pelo menos um pouco.
Inté galera!

20/04/2019

Cinco livros de Augusto Cury que não podem faltar em sua estante


Não vou negar que o gênero autoajuda não é a minha praia. Juro que já tentei diversas vezes, só que não me adaptei, mas como para toda regra há uma exceção, no meu caso não é diferente. Digo isso porque os livros do escritor paulista Augusto Cury conseguiram quebrar esse meu dogma literário. O autor conhecido como o ‘guru da autoajuda’ exerce esse poder em mim.
Mesmo fugindo da literatura que explora esse gênero da mesma forma que o diabo foge da cruz, não consigo ficar imune as obras de Cury. Estranho, não? Fazer o quê. Estamos cercados de ‘coisas’ que podemos explicar e outras que não podemos.
No post de hoje, resolvi selecionar cinco livros do autor que eu li, gostei e gostaria de recomendar para a galera que acompanha esse espaço. Vamos a elas.
01 – O Vendedor de Sonhos: O Chamado
Um dos motivos que me fez gostar de Augusto Cury é que o seu estilo literário, na maioria da vezes, não lembra em nada aqueles enredos direcionados para a autoajuda. Pelo menos na minha opinião, ele procura dar uma explicação dos fatos explorando o lado da psicanálise. É o que acontece com “O Vendedor de Sonhos: O Chamado”.
Este livro me ensinou uma lição muito importante:  abandonar o meu lado workaholi, ou seja, parar de pensar só em trabalho e começar a me dedicar aos meus familiares, a pessoa que eu amo e também sentir prazer nas pequenas coisas que a vida nos oferece.
Cury conta a história de um homem misterioso -  que se intitula o vendedor de sonhos -, sem passado ou nome, que procura abrir a mente das pessoas mais desajustadas, por meio do método socrático.
Este homem lembra Jesus Cristo, e as pessoas que ele consegue convencer lembram os seus apóstolos e discípulos. Cada um de seus seguidores tem um determinado problema, mas a partir do momento que entram em contato com o protagonista da história, eles aprendem dar um valor maior para as suas vidas através dos ensinamentos do estranho homem que se intitula o vendedor de sonhos.
Acredito que os seus seguidores somos nós com os nossos problemas. E para cada um, esse misterioso personagem tem uma lição à ser dada, mesmo que seja um pequeno puxãozinho de orelha. Mas tudo isso sem apelar para o autoajudismo, tão comum em outros autores do gênero.
02 – Maria, A Maior Educadora da História
O livro é uma análise psicológica sobre Maria, a mãe de Jesus Cristo. O autor utilizou a mesma metodologia aplicada em sua famosa coleção: “Análise da Inteligência de Cristo”. Por isso aqueles que leram e gostaram dos cinco livros que formam a famosa coleção, certamente irão apreciar o enredo de “Maria, A Maior Educadora da História”.
Partindo do ponto de vista da psicologia, psiquiatria e pedagogia, Cury analisa a personalidade de Maria de Nazaré e em especial os dez princípios que ela utilizou na educação do menino Jesus. Segundo o autor, não se trata de uma análise católica ou protestante, mas cientificamente investigativa.
Neste livro, é esclarecido o quão importante Maria, mãe de Jesus, foi para a formação do homem que dividiu a história, Jesus Cristo.
Ela tornou-se a mulher mais famosa de todos os tempos. A única exaltada em dois livros sagrados, a Bíblia e o Alcorão. Entretanto, sua personalidade continua sendo uma das mais desconhecidas. Neste livro, utilizando-se de métodos analíticos modernos, o autor se propõe a desvendar, pelo menos, uma parte dessa personalidade.
Sem dúvida, um grande livro.
03 – O Homem Mais Inteligente da História
Vou dar dois motivos incontestáveis para você não deixar de ler esse livro. O primeiro: Augusto Cury considerou essa obra a mais importante de toda a sua vida; e o segundo motivo: “O Homem Mais Inteligente da História” foi a obra de ficção mais vendida no Brasil em 2016, entre aquelas escritas por autores nacionais.
Para ser sincero, ainda não tive oportunidade de ler o livro, mas por outro lado, alguns de meus amigos já leram e todos foram unânimes ao afirmar que se trata de uma das melhores histórias escritas por Cury.
Vou tomar por parâmetro, a opinião do Marcos, um antigo amigo de universidade e um grande devorador de livros, muito sincero em suas opiniões literárias. Segundo ele, um dos pontos que mais chamam a atenção na obra é a análise psicológica de Jesus, Maria e de cada um de seus apóstolos. Esta análise – ao contrário do que acontece na coleção “Análise da Inteligência de Cristo” e “Maria, A Maior Educadora da História” – é feita de maneira romanceada e inserida no contexto dos personagens. Este detalhe faz com que o enredo do livro seja apreciado por leitores principiantes e também por outros que já estão acostumados, há muito tempo, com a escrita de Cury.
