Mais do que a revelação do nome do ‘assassino do parque’ que acontece nas páginas finais. Mais do que os trechos macabros que envolvem gargantas cortadas e até um pedaço de nariz dependurado no rosto. Mais do que tudo isso junto e misturado, “Joyland” oferece aos seus leitores algo muito melhor e que torna a leitura surpreendentemente prazerosa: os relacionamentos entre os personagens descritos de maneira envolvente por Stephen King. Usei acima, o termo “surpreendentemente” prazerosa porque King é o mestre do terror e suspense e por isso, o obvio seria ‘fisgar’ a atenção dos seus leitores por meio desses artifícios, mas em “Joyland” acontece o inverso. O clima de terror no enredo é mínimo e o de suspense, apenas meia boca, melhorando um pouquinho no final. Mas por outro lado, a interação entre os personagens é divinamente fantástica e provoca uma onde nostalgia e tristeza nos leitores. A história tem vários momentos que mexem com a gente, nos deixando melancólicos, tristes, emocionados, enfim, uma verdadeira miscelânea de sentimentos em suas 239 páginas.
A publicação americana Entertainmet Weekly definiu muito bem o enredo “Joyland”: “arrasadoramente triste”. Mas isso não significa que por ser “arrasadoramente triste” o romance seja ruim ou depressivo. Não. E para provar isso recorro a outras duas definições dadas pelos jornais americanos USA Today e The Washington Post que dizem: “intenso e cativante” e “emocionante... imensamente atraente”, respectivamente.
Cara, no que diz respeito a sentimentos, o livro é fodástico. Tudo bem que da maneira como estou escrevendo esse post, a impressão que fica é de que o livro de King se pareça mais com uma melosa história de amor do que um terror ou suspense. Nada a ver a galera. Estou me referindo a um tipo diferente de sentimento, muito distante dos dramalhões de “Love Story” ou “Como Eu Era Antes de Você”, ambos, inclusive, muito bons. O que estou querendo ou tentando dizer é que a narrativa é sobre amizade, a verdadeira amizade. King, de maneira mágica, descreve como ocorrem as etapas para se formar esse vínculo: o início, o meio e o fim. O autor mostra que a verdadeira amizade nunca termina, mas muitas vezes o distanciamento - provocado por determinadas situações que fogem do nosso controle – faz com que os verdadeiros amigos acabem se separando, pelo menos fisicamente.
É impossível ficar imune ao sentimento de amizade entre Devin Jones, Erin Cook e Tom Kennedy, os quais eu apelidei carinhosamente de “Os Três Mosqueteiros”. A interação do leitor com esses três personagens é visceral. No meu caso, tive a oportunidade de viver ‘ao lado’ deles momentos alegres e inesquecíveis no Parque de Diversões Joyland e também momentos muito tristes, entre os quais, a separação dos três por força do destino.
“Joyland” não resume apenas a interação entre esses três personagens. Temos ainda o relacionamento conflituoso entre Devin Jones e Annie Ross, a filha rebelde de um famoso pastor com programas no rádio e TV. No início a aversão entre os dois é recíproca, mas depois essa convivência reserva verdadeiras surpresas para o leitor e posso garantir: surpresas emocionantes. Ross é mãe de um garotinho chamado Mike que tem o dom de falar com fantasmas e por isso, prever o futuro. Ele sofre de uma doença incurável e sabe que já está com os seus dias contados. King descreve de forma cativante como vai se formando o elo de amizade entre esses três personagens. Conflituosa no início – principalmente entre Devin e Annie - e deliciosamente verdadeira no final.
Com relação ao núcleo de personagens que trabalham no Joyland temos Lane Hardy; Fred Dean; Rosalind Gold, uma cigana misteriosa e sua bola de cristal; Bradly Easterbrook, o ativo velhinho com quase 90 anos que é o dono do parque; Eddie, um funcionário rabugendo e mau caráter que deixará o leitor surpreso, com uma atitude inesperada que tomará no final; além do fantasma de Linda Gray , que foi uma das vítimas do assassino do parque.
Enfim, “Joyland” é isso. Um livro com relacionamentos marcantes e personagens viscerais. Reviravoltas, surpresas, terror e suspense? É claro que existem, afinal estamos falando de um livro de Stephen King, mas eles funcionam apenas como pano de fundo, meros coadjuvantes.
