Sinhá Moça

15/02/2018
A luta pela abolição da escravidão sempre geraram ótimos romances. Alguns críticos, outros açucarados. Independente do tipo de abordagem contextual feito pelo autor, a maioria dessas obras se tornaram grandes bestsellers. Taí “A Cabana do Pai Tomás” e “A Escrava Isaura” que não me deixam mentir. Ambos a sua maneira – o primeiro bem profundo e o segundo explorando o romantismo – conquistaram a preferência dos mais exigentes leitores.
Sempre gostei dos livros sobre esse tema. Não quero saber se a obra é um simples romance ou se faz uma abordagem mais técnica. O que me interessa é um enredo que prenda a minha atenção.
“Sinhá Moça” de Maria Dezonne Pacheco Fernandes com a sua trama simples, mas muito bem escrita conseguiu me conquistar.
Não entendo o porquê da obra de Maria Dezonne ter recebido tantas críticas de leitores aficionados ao tema. Se estas pessoas quisessem se aprofundar no estudo do regime escravocrata e também nos ideais abolicionistas que procurassem livros técnicos ou com uma ‘veia’ mais crítica.
Na minha opinião, “Sinhá-Moça”, à exemplo de “A Escrava Isaura”, são livros fantásticos, mas desde que você os leia como romance, nada mais que isso.
Sinhá-Moça foi publicado em 1950 e ambienta-se no período do Segundo Reinado, apresentando tanto os costumes rurais dessa época como a realidade em que viviam os escravos negros nas fazendas de café.
A autora conta a história de amor de Sinhá-Moça - filha do coronel Ferreira, homem inflexível, escravocrata e muito maldoso com os seus escravos e do  jovem Dr. Rodolfo Fontes, advogado recém-chegado da capital onde fora estudar, um ativo militante abolicionista e republicano. O curioso é que o livro bebe na fonte de “O Zorro”, já que Rodolfo usa uma máscara quando entra em ação para libertar os escravos, cortejando Sinhá-Moça sem que ela saiba ser este mascarado seu amado.
O enredo tem personagens que despertam todos os tipos de sentimentos no leitor, desde empatia ao desprezo, passando ainda pelo ódio. Vamos lá: temos o delegado covarde, o administrador cruel, o médico humanitário e o herói. Mas o personagem mais forte da obra é o escravo Justino que desperta sentimentos  dúbios no leitor que vão da raiva ao respeito. O final reservado para o personagem emociona, de fato.
Gostei da obra de Maria Dezonne porque a li como romance e dentro desse gênero, sem dúvida, merece o nosso respeito. Acho que devorei as suas pouco mais de 230 páginas em menos de dois dias.
E para os críticos mais severos o que eu posso dizer é que se o livro fosse tão fraco, jamais teria sido adaptado para o cinema em 1953 e para a TV em 1986.

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