O autor paulista narra a história de um psicólogo e pesquisador, Dr. Marco Polo que desenvolveu uma teoria inédita sobre o funcionamento da mente e a gestão da emoção. Após sofrer uma terrível perda pessoal, ele vai a Jerusalém participar de um ciclo de conferências na ONU e é confrontado com uma pergunta surpreendente: Jesus sabia gerenciar a própria mente?
Ateu convicto, Marco Polo responde que ciência e religião não se misturam. No entanto, instigado pelo tema, decide analisar a inteligência de Cristo à luz das ciências humanas. Ele esperava encontrar um homem simplório, com poucos recursos emocionais. Mas ao mergulhar na inquietante biografia de Jesus presente no Livro de Lucas, suas crenças vão sendo pouco a pouco colocadas em xeque.
04 – Petrus Logus – O Guardião do Tempo
E quem disse que Augusto Cury não escreve obras ficcionais e ainda, distópicas?! Acreditem galera, o cara escreve, sim! Taí mais uma análise com a colaboração do Marcos, já que a exemplo de “O Homem Mais Inteligente da História”, também não cheguei a ler o livro. Hahahaha! Tô vendo que o Marcão vai começar cobrar royalties pela sua colaboração no blog.
Segundo o meu amigo devorador de livros, Cury também acertou a mão nessa obra ficcional, conseguindo prender a atenção do leitor do início ao fim com um enredo acelerado e algumas reviravoltas interessantes. O livro foi escrito para o nicho infanto-juvenis e por isso, a escrita é bem fluida.
A narrativa se passa em um futuro pós-Terceira Guerra Mundial, quando o cenário é de colapso dos recursos naturais. Nesse contexto, governantes decidem proibir livros e escolas como um meio de frear a disseminação do progresso e do mau uso da tecnologia, os supostos vilões. O protagonista é um príncipe questionador e defensor do conhecimento.
Há mais de quatro anos quando o autor lançou o seu livro, ele disse que “Petrus Logus – O Guardião do Tempo” seria um contraponto a Harry Potter, que usou uma varinha mágica para enfrentar seus problemas. No caso de Petrus, ele usa a inteligência para superar as graves perdas, crises, rejeições, calúnias, condenações injustas.
Livraço... segundo o Marcos, mas como confio em suas análises, endosso a sua opinião com relação a ‘Petrus’.
05- Análise da Inteligência de Cristo
Li os cinco livros que formam a coleção em apenas um mês. São espetaculares, quer você goste ou não de livros de autoajuda.
Augusto Cury que além de escritor é um conceituado psiquiatra promove em sua coletânea uma abordagem do lado psicológico e comportamental de Jesus com aplicação nas diversas áreas do conhecimento humano. Em outras palavras: ele analisa a mente de Jesus à partir das atitudes tomadas pelo Cristo durante a sua jornada de vida até o momento de sua crucificação.
"Análise da Inteligência de Cristo" é formada pelos livros: “O Mestre dos Mestres”, “O Mestre da Sensibilidade”, “O Mestre da Vida”, “O Mestre do Amor” e “O Mestre Inesquecível”. Eles nos proporcionam uma perspectiva filosófica e psicológica do comportamento de Jesus.
Após ter lido toda a coleção passei a admirar e respeitar ainda mais essa fera (com todo o respeito) chamada Jesus. Ele conseguiu liderar e modificar as atitudes de 12 pessoas complicadíssimas ou será que você acreditava que os 12 apóstolos de Cristo eram anjinhos? Vamos tomar Pedro, como um dos exemplos. Ele era impulsivo, impetuoso e vacilante, indo de um extremo a outro com a maior facilidade.  Certa ocasião  recusou que Jesus lavasse os seus pés, mas ao ouvir a resposta de seu Mestre, pediu, então,  para que o lavasse por inteiro.
Quanto a Tiago.... Olha... acho que Cristo teve trabalho. O sujeito era colérico, ficando arrebatado quando a sua indignação chegava ao auge. Estava sempre habituado a justificar-se e a desculpar-se da sua raiva sob o pretexto de que era uma manifestação de justa indignação. Resumindo: ele se desculpava, mas nunca admitia que a culpa era sua.
João? Era vaidoso e intolerante. Bartolomeu? Orgulhoso até a gota. Mateus? Materialista. Antes de conhecer Jesus, gostava de levar vantagens sobre as pessoas.  Quanto aos outros apóstolos? Seguiam a mesma toada.
E o que Jesus fez? Em sua natureza humana, conseguiu mudar o comportamento de todos esses homens, transformando-os em seres humanos de qualidades múltiplas, verdadeiros exemplos para todos nós.
Utilizando-se de uma minuciosa pesquisa, Cury procura explicar como Jesus conseguiu mudar o comportamento de seus apóstolos.
O autor investiga, também, as etapas do julgamento de Jesus diante das dramáticas situações de tortura e de humilhação experimentadas, ressaltando o fato de que, através de seu silêncio, Ele conseguiu gerar uma enorme perplexidade nas pessoas através de olhares e de pequenas frases.
Cara, Jesus teria tido todos os motivos para ter desenvolvido uma depressão ou ter sofrido de ansiedade. Porém, o autor busca explicar como que o Filho de Deus conseguiu ser uma pessoa alegre, livre e segura.
Uma grande leitura, sem dúvida.
Tá aí! Espero que os fãs de Augusto Cury tenham gostado das indicações.