“Joyland” é narrado em primeira pessoa por Devin Jones que relembra os acontecimentos que ele viveu em 1973 quando começou um trabalho temporário num parque de diversões, esperando esquecer a namorada que partiu o seu coração. Mas é outra garota que acaba mudando o seu mundo para sempre: a vítima de um serial killer.
Linda Gray foi morta no parque Joyland há anos, e diz a lenda que seu espírito ainda assombra o trem fantasma. Não demora para que Devin embarque em sua própria investigação, tentando juntar as pontas soltas do caso.
Beleza galera?
Ótima leitura e curtam bem os personagens e seus momentos.
Inté!
7 comentários
Bela análise. Gostei muito do livro. King é gênio.
ResponderExcluirThank's!
ResponderExcluirDe fato, o livro e King são fantásticos!
Abcs!
Comecei a ler Joyland e decidi vir aqui dar uma espiada na resenha. Li apenas o início do livro, mas estou achando bem parado... espero que o enredo melhore rsrs
ResponderExcluirComo vai a recuperação, Jam? Pelo nível do conteúdo das postagens, deve estar firme e forte!
Olá Tex,
ExcluirKing optou por aprofundar mais no relacionamento entre os personagens. É uma obra onde vemos muitos conflitos, provas de amizade, traições, etc. Tudo envolvendo relacionamentos. Talvez por isso, Joyland se arraste um pouquinho, mas trata-se de um bom livro.
Quanto a minha recuperação continuo subindo os "degraus pós-cirurgícos". Escrevendo cada postagem sentado num travesseiro (rssss)
Abcs!!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirE aí Jam?
ResponderExcluirAo terminar de ler “Joyland” pensei em te perguntar se você já tinha lido, mas claro que logo cheguei à conclusão, que lógico, você já tinha lido. Por isso procurei a postagem aqui e me surpreendi, quantas postagens sobre ele você fez. Mas a surpresa parou por ali, porque afinal o livro merece, né!
Sempre que eu entrava em sites de vendas de livros e procurava King, me deparava com aquela capa que me chamava atenção (rapaz, adoro a capa desse livro) e pensava: uma hora vou comprar. E este ano comprei, meio as escuras, comprei por ser King, pela capa, e dele só conhecia a sinopse do site de vendas. E que bela surpresa. A história é linda!
Na minha humilde opinião não recomendo que alguém que nunca tenha lido King, comece por “Joyland”. Afinal o que se espera do autor é terror e suspense (como você mesmo ressaltou no seu post) e nesse livro isso está mais como pano de fundo. Mesmo assim não sei se alguém se decepcionaria com o livro, porque ele simplesmente te agarra logo nas primeiras páginas e é uma viagem maravilhosa e nostálgica que te desperta os mais variados sentimentos. Juro que quase chorei em dois momentos. Acho que a jogada de sucesso do livro foi contar a história em primeira pessoa com ele relatando fatos e acontecimentos de uma parte de sua juventude.
Penso que talvez o livro toque mais fundo quem viveu aquela época retratada no livro – eu tinha três anos em 1973 ( ano em que a história se passa) – não vou lembrar de 73, mas afinal vivi minha infância nos anos 70 e claro que lembro da aura daquela década.
E os personagens? Parece que realmente existem. A gente ri e sofre com eles. Lê o livro sentindo vontade de conhecê-los, conviver com eles. E não é só com os principais, até os secundários. Tô até com saudades deles, he, he. Coisa doida né! É a magia King.
Com certeza na minha lista de melhores livros que li.
Ah, parece que uma série estava em andamento adaptando o livro. Espero que consigam fazer alguma coisa a altura.
Abração
Ata
Olá grande amigo Atas!
ExcluirQue bom vê-lo por aqui, novamente.
Joyland é um livraço do ator e como você bem disse, tem momentos que mexem com os nossos sentimentos.
Já havia escrito no blog que a interação entre os personagens é divinamente fantástica; e de fato é!Essa interação - que King faz com maestria - provoca uma onde nostalgia e tristeza nos leitores. A história tem vários momentos que mexem com a gente, nos deixando melancólicos, tristes, emocionados, enfim, uma verdadeira miscelânea de sentimentos em suas 239 páginas.
Também gostei muito do livro.
Grande abraço, amigo!