17/04/2019

Eu Sou a Lenda

Capa do livro lançado pela Novo Século

Eu já havia lido “Eu Sou a Lenda” há alguns anos. Sabe aquela edição lançada pela Novo Século que tinha a capa do filme? Pois é, foi essa aí. Tenho o livro na minha estante e na época em que li acabei resenhando apenas os outros contos que completavam a obra. Quanto ao conto principal, não sei porque acabei deixando de lado. Grande falha minha. Digo isso porque “Eu Sou a Lenda”, de Richard Matheson é fantástico. Um verdadeiro livraço.
No carnaval desse ano tive um novo contato com a história escrita por Matheson quando um antigo amigo de universidade que eu não já via há muito tempo, me presenteou com um exemplar da coleção “Mestres do Horror e da Fantasia” da editora Francisco Alves lançado em 1981. Estava numa lanchonete em Bauru, quando o Marcos ao me ver, sacou “Eu Sou a Lenda” de uma mochila que carregava nas costas e me deu, dizendo que eu iria gostar. Foi isso. Simples, assim.
Como fazia muito tempo que eu já havia lido a história – bem antes da edição da Novo Século -  e não me lembrava de várias passagens, inclusive do final, decidi fazer uma releitura.

O livro é muito melhor do que o filme, e diferente também. No longa-metragem, o roteirista optou por substituir os vampiros das páginas por certas espécies de zumbis ou humanoide. Acho que essa decisão deixou a película meio esquisita. Aqueles bichos estranhos do filme são tão esquisitos que não chegam a assustar. Já no conto, a situação muda, pois a descrição dos vampiros, chega a incomodar os leitores. Aliás, o autor é mestre nisso.
Matheson conta a história de um homem chamado Robert Neville que vive cercado de vampiros querendo mata-lo. Isto aconteceu após um vírus letal ter assolado o mundo, transformando cada homem, mulher e criança do planeta em sanguessugas. Nesse cenário pós-apocalíptico, dominado por criaturas da noite sedentas de sangue, Robert Neville pode ser o último homem na Terra.
Capa da coleção "Mestres do Horror e da Fantasia
O enredo vai muito mais além daquele velho batidão “corre, se não os monstros te pegam”. O autor explora ao máximo o lado psicológico na trama. Imagine como você se sentiria sabendo ser o último ser humano vivo na face da terra? E para complicar, ainda cercado de criaturas com as quais você não pode manter nenhum tipo de interação social. Desesperador, não é mesmo?
Com enorme maestria, Matheson explora os medos e angústias do seu personagem nesse sentido. Em muitos trechos, o isolamento de Neville chega a ser claustrofóbico. Neste ponto da história, passamos a torcer, desesperadamente, para que o pobre homem encontre alguma pessoa do sexo feminino ou masculino para interagir, fazendo-lhe companhia.
Para não enlouquecer com a solidão, Neville começa estudar a fisiologia dos temidos vampiros, na esperança de encontrar uma fórmula  que reverta esse quadro dantesco.
Acho que se revelar mais detalhes sobre a trama, acabaria estragando-a com spoilers. Portanto, melhor controlar o meu ímpeto. Basta dizer que no final da trama, você irá entender o motivo do livro se chamar “Eu Sou a Lenda”.
Como já disse durante essa resenha, trata-se de um livraço que os amantes da ficção científica não podem perder de maneira alguma.
“Eu Sou a Lenda” é considerado um dos maiores clássicos do gênero, tendo sido adaptado para os cinemas três vezes (1964, 1971 e 2007). O livro foi escrito em 1954.
Valeu!

14/04/2019

Os seis melhores prólogos de livros que eu já li


Alguns leitores não gostam dos prólogos. Acham eles desnecessários, pura perda de tempo, pois além de funcionarem como spoilers disfarçados, ainda tomam espaço do desenvolvimento da trama. Pois é, muitos pensam dessa maneira, inclusive vários dos meus amigos. Já no meu caso, eu amo os prólogos. Para mim, eles são o charme das obras literárias, aguçando ainda mais a curiosidade dos leitores. Quem detesta esta técnica de escrita, certamente nunca leu um prólogo escrito por Sidney Sheldon. Ele fazia isso com muita maestria, mas também há outros que dominam essa técnica com perfeição.
No post de hoje, vou escrever sobre seis prólogos de livros que achei fantásticos. Eles serviram para aumentar ainda mais o meu apetite para devorar a história.

01 – O Reverso da Medalha (Sidney Sheldon)
Vamos começar com o escritor que eu ainda considero – mesmo após a sua morte – como o “Mestre dos Prólogos”. Sheldon abre “O Reverso da Medalha”, considerado por muitos como a sua obra máxima, de uma maneira melancólica. Nele vemos a personagem principal do romance, Kate Blackwell, no presente, com 90 anos, relembrando várias passagens importantes de sua vida, desde o seu tumultuado nascimento até a conquista de todo o seu império multimilionário, passando ainda por  dramas, aventuras e traições.
Kate está em sua mansão, onde promove uma grande festa, repleta de convidados. Cada rosto que vê, faz com que ela se recorde de um período de sua vida – bom ou ruim – que viveu ao lado daquela pessoa.
“Ela virou a cabeça e olhou para o homem que certa ocasião tentara matá-la. Os olhos de Kate se deslocaram além dele e foram-se fixar num vulto nas sombras, usando um véu para ocultar o rosto...  Kate abriu os olhos. A família entrara na sala. Ela fitou um a um. Minha família, pensou Kate. Minha imortalidade. Um assassino, uma caricatura e um psicótico. A vergonha dos Balckwell...”
Não me diga que após ler essas poucas linhas do início de “O Reverso da Medalha”, você não ficou morrendo de vontade de conhecer um pouco mais sobre esses personagens misteriosos, presentes na festa de Kate Blackwell?
Sem contar que além dos vivos, Kate ainda se recorda de outros personagens que já morreram, aumentando ainda mais a curiosidade do leitor com relação ao destino desses protagonistas. “Não me sinto com 90 anos, pensou Kate Blackwell. ‘Para onde foram todos os anos? Ela ficou observando os fantasmas que dançavam. Eles sabem. Estavam presentes. Foram uma parte desses anos, uma parte de minha vida. – Ela viu Banda, uma expressão radiante no rosto preto orgulhoso. Lá estava o seu David, o querido David...’
Enfim, um grande prólogo que não nos deixa com raiva por causa de spoilers, mas curiosos para sabermos o destino de determinados personagens.
02 – O Parque dos Dinossauros (Michael Crichton)
“...ela tateou o ferimento com a ponta do dedo. Se uma retroescavadeira o atingira, haveria terra entranhada na carne. Mas não encontrou nenhuma sujeira, apenas uma espécie de espuma pegajosa. E o ferimento emitia um odor estranho, como um cheiro de morte e podridão... Sentiu um arrepio ao olhar as mãos do rapaz, havia...”
Arghhhhhhh!!! Melhor parar por aqui e deixar o resto para aqueles que ainda não conhecem a história de MichaelCrichton.
O prólogo de “O Parque dos Dinossauros”, chamado “A Mordida do Raptor” já deixa o leitor com as orelhas em pé, além de preparar o seu espírito e porque não dizer, a sua coragem, para os sufocos que enfrentará a cada virada de página. Este início arrasador, escrito por Crichton, nos dá uma amostra dos personagens principais do romance: os velociraptores. Esta espécie de dinossauro é uma verdadeira máquina de matar. Além da sua ferocidade, a inteligência assustadoramente avançada, transformam essas feras que agem em grupo em seres assustadores.
Hoje, com a franquia dos filmes, todos estão familiarizados com as características dos velociraptores – conseguiram até mesmo domesticar um deles, assistam aos dois últimos filmes e constatem - mas na época em que li “O Parque dos Dinossauros”, em 2001, só tinha assistido aos dois primeiros filmes e os tais dinossauros ainda metiam muito medo. Portanto, o prólogo mexeu demais comigo.
03 – A Sombra do Vento (Carlos Ruiz Zafón)
O momento em que Daniel Sempere é levado pelo seu pai para conhecer o Cemitério dos Livros Esquecidos, em “A Sombra do Vento”, é um dos prólogos mais emocionantes da literatura mundial.
A aventura tem início quando no aniversário de seus 11 anos, Daniel acorda assustado e descobre que não consegue mais se lembrar do rosto da mãe já falecida. Para consolá-lo, seu pai – dono de um famoso sebo – leva-o até o Cemitério dos Livros Esquecidos”, uma biblioteca apara obras abandonadas pelo mundo à espera de que alguém as descubra.
Encorajado pelo pai, o pequeno Daniel é convidado a escolher um livro. Após percorrer os labirintos da misteriosa biblioteca, ele fica fascinado pelo romance “A Sombra do Vento”, de Julian Carax. A partir daí tem início a saga de Daniel, repleta de aventuras, romances, amizades, traições e personagens misteriosos.
Juro que me emocionei ao ler o prologo da obra de Zafón. Veja só essas poucas linhas narradas pelo próprio Daniel e depois me diga se é possível ficar impassível. “Meu pai ajoelhou-se ao meu lado e sustentando o olhar me disse, com essa voz delicada das promessas e confidências. – Este lugar é um mistério, Daniel, um santuário. Cada livro, cada volume que você vê, tem alma, A alma de quem o escreveu, e a alma dos que os leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos em suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece”.
Fantástico demais!!
04 – Sob a Redoma (Stephen King)
Apesar de muitos discordarem, o capítulo intitulado “O Avião e a Marmota” do best-seller “Sob a Redoma”, de Stephen King, pode ser considerado um prólogo. Em menos de duas páginas, o autor narra dois eventos distintos que marcam o surgimento da misteriosa redoma que isola do resto do mundo a pequena cidade de Chester’s Mill.
Sem citar diretamente que a cidade foi envolvida por uma redoma, King consegue transmitir essa informação ao leitor, através de duas pequenas narrativas: a de um casal que sobrevoa a cidade num pequeno avião, e também a de uma simples marmota.
Os acidentes simultâneos envolvendo a aeronave e a marmota provocados pela redoma são descritos com a marca do mestre do terror.
Este prologo serve para preparar o leitor para a montanha russa de emoções que irá rolar nas quase mil páginas do livro, um dos melhores já escritos por King.
05 – Anjos e Demônios (Dan Brown)
Dan Brown estava inspirado quando escreveu o prologo de “Anjos e Demônios”, porque em apenas meia página – isso mesmo, somente metade de uma página! – ele conseguiu deixar o leitor: curioso, aflito e com raiva.
Curioso para saber qual segredo o físico Leonardo Vetra está escondendo; aflito porque o cientista é torturado com crueldade; e finalmente, raiva do torturador de Vetra que quer a qualquer preço extrair o seu segredo.
“A lâmina adejou no ar. Precisa. Cirúrgica. – Pelo amor de Deus! – gritou Vetra”.
Um dos prólogos mais curtos que já li, mas também um dos mais completos.
06 - A Metade Sombria (Stephen King)
A introdução de “A Metade Sombria”, de Stephen King, choca. Caraca, e como choca! O personagem principal do romance Thad Beaumont, ainda criança, após ser diagnosticado com um tumor cerebral é obrigado a passar por uma intervenção cirúrgica. No momento em que o médico abre a cabeça do menino para extirpar o tumor e vê algo muuuiiito esquisito, o pânico e o terror tomam conta da enfermeira assistente que acompanha a cirurgia. O que vê é tão aterrador que ela sai enlouquecida do centro cirúrgico, gritando pelos corredores do hospital. Sintam só um trecho do prólogo: “A enfermeira-assistente viu primeiro. O grito dela foi agudo e chocante na sala de cirurgia, onde os únicos sons nos quinze minutos anteriores tinham sido as ordens murmuradas do dr. Pritchard, o sibilar do enorme aparelho de respiração assistida e o ruído breve e agudo da serra Negli. Ela (a enfermeira) cambaleou para trás, esbarrou em uma bandeja Ross de rodinhas na qual mais de vinte instrumentos tinham sido organizados e a derrubou... Ela fugiu com o uniforme verde esvoaçando.”
Galera, o prologo de “A Metade Sombria”, de fato, causa muito mal-estar e também calafrios. Não culpo o descontrole da enfermeira, pois o que ela viu... Bem leiam o prólogo, ou melhor, leiam o livro todo.
Por hoje é só. Inté!

11/04/2019

A Mulher Só


Hoje, na “flor’ dos meus 50 e poucos anos fico imaginando o que a minha saudosa mãe faria se me pegasse no flagra lendo os ‘pegas pra capar” do Harold Robbins. Naquela época, sempre que sobrava uma oportunidade ia sorrateiramente até o armário onde o meu irmão mais velho guardada os seus livros e enciclopédias e ‘filava’ um daqueles livrinhos do autor.
Gente, juro que não fazia isso por sacanagem, ou seja, por causa das capas, como posso dizer... Hummm... capas pesadas? Não. Sacanas, mesmo. Isto! Sacanas. Há mais de 40 anos, algumas editoras tinham o hábito de relançar as histórias de Robbins ou em edições de bolso ou em capa dura, através do Círculo do Livro. Cara, não importava qual das duas fossem: o layout era tenso, com um forte apelo sexual; e bota forte nisso!
Pois é, quando pegava os livros do Robbins, eu estava curioso pelo enredo e nem tanto pelo seu layout. Eu gostava dos personagens e das situações criadas pelo autor que conseguiam prender a minha atenção durante toda a leitura. Tanto é verdade que, anos depois, reli vários de seus livros. Mas é evidente que se minha mãe me apanhasse lendo uma obra com uma ‘capaça’ daquelas, jamais iria acreditar em mim.
Depois de alguns anos, quase saindo da adolescência, já que estava entrando na fase dos meus 18 anos, continuei lendo várias obras do autor. Neste período, já sem medo ser pego por mamãe, mas por outro lado, com um baita receio de ser apanhado pela namorada ciumenta e desconfiada que, ainda por cima, detestava ler, continuei devorando as histórias de Robbins.
Pois é, foi nessa época, perto do final dos anos 70, que tive contato com “A Mulher Só”. Peguei o livro na biblioteca e o devorei em poucos dias. Na minha opinião, trata-se de um dos melhores de Robbins, mas também um dos mais picantes como fica evidente na capa da edição relançada pela editora Círculo do Livro em 1978.
A personagem principal do romance, JeriLee que sonha se tornar uma escritora famosa não mede consequência para atingir o seu objetivo. Dessa maneira, ela abandona o marido, a sua cidade, os poucos colegas e até mesmo muitos de seus princípios morais e vai para a luta. Nesta sua nova jornada, ela acaba se prostituindo, além de se envolver com álcool, drogas e dormindo com quem quer que seja, até mesmo pessoas que ela julga desprezíveis, homens ou mulheres, para conseguir chegar onde quer.
Na realidade, o enredo mostra uma inversão de valores, pois o que JeriLee almeja é ser valorizada no meio artístico, no seu caso, dentro do contexto editorial. Mas fica a pergunta: “Será que para se tornar uma pessoa respeitada no mundo do Jet set, vale a pena passar por cima de muitos princípios que você julga moral?
Com certeza, aqueles que leram essa resenha até aqui, devem estar odiando a personagem criada por Robbins, mas acredito que vocês a verão com outros olhos após conhecer um pouco mais a sua infância e alguns percalços que ajudaram a moldar a sua personalidade. Então, quem sabe, quando JeriLee for em busca de sua redenção, você e outros leitores a vejam com outros olhos.
Redenção? Isto mesmo, redenção. Com o tempo, JeriLee acaba por perceber que a fama pode facilmente chegar ao fim, à exemplos das pessoas que se diziam amigas, mas desaparecem justamente quando mais se precisa delas.
Como a personagem irá lidar com tudo isso? Só lendo o livro.
Gostei muito.

07/04/2019

10 livros de contos de terror que não podem faltar em sua estante


Sempre fui fissurado pelos livros de contos de terror. Definitivamente, eles não podem faltar em minha estante. No meu caso, essas coletâneas são indispensáveis porque nem sempre tenho tempo para encarar uma obra do gênero com mais de 400 páginas. Então, nesses momentos, saco da prateleira um livro de contos e mando ver. Sempre falo para os meus amigos que os contos são romances com poucas páginas onde o autor deixa de lado um monte de descrições para ir direto ao que interessa, afinal, ele tem poucas páginas para contar a sua história.
No post de hoje, selecionei 10 coletâneas de terror que eu já li, gostei e aprovei. Vamos ao nosso toplist.
01 – Beijo (Roald Dahl)
Abro a nossa galeria com “Beijo” de Roald Dhal, lançado originalmente em 1960. Um dos motivos que me prendeu ao livro - não o soltando por nada – foi o caos intermitente presente das histórias, ou seja, você começa a ler e quando tudo parece seguir para um determinado caminho que o leitor espera; pronto; a história dá uma reviravolta que lhe deixa de queixo caído.
Ler os 11 contos de “Beijo” é como andar por uma estrada de madrugada, sem luar e na completa escuridão, não sabendo se o caminho que você segue lhe reserva uma curva, um buraco ou pedras. A surpresa sempre está presente, como no conto “Willian e Mary”, sobre uma mulher fumante que sempre é censurada pelo marido ao pegar um cigarro; até o dia em que ele morre e um amigo cientista opta por guardar o seu cérebro vivo em um pote. É a hora da reprimida viúva dar o troco.
Há outros contos deliciosos tendo sempre por base o humor e a surpresa, alguns recheados com muito terror, mas um terror sutil. Em “Geléia Real”, um bebê se recusa a amamentar e por isso os pais passam a alimentá-lo com a geléia que é o título do conto, um produto nutritivo de origem das abelhas que substitui o leite materno. Cara! O final é surpreendente!
Os outros nove contos que também misturam literatura fantástica com terror são fantásticos.
02 – Tripulação de esqueletos (Stephen King)
Na minha opinião, “Tripulação de Esqueletos” pode ser considerado o melhor livro de contos escritos por Stephen King. Um livraço!
Admito que não sou de ficar impressionado, por várias semanas, por causa de um conto de terror - dois ou três dias sim, não mais que isso – mas “Tripulação de Esqueletos” conseguiu quebrar esse paradigma particular. Fiquei muito impressionado com alguns contos do livro que provocaram aquele friozinho chato na espinha. O conto “Sobrevivente” foi um deles. Caraca, que história macabra. Brrrrr!! “O Nevoeiro” é outro clássico dessa coletânea que impressiona. A história, inclusive, foi adaptada para os cinemas e TV. “A Balsa” é outra pedrada na alma. Tremi na base com o drama de um grupo de jovens estudantes que ficam presos numa balsa abandonada no meio de um lago, cercados por um ser monstruoso, sempre na espreita, escondido embaixo da embarcação, esperando para devorar os banhistas.
O livro escrito em 1985 tem 22 contos, a maioria deles bem assustadores. A obra ficou esgotada nas livrarias por um bom tempo, mas agora já pode ser encontrada à preços normais.
03 – Sete ossos e uma maldição (Rosa Amanda Strausz)
Quatro dos dez contos escritos pela jornalista carioca Rosa Amanda Strausz já valem a compra de “Sete ossos e uma maldição”. “Crianças à venda. Tratar aqui”, “Dentes tão brancos”, “O fruto da figueira” e “Morte na estrada” – são verdadeiras obras primas do gênero terror. Eles arranham, machucam, enfim, deixam o leitor incomodado com aquele calafrio que começa na nuca e termina na base da espinha.
“Crianças à venda. Tratar aqui’ é fodástico. É um daqueles contos de terror  que provocam medo e mal estar. O final, então. Brrrrrrrrrrrr. Caraca, me coloquei no lugar da irmã do ‘Fabiojunio’ (é assim mesmo que escreve) e juro que quase borrei as calças. Strausz conta a história de uma mãe oportunista que, por viver na miséria, decide colocar à venda os seus filhos, em busca de melhoria de vida para as crianças, mas principalmente para ela. Cada um dos menores foi sendo comprado por famílias ricas até que sobrou somente um, o tal do ‘Fabiojunio’ que acabou vendido para um casal muito estranho. A irmã do garoto decide investigar mais a fundo os novos pais e descobre algo aterrorizante. Cara, esse conto foi fatal, arrepiou todos os cabelos do meu corpo, até mesmo os mais escondidos.
04 – Os melhores contos de H.P. Lovecraft (H.P. Lovecraft)
Trata-se de um livraço, mas desde que você o saiba ler. Explico melhor. H.P. Lovecraft é um autor inteiramente e visceralmente descritivo; diálogos, com certeza, não fazem parte do seu menu. Resultado: você vai ter pela frente um livro com 741 páginas todo descritivo e praticamente sem nenhuma interação direta entre os personagens, ou seja, sem aquele bate papo gostoso entre mocinhos, heróis e vilões, recheado de travessões ou aspas. Para não ser tão pessimista, talvez nos 19 contos do livro você consiga pescar dois ou três diálogos e só.
Por isso, o leitor não pode mergulhar de cabeça na leitura de “Os melhores contos de H.P. Lovecraft”, dedicando-se exclusivamente à sua leitura. Se agir dessa maneira, o livro acaba ficando cansativo. O ideal é mesclar a leitura desses contos com outras  obras menos descritivas escritos por autores diferentes. Aí sim, você aproveitará ao máximo a sua leitura.
As 19 histórias que fazem parte da publicação da editora Hedra, lançada em 2013, foram publicadas em ordem cronológica, seguindo as datas de seus lançamentos originais.
O leitor irá encontrar verdadeiras obras primas como: “O modelo de Pickman”, “A cor que caiu do céu”, “O caso de Charles DexterWard”, “O horror de Dunwich”, “Ar frio”, “Um sussurro nas trevas”, “O chamado de Cthulhu” e “A sombra de Innsmouth”.  Os personagens desses enredos foram meus companheiros durante várias noites. Achei a maioria deles sinistros e aterradores, fazendo jus ao estilo que consagrou Lovecraft.
05 – Visões da noite – Histórias de terror sarcástico (Ambrose Bierce)
Os 14 contos de "Visões da Noite – Histórias de terror sarcástico” escritos por Ambrose Bierce e organizados e traduzidos pela escritora e jornalista Heloísa Seixas são ótimos. Acredito que ela deva ter escolhido o melhor de do enigmático autor. Todas as 14 histórias são de qualidade e conseguem prender a atenção da galera com direito a arrepios e calafrios. E sabemos, que essa virtude é muito rara num livro de contos. Outro detalhe que achei interessante é que Seixas deu preferência para as antologias, que apesar de gelar a espinha do leitor, também apresentam um enredo ou final sarcástico com Bierce muitas vezes zombando ou rindo de situações tétricas e horripilantes. Isto explica o subtítulo da obra: “Histórias de terror sarcástico”.
Bierce é considerado um autor enigmático porque desapareceu da face da terra sem deixar rastros. Verdade! Aliás, o seu corpo nunca foi encontrado. Estranho, não?!
A impressão que temos após lermos os contos é que Bierce pregou uma enorme peça em nós, leitores, já que na maioria das histórias, os personagens somem sem deixar nenhum tipo de rastro. Acho que ele já estava tramando tudo, tudinho antes de sumir por esse mundão afora; coisa do tipo: “Quero só ver a cara deles quando acabarem de ler esse conto!”
06 – Eu sou a lenda (Richard Matheson)
Logo nos primórdios do blog, em 2011, escrevi um post específico sobre os dez contos que fazem parte do livro “Eu sou a lenda”, lançado pela Novo Século em 2007 (ver aqui). Apenas para os leitores interessados se situarem, essa obra que está esgotada nas livrarias, mas por enquanto pode ser encontrada nos sebos a preços módicos, traz na capa uma cena do filme protagonizado por Will Smith e Alice Braga em 2008. Tanto a história principal, “Eu sou a lenda” quanto os outros 10 contos que completam a obra são de autoria do gênio Richard Matheson que escreveu “A Casa Infernal” e “O Incrível homem que encolheu”, entre outros clássicos do terror e da ficção científica.
As histórias são ótimas e a impressão que tive é que estava assistindo um seriado do tipo “Além da Imaginação” ou “Galeria do Terror” que fizeram muito sucesso nos anos 60 e 70.
Os contos que mais me agradaram foram: “O Quase Defunto”, “Presa”, “Guerra de Bruxa”, “Dança dos Mortos”, “Casa Louca” e “O Funeral”. Tem ainda o conto de uma boneca assassina que Deus me livre! Assusta muito.
De todos os contos que fazem parte do livro “Eu sou a lenda”; “Casa Louca” foi aquele que achei mais perturbador. É a história de um homem com uma raiva incontrolável, melhor dizendo, uma fúria incontrolável, capaz até mesmo de se auto-mutilar. Uma ponta de lápis que se quebra ou um garfo que cai no chão já é o suficiente para desencadear um ataque de fúria no personagem. Matheson narra com uma perfeição impressionante como esse temperamento destrutivo vai influenciando todo o ambiente em que o pobre homem vive. O final é surpreendente.
Um grande livro de contos de terror. Com certeza não pode faltar em sua estante.
07 – Obras primas do conto fantástico (Vários autores)
Putz, as lendas urbanas da Junia e do Marquinhos ao redor de uma fogueira...  Putz! Que cagaço naquela noite escura há mais de 20 anos. Todos nós reunidos em torno de uma fogueira e contando ‘causos’. O assassino do gancho, o monstro devorador de gente que se escondia debaixo da cama... Putz, putz e mais putz! Se você não está entendendo nada dessas minhas divagações, leia esse post aqui.
Resumindo o mesmo medo e incômodo que senti naquela noite de muitos anos atrás, tive, novamente, ao ler a antologia de “Obras primas do conto fantástico”. No dia em que tive contato com as 27 histórias curtas de terror de feras como Edgar Allan Poe, Maupassant, H.G. Wells e pasmem Monteiro Lobato! Isso mesmo, Monteiro Lobato, escrevendo histórias de terror, entre outros; foi como se tivesse entrado numa máquina do tempo e voltado há aproximadamente duas décadas naquele acampamento, à noite, com os meus amigos, sentados ao lado de uma fogueira, ouvindo aquelas historinhas macabras.
Não que a coletânea de contos, brilhantemente organizada por Jacob Penteado, traga apenas em seu contexto lendas urbanas; há histórias de terror de todos os tipos, do gótico ao fantástico, passando por seres fantasmagóricos. Ocorre que as histórias metem medo, de fato, podendo ser consideradas verdadeiras obras primas do gênero, fazendo jus ao título do livro.
Cara, e já que falei de Monteiro Lobato no início desse texto, o conto “Bugio moqueado”... ecaaa! Juro que o meu estômago revirou, caraca! O que é aquilo?!! Imaginei-me no lugar daquele convidado infeliz sentado na mesa de uma cozinha e... bem melhor deixar pra lá.
Um livro incrível e que mete muito medo.
08 – Contos de horror do século XIX (vários autores)
"Contos de horror fantásticos do século XIX" é outra antologia de terror que recomendo, tanto é verdade que de tempos em tempos lá estou eu, retirando o livro da minha estante e relendo alguns contos. Os enredos são ótimos e conseguem segurar os leitores que adoram sentir aquele friozinho na espinha.
O cenário onde acontecem as histórias são dos mais variados; desde igrejas em ruínas, subsolos pútridos, jardins abandonados, espelhos encantados à criaturas invisíveis.
Logo na introdução da obra, o organizador da coletânea, Alberto Manguel dá detalhes de como foi criado o gênero terror, além de uma explicação do que vem a ser terror e horror. Ele ainda nos brinda com informações sobre o conto e o autor, além da época em foi escrito. Dessa forma, cada hitória tem uma introdução detalhando o mesmo.
Manguel editou uma dúzia de antologias de contos sobre temas que vão do fantástico à literatura erótica. Autor de livros de ficção e não-ficção, também contribui regularmente para jornais e revistas do mundo inteiro. Uma curiosidade interessante é que cada conto tem um tradutor diferente. E que tradutores! De Rubem Fonseca a Moacyr Scliar; preciso dizer mais? Cara, tem até um conto de horror de Eça de Queiróz!
Com certeza, aqueles que apreciam uma boa história de terror irão adorar.
09 – Incrível! Fantástico! Extraordinário! Outros casos verídicos de terror e assombração (Almirante)
Comprei as histórias narradas pelo Almirante e não me arrependi. Elas são incríveis, fantásticas e extraordinárias e bem ao estilo cultural do povo brasileiro, ou seja, nada de ficção científica misturada com terror; shows de lobisomens e vampiros; monstros estelares; feiticeiros que voam; enfim, nada de americanismos. Os contos de "Incrível! Fantástico! Extraordinário! Outros casos verídicos de terror e assombração" são de assombração mesmo! E assombrações brasileiríssimas. Pessoas que morrem e voltam para assombrar a turma terrena ou então simples animais que fogem dos padrões comuns - alicerçados apenas em seus instintos - e passam a agir como se tivessem consciência, como os casos de um urubu que após ter sido cruelmente castigado por um fazendeiro decide voltar para se vingar e uma pomba que toma uma atitude sobre-humana durante o enterro de uma mulher. Cara, os contos do Almirante são fóda! Oops! Me empolguei (rs).
Apesar do livro ser uma miscelânea de histórias de assombração, há algumas poucas exceções sobrenaturais como por exemplo em “Três Gotas de Sangue”, onde um cara após invocar o diabo por brincadeira acaba tendo uma terrível surpresa ou ainda, “O Castigo” em que um grupo de pessoas acaba recebendo uma visita inesperada e indesejada após zombarem dos sacramentos da Igreja. Mas a maioria dos 44 contos é, de fato, sobre  assombrações.
Mas vocês devem estar se perguntando: - “Quem é esse tal Almirante?” Bem galera, vamos lá. Para início de conversa, Almirante era apenas o apelido desse radialista. O seu nome verdadeiro era Henrique Foreis Domingues. Em 1947, ele iniciou um programa totalmente inédito no rádio brasileiro: o “Incrível! Fantástico! Extraordinário!”, que se propunha relatar todo tipo de experiências inexplicáveis ocorridas com pessoas das mais diversas partes do país. Para isso, Almirante se muniu de uma equipe que cuidava de verificar (às vezes até mesmo indo até o lugar em que o fenômeno teria ocorrido) a verdade do relato. Cartas eram checadas, nomes completos exigidos e testemunhas solicitadas. Daí o encanto do programa que fazia famílias inteiras se reunirem em torno do rádio para ouvir os “causos” levados ao ar pela Rádio Tupi.
Na realidade, os contos do livro é um resumo das histórias que o Almirante narrava em seu programa de rádio.
10 – Sombras da Noite (Stephen King)
Ok, me desculpem, mas tenho que repetir um autor nessa toplist, afinal ele é considerado o mestre do terror. Considero “Sombras da Noite” no mesmo patamar de “Tripulação de Esqueletos. As duas coletâneas são “The Best”.
Galera, King brinda os seus leitores com 20 histórias de terror incríveis, daquelas que ficam gravadas na memória.
“Sombras da Noite”, simplesmente, não tem contos decepcionantes, todos eles satisfazem a nossa vontade meio que masoquista – convenhamos – de sentir medo e calafrios numa noite escura, abandonados em nossos lares. Ok, prá você não ficar pensando que estou sendo exageradamente otimista, vou dizer que dos 20 contos, achei apenas dois medianos, mas mesmo assim, não desagradam.
Para que vocês tenham uma idéia da qualidade da obra, basta citar que dos 20 contos, nove deles foram adaptados para o cinema: “O Ressalto” e “Ex-Fumantes Ltda, que fizeram parte do filme “Olhos de Gato” (1985), de 1985;  “As Vezes Eles Voltam (1991), A Criatura do Cemitério (1990); O Passageiro do Futuro” (1992); Colheita Maldita (1984), adaptação do conto “As Crianças do Milharal”; Mangler – O Grito de Terror (1995); “Campo de Batalha” (na minissérie Nightmares & Dreamscapes – 2006) e Trucks – Comboio do Terror (1997).
Beleza? Portanto, podem adquiri-lo sem receios. Os arrepios e calafrios estarão garantidos.
Galera, por hoje é só.

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